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SECUNDARISTAS
Reposição de aulas, ou repressão aos lutadores?
Ana Paula
Elaine Maciel - Professora da Rede Pública Estadual de São Paulo

Segunda (14), as aulas na E. E. José Augusto de Azevedo Antunes foram retomadas, após 3 semanas de ocupação. Com uma tentativa clara de relocalizar a direção da escola, esteve presente durante todo o período da manhã a supervisora de ensino, que abafou as manifestações de orgulho dos estudantes pela vitória sobre a política de reorganização.

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As aulas retornaram e não tardou a aparecer a política de repressão aos lutadores. Todo o calendário que será reformulado nas escolas ocupadas, seguindo as normas da resolução da SEE 124/2015, tende a colocar a opinião pública contra os estudantes lutadores. Durante todo o período da manhã a supervisora esteve presente na escola para garantir, junto à direção, fazer descer goela a baixo um calendário que fará toda a comunidade escolar trabalhar durante os dias de dezembro em que aulas não eram previstas, bem como em janeiro, incluindo os sábados. Essas reposições devem seguir até que se completem os 200 dias letivos, no entanto o problema dessa resolução é a maneira como ela será aplicada.

É uma unanimidade entre todos da comunidade escolar que a suspensão da reorganização foi uma grande vitória e que devemos aos alunos todas as felicitações possíveis, mas não menos importante é também tirar lições para um período próximo, já que os ataques seguem sendo fortes e não se ligam apenas ao PSDB, mas também ao PT, que neste ano cortou milhões das verbas destinadas à educação, e com o avançar da crise tendem a atacar ainda mais.

A vitória neste momento deveria estar sendo comemorada, uma vez que não ocorrerá o fechamento do Antunes, escola centenária de Santo André, porém o governo não quis deixar barato e segue desafiando o poder de mobilização nas escolas, que frente à derrota do governo pode se dar com força numa aliança entre professores, funcionários e alunos. Prevendo isso, Alckmin joga com um calendário de reposição desmoralizante para alunos e professores. E os ataques, mesmo tendo objetivos iguais (colocar alunos contra professores), têm pesos diferentes.

A repressão aos alunos

O ataque aos alunos se dá na medida em que uma das exigências feitas pela diretoria de ensino é o controle de presença. Ou seja, já de antemão quer eliminar um setor da escola que pode reprovar, caso não frequente as aulas de reposição, uma forma de punir brutalmente o conjunto dos alunos da unidade escolar. Ainda que todos saibamos que o nível de frequência cai em 90% após o SARESP, frequentando apenas os que estão em recuperação, portanto esses alunos tiveram todo o conteúdo ao longo do quarto bimestre, muitos já haviam realizado provas e trabalhos finais. Essa medida joga os alunos contra os professores, já que esses é que farão o controle das presenças e atividades ao longo dos amargurados dias de reposição.
Em última instância, toda a ação repressora respinga nos pais, já que, segundo a diretoria de ensino, deveriam ter sido contra a ocupação, mas como não foram, agora deverão cancelar toda sorte de compromissos que haviam marcado para as férias e garantir que seus filhos frequentem a escola durante dezembro todo e também a primeira quinzena de janeiro.

Por isso é importante neste momento manter a mobilização e o diálogo entre os estudantes, organizando no interior da escola uma fortaleza entre os alunos, pela via da conformação de grêmios livres e assembleias que busquem construir a unidade que tanto o governo teme.

A repressão aos Professores

Esse modelo de reposição se assemelha ao utilizado no pós-greve da categoria, como forma de reprimir e desmoralizar a vanguarda que protagonizou 92 dias de luta contra o Estado. Com um controle acirrado das diretorias nas escolas, fiscalizando o conteúdo e a presença dos alunos, chega-se ao cúmulo de não ser considerado dia letivo, se não tiver a presença dos estudantes. O que leva nossa categoria a trabalhar durante as férias, com o prejuízo de perderem seus compromissos familiares de final de ano, já que faltar é impossível para a maioria no final do ano letivo, com o agravante de serem os algozes dos protagonistas de uma vitória contra o governo e da manutenção dos empregos de professores e funcionários por pelo menos mais um ano.

O discurso que vem da diretoria de ensino é de tirar a autonomia destes estudantes, que durante três semanas organizaram as refeições coletivas, atividade pedagógicas de todos os tipos, como stencil, horta, aulas de história, oficina de rimas, entre tantas outras atividades, que preenchem a escola de vida e desmascaram a falácia da falta de materiais. E ao contrário do que diz o governo, não foram pessoas de fora que garantiram as ocupações, mas sim os alunos da unidade escolar, que agora se enfrentarão com a dureza do Estado que tenta voltar ao que a escola era, por isso mais do que nunca se coloca a necessidade de nós professores nos colocarmos a defesa de nossos alunos, promovendo toda a flexibilidade possível nessas reposições, incluindo a construção coletiva das atividades ao longo deste período.

Neste momento de retorno é imprescindível que a APEOESP, como sindicato da nossa categoria, coloque-se a defesa dos alunos e professores que agora estão sendo atacados com a política nefasta de reposição, a partir de uma campanha que envolva outras categorias de trabalhadores, que estão organizados na CUT. Isso se aplica também ao conjunto das oposições, como a Conlutas e Intersindicais, que devem colocar todo seu peso na defesa dos lutadores, que deram um exemplo de como se enfrentar com a truculência do governo e conquistaram uma importante vitória para o conjunto da classe.

 
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