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LUTA DE CLASSES
Os ares latinos de luta: façamos como os colombianos, façamos tremer Bolsonaro e golpistas
Rafael Barros
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Foto: REUTERS/Carlos Jasso

Milhares de mortes por Covid pelo descaso de governos. Desemprego, trabalhos precários, fome, miséria. Pacotes de ajustes, reformas e diversos ataques contra a população. São apenas algumas das semelhanças entre Colômbia e Brasil, para além de seus presidentes aliados da extrema-direita, Ivan Duque e Jair Bolsonaro.

Os protestos de massa na Colômbia expressam, assim como foi no Chile em 2019/2020, e no Paraguai recentemente, os ares de descontentamento profundo dos trabalhadores e da juventude, e que se concretizam em grandes rebeliões contra seus governos e seus pacotes de ajustes em plena pandemia.

André Barbieri analisou aqui, o medo gerado em Bolsonaro e ao regime brasileiro com as explosões de lutas de classe na América Latina. A revolta que obrigou o regime chileno a ter de colocar de pé uma Constituinte (ainda que muito tutelada e controlada pelo regime), assim como agora a luta que fez Duque recuar com sua reforma tributária que atacava a população, fez não apenas Bolsonaro mas todos os golpistas puxar as rédeas em 2019, na velocidade de seus planos de ajustes, pelo medo da burguesia nacional de que o Brasil também se contagiasse com a luta dos trabalhadores.

Isso por que essas lutas expressam muito mais do que apenas o descontentamento com um ataque. Na Colômbia, por exemplo, a taxa de pobreza já atingiu os 42% neste 2021.Quase 3,6 milhões de colombianos caíram abaixo da linha de pobreza no ano passado, como resultado da pior recessão econômica dos últimos 120 anos. O desemprego atinge marcas de 20,2% nacionalmente, com cerca de 29% de desemprego entre jovens. São lutas contra as consequências de anos de neoliberalismo despejado nas costas de jovens e trabalhadores, agravados de forma ainda mais aguda com a pandemia. Um cenário incrivelmente similar ao brasileiro.

Bolsonaro teve mais êxito em seus ajustes e ataques que seus aliados nos países vizinhos, também pela "ajuda" que tem, das burocracias traídoras nos sindicatos ao redor do país. Antes de seu Governo, a aprovação do Teto de Gastos, da Reforma Trabalhista e da Lei da Terceirização irrestrita no Governo Temer abriram o caminho. Bolsonaro colocou de pé a Reforma da Previdência, elevou privilégios dos militares, que assumiram, desde 2018, uma posição cada vez mais politizada e decisiva na política nacional, como vemos hoje. Durante a pandemia, garantiu ataques contra os direitos trabalhistas, com suas MPs, e os avanços na aplicação da Reforma Trabalhista em boa parte do país. Isso sem mencionar outro ponto comum, da violência policial, vivenciada na pele na chacina do Jacarézinho.

Os contextos mostram as gritantes semelhanças. Que deixam no ar o medo de Bolsonaro, de todo o regime golpista, e da burguesia brasileira nele representada. Um medo de que os ares da luta de classes possam sobrar também no Brasil, e que a frase de um dos manifestantes colombianos ganhe força aqui também. “Se um povo protesta e marcha em meio a uma pandemia, é porque seu governo é mais perigoso que o vírus”, era o que dizia o cartaz de um manifestante na Colômbia.

Qualquer luta de massas como estas, iria se chocar com as burocracias sindicais e de movimentos sociais, como por exemplo as da CUT e da CTB, principais centrais sindicais do país, dirigidas por PT e PCdoB, que cumprem o contrário do papel que um sindicato deveria, e servem de trava para o desenvolvimento de lutas dos trabalhadores que possam desatar a revolta contida dos brasileiros. Isso porque cumprem um papel para a política petista, de garantir que quaisquer descontentamentos sejam canalizados apenas eleitoralmente, mas por fora de conduzir para um enfrentamento de morte não apenas Bolsonaro, mas o Congresso, o STF e todos os governadores, golpistas, e também seus projetos de ajustes e o regime do golpe. Estão dispostos a conviver pacificamente com golpistas que hoje se dizem opositores de Bolsonaro, e também com suas medidas de cortes, privatização e precarização do trabalho. Por isso é preciso exigir das centrais que rompam esta paralisia, para colocar de pé um verdadeiro plano de lutas, que organize os trabalhadores em suas categorias, para se enfrentar com Bolsonaro e os golpistas. E batalhar para que a esquerda bote de pé um polo-antiburocrático, que batalhe, frente à essas burocracias, para a organização dos trabalhadores de forma independente de qualquer ator político do regime.

Por isso também podemos aprender dos processos de luta na América Latina, e batalhar por uma resposta que aponte o caminho da classe trabalhadora na luta contra Bolsonaro, e todo o regime. Hoje, isso poderia se materializar na batalha por uma Assembleia Constituinte, imposta com base na luta organizada dos trabalhadores, mulheres, negros e jovens. Que fosse Livre e Soberana, sem a tutela da casta golpista de Congresso, ou do STF, e de qualquer outro poder do regime, e pudesse por abaixo não apenas o Governo Bolsonaro, mas toda a obra golpista de reformas, ajustes, e a política sanitária que nos conduziu ao caos em que estamos hoje, tanto a negacionista de Bolsonaro, quanto à demagógica de Doria e outros governadores. O caminho precisa ser o da luta de classes, como mostram nossos irmãos sul-americanos, e precisa ser da luta pela independência dos trabalhadores.

 
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