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DIA DE LUTA DOS POVOS INDÍGENAS
Pablito: "O dia de luta dos povos indígenas é marcado contra Bolsonaro, golpismo e a crise"
Redação

Nesse 19 de abril de 2021, Dia de Luta dos Povos Indígenas, falamos com Marcello Pablito, fundador do Quilombo Vermelho e trabalhador da Universidade de São Paulo.

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Marcello Pablito: Hoje é um dia de luta dos povos indígenas. Desde a colonização, até os desdobramentos do golpe institucional de 2016, os indígenas não tiveram um dia de paz. E a gente, negros, trabalhadores, tem que estar ombro a ombro em defesa de nossas terras, por vacina pra todos, contra Bolsonaro, o agronegócio e o golpismo.

Em março, Bolsonaro publicou um decreto que ignora órgãos ambientais pra acelerar aprovação de projetos de mineração e criou um Comitê Interministerial formado por cinco de seus ministros. Eles querem decidir o futuro da nossa floresta e das nossas riquezas, sem que os povos originários, cientistas, especialistas, movimentos sociais, representantes de entidades sindicais e estudantis possam opinar. Em novembro do ano passado, a Agência Nacional de Mineração, a mando do Bolsonaro, aprovou cerca de 58 requerimentos de pesquisa ou lavra de minério em terras indígenas. Mesmo a atividade sendo proibida, Bolsonaro não poupa esforços pra beneficiar mineradoras estrangeiras, que visam apenas o lucro e causam devastação ambiental por onde passam.

Esse aval para as mineradoras está combinado com as queimadas que devastaram a Amazônia e o Pantanal, assim como outros lugares de preservação, como a Chapada Diamantina na Bahia e o Parque Boca da Mata no Rio Grande do Norte. Nesses lugares, as populações nativas e indígenas tão em luta constante contra a devastação de Bolsonaro, dos fazendeiros, do agronegócio e do imperialismo. E Bolsonaro não tá sozinho, a gente tem que lutar contra o vice-presidente general Hamilton Mourão também, um militar que atrai investidores nacionais ou internacionais pra explorar a biodiversidade da Amazônia e ano passado falou que o desmatamento "foi menos pior".

E com Bolsonaro e Mourão está Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, protegido pelo presidente na reforma ministerial. Salles tá a frente de reduzir fiscalização ambiental pra passar a boiada. Sob a direção de Bolsonaro e Ricardo Salles, o Brasil ficou disparado no topo do ranking de desmatamento de florestas tropicais.

E no ano passado, o golpe institucional mostrou a que veio pra população indígena. O STF tinha em suas mãos o julgamento do Marco Temporal, medida que deriva de um processo de reintegração de posse de terras indígenas.

E não só. Isso acontece em um contexto em lá em dezembro do ano passado os dados de mortes indígenas por covid no Brasil já contrastavam com os dados do governo. Lá, já eram 894, segundo relatório da Apib. Muitas delas foram registradas no Amazonas, estado que escancarou com a maior perversidade a irracionalidade capitalista dos empresários e seus representantes no governo, desde Bolsonaro, até os militares e governadores, deixando que centenas morressem sem oxigênio. E é o estado com a maior concentração de aldeados.

Em fevereiro, apenas cerca de 164 mil indígenas aldeados em todo o Brasil receberam a primeira dose da vacina, dos mais de 430 mil que já deveriam ter recebido segundo o plano. Na região da Amazônia, 71% ainda não tinham. No estado de Roraima, apenas 5% dos indígenas tinham sido vacinados, segundo o Ministério da Saúde.

Esses dados mostram a situação da vacinação no país. Nem mesmo os grupos definidos como prioritários não tão tendo acesso às vacinas, e em diversas cidades os estoques estão zerados. É fundamental a luta por vacina para todos, como parte de um plano que enfrente verdadeiramente a pandemia.

Por isso, nós do Esquerda Diário, nos colocamos lado a lado dos povos indígenas pela urgente demarcação de terras. Bolsonaro, militares, o agronegócio, os governadores e todo o golpismo são responsáveis. Esse 19 de Abril está marcado pela necessidade da luta por terras demarcadas e restituídas, contra o avanço do agronegócio. Os sindicatos e entidades estudantis, como os dirigidos pela CUT, CTB e UNE (dirigidas pelo PT e PCdoB) devem incorporar realmente essa reivindicação, para impor a arrancada de direitos indígenas, assim como os parlamentares do PSOL, colocando sua audiência conquistada à serviço desse urgente combate.

Somente confiando em nossas forças unificadas pode haver uma resposta de fato à degradação capitalista que os governos representam. O agronegócio precisa ser expropriado por um reforma agrária radical, para acabar de uma vez por todas com o avanço sobre as terras indígenas fruto da sede de lucro dos barões do meio ambiente. Por isso a gente precisa também de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para que o povo possa decidir os rumos do país.

 
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