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MUNDO OPERÁRIO
"Fico dez horas dentro da fábrica e mesmo assim preciso fazer bico para fechar as contas"
Redação

Publicamos abaixo denúncia recebida de trabalhador que nos mostra a situação de exploração, salários baixíssimos pagos pela indústria e suas dificuldades para sustentar a família, providenciando alimentação decente e moradia.

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“Fico dez horas dentro da fábrica, numa multinacional, saio de casa às cinco da manhã, recebo o pagamento e me sobra 100 reais; no sábado e no domingo eu consigo tirar mais do que eu tiro aqui, só com esse salário não da pra viver não, se não fosse “os bico”, eu estaria perdido”

Em denúncia trabalhador coloca a necessidade de estar atuando em outras atividades, sem vínculos empregatícios, para conseguir manter sua sobrevivência e de sua família.

“Inclusive já me machuquei nos bicos que tive que fazer fora do trabalho, porque as condições são bem mais zoadas e tem o cansaço também, né? A gente trabalha seis dias na semana em uma fábrica e ainda faz bico, não tem peão que aguente não”

Com o valor da moradia, alimento e insumos em geral subindo cada vez mais, o trabalhador nos dias de hoje é obrigado a recorrer a outros meios de renda para que em soma ao salário que recebe consiga sobreviver em meio a crise, crise essa que não foi ele quem criou.
Seguindo adiante, percebemos que, em meio a crise do novo coronavírus, diversos trabalhadores acabam entrando em ritmos exaustivos de trabalho para manter os insumos para o dia a dia que, e que por consequência, acabam sendo expostos a todos os riscos que a pandemia oferece, assim como se acidentar ou na pior das hipóteses vir a óbito em busca de sobreviver.

“Ainda bem que os condomínios estão voltando a ter manutenções, já estava ficando difícil só ter a renda daqui, querendo ou não, sempre tem um chamado pra manutenção no final de semana, não é sempre que tem chamados, mas como consegui pegar alguns trampos em outros condominios, sempre fico à disposição de me chamarem, se não fosse isso eu não conseguiria pagar as contas da casa e ter uma sobra pra ao menos comer alguma coisa melhor no final de semana”

Condomínios de vários lugares da grande São Paulo, contam com trabalhadores autônomos, para realizar as manutenções preventivas e corretivas necessárias na estrutura, como o trabalhador citou, sendo fruto da reforma trabalhista, esse tipo de atividade que o trabalhador acaba recorrendo, se encaixa, no trabalho intermitente, onde nesse regime de trabalho ou esporádico, empresas podem admitir/contratar trabalhadores para exercer atividades de maneira eventual ou ocasionalmente, o trabalhador ao recorrer a esse tipo de trabalho, acaba intercalando os períodos de atividade com os de inatividade, tendo em vista que no trabalho intermitente, não se determina necessariamente o prazo de contrato, já que o vínculo vai existir pelo tempo que for necessário para a conclusão do serviço, além disso, não é determinado a duração da jornada de trabalho diária, há apenas a obrigatoriedade de respeitar os limites legais, que vale lembrar que a legislação trabalhista determina o limiete de 8 horas diárias de trabalho, salvo em exceções previstas por lei, e 44 horas semanais, mas será que há respeito em relação às horas trabalhadas?

“Mas é pauleira, tem sábado e domingo que eu e os outros pegamos condomínios que a gente fica o dia inteiro; porque quando a gente pega a manutenção tem um prazo pra entregar o serviço e os caras cobram”

Frente a citação do trabalhador, fica claro que, para conseguir ter condições básicas no dia a dia, é necessário se colocar em ritmos e pressões de trabalhos diferentes para seguir existindo, em meio a uma pandemia que leva milhares de trabalhadores ao desemprego, não cabe ao trabalhador outra escolha a não ser se agarrar a um trabalho precário e se jogar nos bicos, nos trabalhos intermitentes, nos trabalhos temporários, nas entregas de aplicativo, no transporte de pessoas com a uberização, enfim, com todo processo de reforma trabalhista, da previdência, às MP’s de Bolsonaro e governadores, o trabalhador caminha a passos largos para o abismo, abismo esse repleto de locais de trabalho precários, rebaixamento de salário, dupla jornada de trabalho e acidentes de trabalho.

Enquanto os trabalhadores entregam suas vidas nas fábricas, precisando fazer bico para conseguir sustentar suas famílias, os empresários, magnatas e bilionários vivem uma vida cercada de privilégios e regalias. Não deveria ser assim, olhando do ponto de vista de unir as forças dos trabalhadores, poderíamos ter uma outra sociedade, uma sociedade que possibilitasse mais tempo para termos lazer, tempo de estar com filhos, amigos e familiares, ter segurança no trabalho, poder se alimentar bem junto aos seus, mas para que isso seja possível, precisamos ir para o enfrentamento com os patrões e para que possamos enfrentar os patrões, precisamos unificar nossas forças dentro de cada fábrica, unir diferentes empresas terceirizadas, unir terceirizados e efetivos, fazer com que os Sindicatos apareçam e se unam nessa luta, não seguindo em demagogias, aparecendo uma vez ou outra, mantendo os conchavos com as patronais, precisamos de uma saída independente, gerida por trabalhadores, não por patrões, precisamos organizar nossas bases e em uma só classe lutar pela revolução socialista, que nos possibilite uma vida plena, longe da miséria capitalista.

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