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JUSTIÇA POR JACAREZINHO
Justiça por Jacarezinho: abaixo a polícia e o autoritarismo de Bolsonaro, Mourão e golpismo
Cássia Silva

Na última quinta (6), o Rio de Janeiro e todo o Brasil foi marcado brutalmente pelo massacre da chacina do Jacarezinho, realizado através de uma operação policial. A polícia está mais autorizada pelo governo genocida, explicitamente racista e negacionista de Bolsonaro e ele não está sozinho, junto a ele está todo o regime do golpe de 2016. Para impor justiça por Jacarezinho, abaixo a polícia e todo o autoritarismo, confiando somente nas forças dos trabalhadores, dos negros e dos movimentos sociais de conjunto.

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Foto: Valter Campanato/Ag. Brasil

Uma operação policial na favela do Jacarezinho deixou 29 mortos, pelos números da Polícia Civil, ainda que os moradores relatem a realidade de que podem ter mais dezenas. Bolsonaro, com seu histórico ligado às milícias, em postagem nas suas redes sociais, fez declaração asquerosa sobre a chacina, dizendo: “Ao tratar como vítimas traficantes que roubam, matam e destroem famílias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo. É uma grave ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro!”. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também posicionou a escória, postando nas redes sociais um vídeo das armas apreendidas pela polícia e chamou de “vagabundo” quem “defende assassino”.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou na sexta (7) que os mortos na comunidade do Jacarezinho eram "todos bandidos": “É um problema da cidade do Rio de Janeiro que já levou várias vezes as Forças Armadas a serem chamadas para intervir, é um problema sério do Rio de Janeiro que nós vamos ter que resolver um dia ou outro”, disse o general, fazendo alusão à intervenção federal com o exército na rua, que teve início ainda no governo golpista de Temer em 2018 e foi o contexto em que Marielle Franco foi brutalmente executada.

Do lado de Bolsonaro e Mourão estão militares, está o Judiciário racista e golpista, que sequestrou milhões de votos em 2018, através da biometria e da proscrição de Lula. A farsa desse Judiciário racista se demonstra em manter 34% dos presos sem julgamento e também no fato de que a operação no Jacarezinho ocorreu em meio à pandemia e inclusive na vigência da ADPF 635 do STF, que impediria que as operações policiais ocorressem sem justificativa legal nas favelas, mas nitidamente essas operações nunca deixaram de acontecer. Essa é a prioridade dos governos em meio à pandemia: assassinar a juventude e classe trabalhadora negra e periférica, enquanto milhares morrem de covid nos hospitais lotados e sem UTIs, passam fome e estão no desemprego.

E é num cenário em que o autoritarismo está sendo fortemente avalizado que esse massacre ocorre. É em meio à utilização da Lei de Segurança Nacional (LSN) de 1983, vigente desde a ditadura militar, por Bolsonaro para perseguir seus opositores, dando um salto de mais de 70 inquéritos abertos, contra a esquerda, como a intimação da Polícia Federal a Guilherme Boulos, a jovens que se posicionam contra um fato que é seu negacionismo na pandemia, dizendo o básico nas redes sociais: “Bolsonaro Genocida”. Um dos mais recentes e gritantes é o caso de Rodrigo Pilha, que foi preso no Distrito Federal simplesmente por levantar faixa contra Bolsonaro, e foi torturado na prisão. Por isso, é necessário revogar integralmente a LSN e retirar imediatamente todos os inquéritos, e não como propõe demagogicamente a Câmara de Arthur Lira (PP), que quer manter os principais pontos repressivos.

Veja mais: Precisamos lutar pela liberdade imediata de Rodrigo Pilha

Não podemos confiar em nenhum setor desse regime golpista, do qual Bolsonaro é herdeiro, porque eles são responsáveis pelas mortes por covid, e, assim como toda e qualquer polícia, pelas balas. Exemplo disso é a que veio o atual governador Cláudio Castro (PSC), fruto do impeachment de Witzel e aliado de Bolsonaro, que assume a responsabilidade de seu antecessor de "mirar na cabecinha". Não podemos aceitar essa situação de barbárie cotidiana, ampliada sob a condução da extrema direita no governo federal e no estado e que ainda por cima é justificada e defendida pela própria polícia. Ou mesmo como disse o prefeito carioca Eduardo Paes (DEM) - que enquanto as mães de Jacarezinho choravam seus mortos, estava em roda de samba sem máscara -, que disse em fevereiro que pretendia armar ainda mais a Guarda Municipal do Rio de Janeiro.

Por isso, é necessário batalhar pelo fim da polícia, que mata com armas, balas, e violência de todo tipo, como o revoltante assassinato de George Floyd, morto sufocado com o joelho de Derek Chauvin no pescoço. É necessário o fim dos tribunais militares, que livram os policiais de punição pelos assassinatos racistas, o fim de seus privilégios, para que sejam julgados por júri popular.

É nas ruas, retomando os levantes do Black Lives Matter que obrigou a justiça racista dos EUA a condenar o assassino de George Floyd, que vamos impor justiça a cada um dos mortos, partindo das manifestações no Jacarezinho, na Avenida Paulista, de centenas. E é por isso que as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, e a União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, e cada sindicato de trabalhadores desse país, deve organizar os trabalhadores, maioria de mulheres e de negros, em cada local de trabalho, em cada local de estudos, para fortalecer o chamado para as manifestações no dia 13 de maio. Fazemos um chamado a toda a esquerda e movimentos sociais, para que o ódio expresso nos atos que estão ocorrendo possa ser organizado e servir como uma ferramenta, um combustível, para exigir justiça e avançar nas demandas urgentes do povo negros e dos trabalhadores desse país. Impor, através de um polo antiburocrático, que as centrais deixem sua paralisia, que é parte da política do PT, como vemos com os acenos de Lula aos militares e perdão aos golpistas para se eleger em 2022, e mesmo com a realização de abertura de inquéritos da LSN em seus anos de governo e a manutenção de 800 mil presos sem julgamento.

Não serão saídas institucionais, como o impeachment de Bolsonaro, que já tantas vezes foi e vai ser engavetado, porque o objetivo é mais desgastar o governo do que realmente depô-lo, que responderão as nossas angústias, até porque, em seu lugar estará aquele Mourão, o general que comemora o golpe de 64, que despreza a chacina de Jacarezinho. À sua maneira, a tragédia da política do impeachment pode ser vista no Rio de Janeiro, no Jacarezinho e nos números de mortes pela polícia de Castro, este chega ao cargo fruto de um impeachment de Witzel, assim como a política a nível nacional, leva Mourão a presidência.

Abaixo a polícia e abaixo todo o autoritarismo! Fora Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas! Através da mobilização defendemos a batalha por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que revogue todas as leis reacionárias implementadas pelo golpe, bem como revogue todos os entulhos da ditadura. Rumo à luta por um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

 
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