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AUMENTO DA POBREZA
“Estamos dançando conforme a música”, mas essa marcha fúnebre se transformará em canto de guerra?
Bianca Rozalia Junius
Equipe do podcast Peão 4.0 e militante do MRT

Desemprego, precarização, medo da COVID, vacinação longe de perspectiva… Essa é a realidade de milhões de brasileiros, como nos relata o porteiro e zelador de um edifício na Praia Grande-SP. “Estamos vivendo nessa pandemia conforme a música”, ele afirma. A questão é: quando é que transformaremos essa marcha fúnebre em um canto de guerra?

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Foto: Michael Dantas / AFP

“E temos enfrentado dificuldades de preço, acho que o país todo né, Brasil inteiro, preços altos, tudo difícil para conseguir aqui na Praia Grande. (...) faço parte de um projeto com moradores de rua né, e na verdade a arrecadação tem caído né, por conta das pessoas também estarem passando por dificuldade”

“Anuncia o trem da vida: tem gente com fome”, era o que já ressaltávamos aqui na semana passada. Nesta segunda-feira, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) divulgou uma pesquisa que mostrou essa realidade em números: são 116,8 milhões de pessoas nessa situação de insegurança alimentar no Brasil. Pela 1ª vez em 17 anos, mais da metade da população não tem garantia de comida na mesa.

Essa mesma pesquisa apontou que existe fome em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres. Quando a pessoa de referência é um homem, a parcela dos que passam fome é de 7,7%. Pessoas pretas ou pardas enfrentam insegurança alimentar grave em 10,7% dos lares, contra 7,5% entre os brancos. Assim, para quem ainda tinha dúvidas, fica inegável ver que toda a opressão e discriminação trazidas pelo racismo e pelo machismo tem consequências brutais na realidade da população: são as mulheres e negros os mais atingidos pela barbárie que é não ter alimento em um país que produz 10% da alimentação mundial.

“Meu filho era do call center e também perdeu o emprego ,nesse cenário aí está desempregado, um jovem de 19 anos né. E tenho cunhado meu que perdeu emprego, trabalhava com obra e perdeu o emprego, minha irmã até esses dias estava desempregada… E estamos vivendo nessa pandemia conforme a música, estamos dançando conforme a música.”

Além da falta de um auxílio emergencial digno para a população, essa situação de fome é agravada pelas milhões de demissões que estão ocorrendo em todo o país. Apesar de os índices de desemprego terem se mantido estáveis no começo do ano, os dados indicam que está aumentando cada vez mais a ocupação em postos precários e informais. O governo Bolsonaro consegue, assim, o que queria: fazer com que os trabalhadores tenham que se submeter a empregos sem direitos, sem nenhuma garantia, em péssimas condições de trabalho… A cruel e absurda escolha entre “direitos” ou “empregos”.

“Aqui na Praia Grande a situação é muito precária né, porque os hospitais estão cheios. (...) E nós temos assim uma grande dúvida né, porque na verdade se somos considerados como serviços essenciais, poderíamos ser também colocados como prioritários na vacinação né, porque se somos serviços essenciais temos que estar imunizados.”

Em meio às milhares de mortes, fome, desemprego e postos de trabalho precários levados a cabo por um lado por Bolsonaro e seu negacionismo, e por outro por todos os atores desse regime golpista, como STF, governadores e militares, começaram a surgir greves em diversos setores, conforme apontamos aqui.

Em todo país, trabalhadores da linha de frente têm se mobilizado contra a escassez de vacinas e exigindo serem imunizados para evitar ainda mais mortes, como o caso dos garis em greve em Minas Gerais, dos trabalhadores do Hospital Universitário da USP (exigindo vacinação não só para efetivos, como também para terceirizados) e da greve dos trabalhadores do transporte que está se desenhando para o dia 20 deste mês.

Esses trabalhadores se questionam: se somos nós que salvamos vidas nos hospitais, que garantimos o transporte, a alimentação, a limpeza, todos os insumos necessários etc. de toda a população, por que nossas vidas valem tão menos aos olhos dos governos e empresários? Se somos nós os responsáveis por fazer a orquestra do mundo tocar, por que não podemos escolher a música? É necessário que se unifiquem estas lutas para que possamos trazer à tona um canto de guerra, que mostre que nossas vidas valem mais que o lucro deles.

 
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