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GOLPISTAS
Imprensa, Congresso e STF não rechaçaram a comemoração do golpe de 1964
Cássia Silva

Na semana passada, em meio às trocas de ministros do governo Bolsonaro, mais uma vez o Ministério da Defesa, agora liderado pelo general Braga Netto, comemorou o golpe de 64, assim como o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB). Que os militares reivindicam seu próprio legado, não espanta que o façam. Mas o conjunto do regime político do golpe institucional de 2016, o centrão, que se diz "defensor da democracia", ficou em silêncio em relação às declarações escandalosas.

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O silêncio da grande mídia, da Câmara dos Deputados e seu presidente Arthur Lira (PP), do Senado, de Rodrigo Pacheco (DEM) e do Supremo Tribunal Federal (STF), se justifica por sua política contra os trabalhadores e o povo pobre e demonstra como é cínica e falsa toda essa “oposição" contra Bolsonaro e suas administração do caos social e sanitário.

Esses atores políticos e instituições foram pilares do golpe institucional de 2016, junto às Forças Armadas, ainda que hoje se denominam oposição ao Bolsonaro, e por isso sequer podem rechaçar a comemoração à ditadura e a sanha golpista de Braga Netto e dos demais militares, assim como não combatem sua herança hoje com a Lei de Segurança Nacional, ou utilizam a lei reacionária, como é o caso do STF. São os mesmos que até hoje mantêm o perdão inaceitável aos torturadores, e carregam na sua história parte do legado da ditadura.

Bolsonaro não está sozinho na responsabilidade pelas quase 4000 mortes diárias pela covid. Bolsonaro, Mourão e os governadores, como João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Paes (DEM-RJ) não garantiram testes massivos, não centralizaram os sistemas público e privado de saúde, não garantiram fila única de atendimento. Pelo contrário: junto aos empresários furam a fila da vacina. Um setor dos governadores, como Caiado (DEM-GO), inclusive fazem parte do Comitê de Crise de Bolsonaro. Bem como fazem parte do legado golpista de 2016. Partidos como DEM, o PSDB e o centrão articularam o golpe de 2016 e, tendo como principal agente o STF, sequestraram o voto de milhões em 2018 com a biometria e a proscrição e prisão arbitrária de Lula.

A Folha de São Paulo, jornal que se coloca como democrático, retorna ao seu leito natural, que durante décadas proibiu a que a expressão “ditadura militar” fosse usada pelos seus jornalistas, e na história recente foi apoiadora calorosa no primeiro momento da Operação Lava Jato. A grande mídia segue hoje aplaudindo a obra econômica do golpe institucional de 2016 e cada uma das medidas de Paulo Guedes. O importante para eles é garantir os interesses dos capitalistas, com o governo ou regime político que sejam mais funcionais para isso. Chegam à hipocrisia de dar declarações tímidas contra o golpe de 1964, mas são parte fundamental da operação de transformar a reforma ministerial em uma grande “lavada na cara” das Forças Armadas de ontem e hoje, apoiando o novo comandante do Exército, Paulo Sérgio e alimentando uma falsa visão de que as saídas e entradas nos postos de comando e ministérios é parte de uma crise entre Bolsonaro e os militares inconformados com a condução da crise sanitária.

A título de herança da ditadura militar, o Democratas é um exemplo óbvio. Pacheco, Paes, Caiado estão juntos no passado com a Arena, um dos partidos que sustentou o regime civil-empresarial-militar de 1964 a 1985. Pelo golpe do passado e pelo golpe que vivemos hoje, estão junto com Sarney, Judiciário e Bolsonaro para atacar os trabalhadores e o povo pobre, lançando mão de autoritarismo e ataques, congelando salários, precarizando o trabalho, destruindo a saúde e a educação, com a Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, Lei do Teto de Gastos, PEC Emergencial.

Não serão eles a varrer a herança da ditadura e acabar com a crise política, econômica, sanitária e social que vivemos hoje. Somente nossa classe trabalhadora, junto aos movimentos sociais, organizados em cada local de estudo e trabalho, poderá dar uma saída emergencial para a pandemia e tomar os rumos políticos do país. Porque todos esses setores lavam a cara dos militares, que são a herança bem viva da ditadura, que são 6000 no governo hoje, dizendo que o rearranjo ministerial acontece porque eles e os militares não apoiam as medidas de Bolsonaro, como se fossem "democráticos". O próprio STF defende e avaliza a Lei de Segurança Nacional, dizem que anular toda a legislação sancionada na época da ditadura deixaria a instituição “desprotegida”.

Veja também: Os militares vieram para ficar ou explodirá a luta de classes?

E é também nesse sentido que é necessário dizer: não podemos esperar 2022 como o PT propõe. Lula e o PT vieram demonstrando sua total aceitação do regime do golpe, se colocando como a candidatura confiável para 2022 e agora cumpre papel vergonhoso de també lavar a cara das Forças Armadas, como se estes tivessem rompido com Bolsonaro, enquanto comemoram o golpe de 64. Não podemos confiar em nenhum setor que se propõe a gerir a crise, como fazem os governadores do PT e PCdoB nos estados do Nordeste.

Desde já, é necessário organizar as forças dos trabalhadores e da esquerda, em um polo antiburocrático que exija das grandes centrais sindicais, dirigidas por partidos como o PT e pelo PCdoB, que saia da paralisia e batalhe por Fora Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas e por uma saída emergencial da pandemia, por vacinas para todos, com a quebra de suas patentes e sigilo, por auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo, por contratações, por abertura de leitos, por liberação remunerada dos setores essenciais e pela reconversão industrial para produzir insumos.

Para revogar todas as reformas, para varrer a Lei de Segurança Nacional e para realizar reforma agrária, precisamos chocar os interesses dos trabalhadores, representando os interesses de toda a população, com os interesses dos capitalistas representados por Bolsonaro e todos os militares e golpistas. Por isso, nós do Esquerda Diário e do MRT levantamos a necessidade de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para varrer os privilégios dos políticos e do Judiciário, e para que a classe trabalhadora, mulheres, negros e LGBTs possam decidir os rumos do país. Não adianta mudar os jogadores, as regras desse jogo sujo é que devem ser destruídas.

 
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