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METRÔ
O que está em jogo na greve do dia 12 no Metrô de SP, e 6 propostas para ela vencer
Fernanda Peluci
Diretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe
Rodrigo Tufão
diretor do sindicato das Metroviárias e Metroviários de SP e do Movimento Nossa Classe

Depois de mais de um ano de pandemia, Doria corta o número de funcionários de um metrô lotado através de demissões, e os direitos dos metroviários que se arriscam trabalhando com mais de mil contaminados e dezenas de mortos. Enquanto isso, dá mais de R$1 bilhão para os empresários das linhas privadas, só no último mês. Os metroviários estão mostrando grande disposição de luta. É preciso democratizar as assembleias, para que os trabalhadores possam decidir os rumos da luta, levá-la até o fim e barrar esses ataques.

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Foto: divulgação Sindicato dos Metroviários de SP

Desde o ano passado, Doria e o Metrô estão tratando a pandemia como uma oportunidade, tentando “passar a boiada” de medidas de precarização e privatização que já anunciavam anteriormente, usando o pretexto da crise. A população todos os dias é posta em risco em um transporte lotado, com cada vez menos funcionários, menos segurança sanitária. E parte dessa precarização é a retirada de direitos das trabalhadoras e trabalhadores do Metrô. Em 2020, governo e empresa tentaram acabar com o Acordo Coletivo, mas a forte greve metroviária impediu. Desde então avançaram com a retirada de direitos contra uma parte da categoria de cada vez, com a privatização de linhas, e com a terceirização, como nas bilheterias de dezenas de estações e na manutenção, dando fortunas para empresas que impõem aos terceirizados salários e condições de trabalho muito piores para fazer o mesmo trabalho que os efetivos, sem sequer receber máscaras e os mesmos EPIs, como se suas vidas valessem menos. Com isso querem também dividir a organização e mobilização da categoria. 

Este mês, empresa e governo enviaram uma carta de despejo, determinando que o sindicato deixe o terreno onde construiu sua sede há décadas, atacando o direito de organização dos trabalhadores e mostrando que quer avançar contra a organização sindical. Ao mesmo tempo, novamente anunciaram basicamente o mesmo ataque ao Acordo Coletivo. Retirar os direitos de trabalhadores que estão na linha de frente desde o início da pandemia, batalhando em um serviço essencial, enquanto já tiveram mais de mil afastamentos de trabalhadores por contaminação ou suspeita de Covid, e 25 companheiros de trabalho mortos. A categoria respondeu com uma forte mobilização e a aprovação de uma greve para o dia 12, e frente a isso agora o metrô apresentou uma nova proposta, mas ainda cortando direitos como adicional noturno, adicional de férias, gratificação por tempo de serviço, e querendo impôr mais arrocho salarial que já dura mais de 2 anos, e um novo calote da PR, um adicional que é pago anualmente. Apresentamos aqui 6 propostas para ajudar essa luta a vencer.

1 - Manter e ampliar a mobilização pela base! Dia 12 é greve!

A apresentação dessa nova proposta pelo metrô só mostra o reconhecimento da força da mobilização das trabalhadoras e trabalhadores, e que podemos conquistar apoio para a luta contra a retirada de direitos de quem está na linha de frente durante toda a pandemia, e mostrar que enquanto a população enfrenta a lotação do metrô, Doria está dando bilhões para os empresários das linhas privadas, e cortando o número de trens e funcionários, e os nossos direitos. Ou seja, isso só mostra que temos a força pra vencer. Por isso, mais que nunca é hora de fortalecer nossas medidas de mobilização, rejeitar essa proposta, fazer um grande ato no dia 11, e construir com tudo a greve a partir do dia 12!

2 - Democratizar as assembleias para fortalecer a unidade e a luta! Um chamado à esquerda

Nossa categoria será muito mais forte se os trabalhadores na base tiverem protagonismo na decisão dos rumos das nossas lutas. Por isso, o sindicato não pode restringir a participação das e dos trabalhadores a clicar "sim" ou "não" para o que a diretoria do sindicato diz - ou melhor, uma parte da diretoria do sindicato. A base dos trabalhadores precisa poder falar e colocar propostas e decidir sobre como levar a nossa luta até a vitória. É o que viemos defendendo há tempos.. A última assembleia mostrou que a maioria das e dos metroviários defende isso, com 60% dos votos a favor da abertura de falas. Ainda assim, a votação foi feita de maneira a dividir esses votos, e foi aprovada a proposta burocrática da CTB/CUT, de não permitir que os trabalhadores falem nem façam propostas na assembleia. Por isso, fazemos um chamado a toda a esquerda a debatermos para chegar juntos a uma proposta comum, para defendermos em unidade na próxima assembleia, e que expresse a vontade da maioria da nossa categoria que quer assembleias mais democráticas. Chamamos a unidade da esquerda nessa batalha anti-burocrática, contra o modelo que afasta e restringe a participação dos trabalhadores, defendido pela CUT/CTB da Chapa 1.

3 - Que nossa contra-proposta seja: cortar os supersalários da gerência e os subsídios das empresas das linhas privadas, e dar subsídio ao metrô estatal para garantir transporte mais seguro e todos os direitos dos trabalhadores!

O Metrô alega que está tendo prejuízo pela redução de passageiros. Mas o governo, que não subsidia o metrô estatal, dá subsídios bilionários para os empresários das linhas privadas. Faz contratos em que se compromete garantir seus lucros em casos como redução de passageiros, ou atraso nas obras que o estado banca, para os empresários lucrarem. Só no último mês deu mais de R$1 bilhão para a CCR que administra a Linha Quatro. Na semana seguinte a CCR pagou menos do que isso pela compra de mais duas linhas da CPTM! Um escândalo! Enquanto isso, Doria precariza o metrô estatal, cortando direitos dos trabalhadores. Só não corta os supersalários de uma casta de gerentes escolhidos para a direção do metrô, que recebem o mesmo que cerca de dois mil metroviários que ganham o piso salarial da categoria para fazer o metrô funcionar. O metrô diz que quer uma contra-propostas dos trabalhadores, essa é a nossa!

4 - Defender com a mobilização nossa sede é defender nosso direito de organização sindical!

A tentativa de Doria e do metrô de despejar nosso sindicato da sede que construiu há décadas tem como objetivo atacar nossa organização sindical, nossa organização com a qual defendemos o transporte público e conquistamos todos os nossos direitos. Não podemos aceitar que seja usado como moeda de troca, mas precisamos defender esse direito através da mobilização, e chamando todas as entidades e organizações democráticas a se somar a essa defesa, com uma forte campanha!

5 - Unidade com a população que sofre com o transporte lotado e a crise!

É preciso mostrar a toda a população que a retirada de direitos dos metroviários é parte da precarização do metrô e do transporte público, assim como a redução de funcionários, a falta de contratação, e a redução do número de trens, que ficam cada vez mais lotados. E também é parte do processo de retirada de direitos que não só Doria, mas também Bolsonaro, o congresso, o STF e o conjunto dos patrões estão impondo a todos os trabalhadores no país, para descarregar a crise em nossas costas. Ou seja, temos que mostrar a mentira do discurso de Doria, que quer convencer a população de que os metroviários estão defendendo privilégios, tomando para nós a luta pelas demandas da nossa classe e do povo pobre que mais sofre com a crise. Parte disso é a defesa de vacina já para toda a população, com a quebra das patentes e intervenção estatal nos laboratórios, e a defesa de contratação para reduzir a lotação dos transportes, junto à efetivação de todos os terceirizados ao quadro de efetivos. No dia 11 teremos um ato de rua que o sindicato precisa construir com a participação de toda a categoria, levantando essas bandeiras!

6 - Unificar as lutas! Chega de paralisia das centrais sindicais! Por um comitê unificado dos transportes!

Um dos três sindicatos da CPTM tem indicativo de greve para o dia 13. Nosso sindicato precisa chamar a unificação das greve. A direção da UGT vem adiando a luta e não faz sequer assembleias. Por isso propomos chamar, a partir do nosso sindicato, um comitê de luta unificado dos trabalhadores dos transportes, com representantes eleitos nas bases, para construir essa unidade, e servir como ponto de apoio para a auto-organização dos trabalhadores contra as burocracias sindicais.Um comitê assim também seria base para a unificação com entregadores e trabalhadores precários. Mais em geral, precisamos unificar todas as lutas de resistência contra ataques que estão isoladas pelo país. O que as centrais sindicais - a começar pela CUT e CTB, que formam a Chapa 1, majoritária em nosso sindicato - estão deixando acontecer, enquanto esperam 2022, e as demissões e ataques passam. Se apoiam e fortalecem a divisão da nossa classe, a ideia, muito útil não só para Doria, mas Bolsonaro, os patrões e todo o regime político, de que cada categoria deve lutar só pelos seus direitos. Assim, lutando separados, podem derrotar cada luta, e dizer que categorias como a nossa só querem defender seus próprios privilégios. Ao contrário, temos que lutar batalhando pela unidade da nossa classe, para termos mais força para não só barrar esse ataque, mas impor que sejam os capitalistas que paguem pela crise!

 
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