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RETROSPECTIVA ESQUERDA DIÁRIO
2015 foi um ano de luta na educação
Mauro Sala
Campinas
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Esse foi um ano movimentado para os professores e estudantes das escolas públicas brasileiras. 2015, que se iniciou com cortes bilionários no orçamento da educação, se transformou num ano de lutas que, certamente, ficarão na história do país e nas lembranças daqueles que nelas se engajaram.

Mesmo sob o lema “Brasil, pátria educadora”, o governo federal não poupou a educação pública de seu “ajuste”, com corte de bilhões de reais que atingiu desde a educação básica até as universidades. Um ano que começou marcado pelos ataques contra a escola pública se transformou num ano de intensa luta em sua defesa.

Podemos lembrar a imensa onda de greves de professores que marcou profundamente o primeiro semestre e que atingiu vários estados do país. Num giro rápido, podemos lembrar as importantes greves no Paraná, São Paulo, Ceará, Pernambuco, Santa Catarina, Pará, além das cidades de Curitiba, Goiânia, Macapá e no Distrito Federal.

Essa onda de greves, e a imobilidade da CUT e da CNTE para unificarem-nas, demostrou que as políticas dos diversos governos estaduais seguem as linhas gerais da política da “pátria educadora” do PT. Daí as entidades governistas se imobilizarem diante das lutas e agirem deliberadamente contra sua unificação num grande movimento nacional em defesa da educação pública. Em 2015, defender a escola pública também significava derrotar a política de ajustes do governo federal, justamente o que as entidades governistas não podiam fazer.

Mas não foi somente nas redes estaduais de educação básica que os ajustes – e a resposta à eles – se deu. Também as universidades sofreram com os cortes de verbas e com as políticas de ajuste do governo federal. Também nelas os trabalhadores se mobilizaram e buscaram dar uma resposta contra os cortes de verba, quando 50 das cerca de 60 universidades federais vivenciaram algum nível de greve, seja de docentes, funcionários, estudantes ou de trabalhadores das terceirizadas.

Mas certamente o grande acontecimento do ano foi protagonizado pelos estudantes da educação básica do estado de São Paulo e agora de Goiás.

As ocupações das escolas em São Paulo contra o projeto de reorganização escolar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) representou um ressurgir do movimento secundarista paulista. Com cerca de 200 escolas ocupadas por estudantes, o governo Alckmin teve que recuar e postergar a implementação de sua reorganização.

Movidas pela pauta imediata contra o fechamento de suas escolas, essas ocupações puderam ir muito além dela, questionando a própria política para a educação pública e apontando caminhos para a organização e a vitória; o boicote ao SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento do Estado de São Paulo) e organização do comando de escolas mobilizadas o demonstram.

Diferentemente da greve dos professores dirigida por uma entidade claramente afinada com o governo federal, essas ocupações tinham grande independência de todos os governos: se tinham como inimigo imediato o governo estadual do tucanato e seu plano de reorganização escolar, também não tinham nenhuma ilusão quanto ao governo federal e sua natimorta “pátria educadora”.

Elas puderam varrer a burocracia estudantil (com suas entidades fortemente atrelada ao governo federal) dizendo em alto e bom tom que elas “não as representam”, fomentando assim uma forma de organização a partir dos processos reais de luta que se espalhava por todo Estado. Isso foi fundamental para que esses estudantes pudessem triunfar.

Além de algumas ocupações que se mantém no estado de São Paulo, agora presenciamos uma outra importante luta impulsionada pelos estudantes secundaristas de Goiás. Já são mais de 24 escolas ocupadas contra o projeto proposto pelo governo de Marconi Perillo (PSDB) de entregar a gestão das escolas estaduais para a iniciativa privada.

Um ano de tanta luta na educação transborda as escolas e o calendário letivo. Que venha 2016!

 
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