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POR UMA NOVA CONSTITUINTE
Bolsonaro ou Mourão? Mudar os jogadores ou as regras do jogo?
Taciana Garcia

Diante a crise sanitária, econômica e politica que passa o Brasil, responsabilidade das politicas assassinas dos governos, Bolsonaro e governadores, já ultrapassamos os 350 mil mortos por COVID-19, em sua maioria trabalhadores e negros. Como saída para a crise, diversas organizações de esquerda defendem o impeachment, mas colocar Mourão no lugar de Bolsonaro resolveria a crise? Como diz o dito popular: “é trocar 6 por meia dúzia”.

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A crise se aprofunda e a ingerência capitalista nas mãos de Bolsonaro e dos governadores com suas medidas insuficientes, já levou o país a ter mais de 4 mil mortes diárias e de registrar uma média móvel de mais de 3 mil mortes. Além de tudo isso, Bolsonaro deu carta branca para que empresários pudessem demitir funcionários durante a pandemia sem quaisquer direitos, atacou de forma brutal os trabalhadores. A saúde pública que vinha a níveis enormes de precarização desde os golpe institucional e a PEC do teto de gastos, se vê colapsada e sem estrutura alguma para atender a demanda.

Diante dos diversos escândalos que têm surgido os atores do regime do golpe institucional, tentam se colocar como competentes em relação a Bolsonaro. Exemplo disso foi a instauração da CPI do COVID, pelo presidente do senado, Rodrigo Pacheco (DEM) em aliança com o STF para investigar os “crimes” que Bolsonaro cometeu durante a gestão da pandemia. O mesmo STF que apoiou todas as reformas, que de forma arbitrária manipula o jogo do regime, como por exemplo com o golpe institucional de 2016, ou com a arbitrária prisão de Lula. Vale lembrar também que Rodrigo Pacheco pertence ao DEM, partido que ajudou a aprovar todas as medidas e reformas do governo Bolsonaro e que aumentaram muito a carestia de vida da classe trabalhadora, políticas que levam hoje amais de 50% da população viver em situação de insegurança alimentar.

Nem Pacheco e nem o STF estão interessados em reverter todos os ataques que foram aplicados, mas sim de se localizar nesse jogo do regime do golpe, com uma cara mais “consciente”, para continuar passando mais e mais ataques, e de certa forma conter a revolta das massas trabalhadoras diante da miséria.

Uma enorme Frente Ampla se desenha em oposição a Bolsonaro e um novo pedido de impeachment se coloca unificando PSOL, PCdoB, UP, também o PT ou partidos diretamente burgueses como o PSDB, PSB, REDE, PV e DEM. Essa saída coloca o judiciário golpista como sujeito de dar cabo de toda a situação, além de colocar o reacionário Mourão na presidência do país. Tudo isso demonstra a insuficiência de uma esquerda que esquece que são os trabalhadores que podem dar uma saída para toda essa situação, e preferem que o sujeito da transformação seja um general reacionário e saudosista da ditadura militar.

Essa saída além de não questionar os ataques e reformas aprofundados com o golpe institucional, troca os jogadores, mas mantém o jogo. Não questiona a exploração e segue direcionando a conta da crise aos trabalhadores.

Tanto o centro quanto Bolsonaro estão profundamente interessados em manter as obras econômicas do golpe institucional, e Mourão não está por fora desse regime. O general sempre esteve lado a lado com Bolsonaro aplicando com braço de ferro e legitimando todos os ataques. Exemplos disso é sua ferrenha atuação para beneficiar latifundiários. Não esqueçamos que Mourão fez de tudo para beneficiar os seus amigos gigantes do agronegócio, retirando recursos do IBAMA em plenas queimadas e paralisando as atividades. Mourão também quebrou o contrato com a empresa que fazia o rastreamento das imagens via satélite, para que não se houvesse imagem da devastação que abriria espaço para a expansão do grande latifúndio dentro das reservas e terras indígenas. Isso custou a vida de milhares de espécies e devastou terras indígenas.

Na última semana, Mourão propôs reeditar a reforma da previdência, um enorme ataque aos trabalhadores, que veem cada vez mais longe a possibilidade de se aposentar, aprofundando mais ainda esse ataque para descarregar de forma mais intensa a crise econômica gerada pelos capitalistas nas costas da classe trabalhadora brasileira.

Não é Mourão, nem Bolsonaro, nem o centro e muito menos essa esquerda adaptada ao regime e sem independência de classe que vão nos salvar em meio a esse momento, e sim a força da classe trabalhadora organizada.

Diante da democracia burguesa o jogo eleitoral se coloca como única saída, para “mudanças”, o sufrágio universal como direito mais elementar no regime, o mesmo sufrágio universal que foi diretamente atacado por esses mesmos partidos da ordem em conchavo com o STF, que manipulou as eleições de 2018 e com a pressão das forças armadas manteve a arbitrária prisão de Lula, o que levou a eleição não só de Bolsonaro mas também de Mourão. Se apoiar nisso nos coloca a questão, sempre mudamos os jogadores, mas não as regras do jogo. O que poderia mudar as regras nesse regime?

Uma assembleia constituinte tem o poder de questionar todos os ataques, pode mudar essa regras, quando imposta pela luta garantir representantes da classe trabalhadora que batalhe por posições independentes e que diante da crise vise a vida e não os lucros. Que imponha o não pagamento da dívida pública, uma verdadeira fraude que tira 1 trilhão de reais dos cofres do estado anualmente, dinheiro esse que poderia estar salvando vidas ao invés de inflar ainda mais o bolso do imperialismo.

Para que isso seja possível é necessário que as grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB quebrem sua passividade, que tem como objetivo eleger Lula em 2022 enquanto nossa classe morre todos os dias nas mãos desse governo genocida. É necessário que saiam de suas eternas quarentenas e organizam assembleias de base, online, ou presenciais com todos os protocolos de segurança, para que se retire um grande plano de lutas que consiga unificar os trabalhadores em suas mobilizações, por mínimas condições de vida, mas também para ir por mais, impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que mude as regras do jogo. Também se faz necessário que organizações de esquerda conformem um polo anti burocrático para organizar pela base os setores mais à esquerda dos trabalhadores para lutar contra suas burocracias. Somente os trabalhadores podem dar uma saída para toda essa situação, não as instituições responsáveis pela precarização das nossas vidas.

Parte disso é fortalecer e construir desde a base a paralisação dos transportes prevista para o dia 20/04, unificar as categorias de trabalhadores contra Bolsonaro, Mourão e todo o regime do golpe institucional.

 
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