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A cúpula do clima e a incapacidade do capitalismo de resolver a questão ambiental
Gabriel Girão

O presidente Joe Biden convoca mais uma conferência para tratar dos assuntos climáticos, a Cúpula dos Líderes pelo Clima, que começou ontem. Mais uma vez, os presidentes das grandes potências capitalistas se juntam para mostrar hipocritamente sua preocupação ambiental e fazer mais promessas e acordos que não serão cumpridos.

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Um dos grandes marcos de quando o mundo capitalista começou a discutir a questão ambiental foi a Conferência de Estocolmo, em 1972. Ali se aprovou a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que pela primeira vez reconhece um ambiente de qualidade como direito humano.

Com 50 anos de atraso, visto que os soviéticos já discutiam essa questão na década de 20, os capitalistas reconhecem que o seu modo de produção leva à calamidades ambientais (e irá levar a calamidades ainda piores). Conforme esse tema ia se tornado de massas e inclusive tendo mobilizações sobre essa questão, os principais políticos capitalistas iam agregando essa questão à sua agenda. Com isso, em 1997 protocolo de Kyoto, em que vários países se comprometeram em reduzir suas emissões de efeito estufa. Os EUA, para remarcar sua posição de líder imperialista global, não assinou o acordo. Expirado em 2012, o acordo foi um rotundo fracasso, com as emissões de gases aumentando a nível global no período citado. Não podia ser diferente, afinal, o capitalismo é incapaz de resolver a questão ambiental.

[Ver também:Por que a destruição ambiental é inerente ao capitalismo?

Ante o fracasso do protocolo de Kyoto, a questão ambiental se tornou um problema cada vez mais grave, o que acarretou em mobilizações cada vez maiores, com cada vez mais coletivos ambientalistas surgindo. Nesse cenário, é assinado o acordo de Paris. Com metas mais audazes que seu antecessor, dessa vez os EUA resolvem entrar como signatários.

No entanto, o cenário politico global tinha sofrido fortes baques. Com a crise econômica de 2008, generalizou-se crises políticas a nível internacional, ocorrendo o cenário que denominamos “crise orgânica”, o que permitiu o ascenso da extrema direita em vários países. Dentre várias características, uma delas é o negacionismo na questão ambiental.

Dois dos principais expoentes dessa extrema direita são Donald Trump e Jair Bolsonaro. O primeiro, assume a frente da principal potência global em 2016 e retira a mesma do acordo de Paris em 2017. No entanto, seu governo marca um declínio ainda maior da hegemonia norte-americana, o ascenso da China como “competidora estratégica” e um enorme rechaço às suas pautas de extrema direita, que acaba por também deslegitimar o sistema política americano de conjunto, processo amplificado pela pandemia e pelo movimento Black Lives Matter. Nesse cenário, e com o objetivo de relegitimar o sistema político norte americano, tentar reerguer a hegemonia mundial do império e deter a China, é que Joe Biden se elege.

No seu discurso, Biden tenta se contrapor ao negacionismo climático e científico de seu antecessor. Nesse sentido, faz os EUA retornarem ao acordo de Paris e diz que pretende tornar os Estados Unidos uma liderança na questão ambiental. Com isso convocaram uma Cúpula de Líderes sobre o Clima, marcada para ontem e hoje. No entanto, qual o cenário real que nos encontramos?

Os anos de 2015 a 2019 foram os anos mais quentes da história recente. O nível do mar atingiu seu maior valor em 2019 desde que começou a ser medido (indicando maior degelo das calotas polares). Em 2018 a emissão de gases do efeito estuda bateu ecorde. Ou seja, tudo indica que o Acordo de Paris não deve ser cumprido, assim como o Protocolo de Kyoto.

O papel ridículo nessa cúpula ficou com o Brasil. Nosso jumento presidencial – responsável pelo aumento recorde do desmatamento e das emissões de gases estuda -fez um discurso cheio de mentiras e absurdos para tentar conseguir recursos. Alguns dos principais liderem apresentaram planos supostamente ambiciosos para reduzir as emissões, incluindo investimentos milionários. O anfitrião do evento, Joe Biden, prometeu reduzir as emissões dos EUA em 50% até 2030, além de dobrar o investimento na questão ambiental em relação à gestão Obama.

No entanto, o recente histórico de não cumprimento das metas e acordos nos leva a crer que tais promessas não passarão de palavras ao vento. Vale dizer que apesar do discurso contra os combustíveis fósseis, o presidente americano não pretende nem mesmo banir o Fracking, técnica super poluente da extração de petróleo. A cereja do bolo foi o mandatário afirmar que os ridículos anúncios de Bolsonaro são “encorajadores”. De quebra, vale dizer que o presidente americano aproveitou para alfinetar seu rival a China, cobrando que este diminua suas emissões de gases. Longe de qualquer preocupação ambiental, o líder do império pretende apenas usar o pretexto ambiental para reafirmar a hegemonia americana frente a seu principal concorrente. Ainda que a China seja a principal emissora de gases estufa hoje, se formos analisar proporcionalmente à sua população os EUA ainda se encontram muito na frente. Dessa forma, termina a cúpula do clima e começa a se delinear o que ocorrerá na COP26 em novembro, onde mais uma vez veremos toda a hipocrisia dos líderes das grandes potências capitalistas, com suas lágrimas de crocodilo lamentando que as metas traçadas anteriormente dificilmente serão cumpridas e prometendo novas metas que não vão cumprir.

Como já afirmamos o capitalismo é incapaz de resolver os problemas ambientais. Todas essas cúpulas, reuniões, acordos etc, só tem como objetivo tentar desviar as mobilizações para essa falsa solução. Desde já, é necessário que a esquerda revolucionária e anticapitalista denunciem essas farsas, assim como todos os políticos capitalistas que falsamente tentam se postular como “defensores do meio ambiente” e lutem contra todas as tentativas de cooptações das mobilizações e dos movimentos contra as mudanças climáticas, batalhando em seu interior por uma orientação anticapitalista e revolucionária.

 
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