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SAÚDE MENTAL
Psiquiatra contra a reforma manicomial é nomeado para Coordenação Nacional de Saúde Mental
Fernando Pardal

Marcelo Castro, Ministro da Saúde, anunciou nessa sexta-feira, dia 11, que irá substituir o atual Coordenador Nacional de Saúde Mental, Roberto Tykanori, pelo psiquiatra conservador Valencius Wurch.

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O anúncio de Marcelo Castro foi feito durante uma audiência com representantes de mais de 600 instituições. Castro, que é psiquiatra por formação, mas está há mais de 30 anos afastado do exercício da medicina, resolveu colocar no cargo da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, seu amigo pessoal Valencius Wurch, substituindo o nome de Roberto Tykanori que estava à frente da coordenação.

Tykanori é militante da luta antimanicomial desde os anos 1980, quando era estudante de medicina, e assumiu a frente da Coordenação de Saúde Mental desde o início do primeiro governo de Dilma. Defendeu a Reforma Psiquiátrica que ocorreu no Brasil, aprovada durante o governo de FHC, e que instituiu o tratamento dos hospitais-dia e questionou as instituições manicomiais e de isolamento no país. A Reforma Psiquiátrica representou um avanço significativo no tratamento e na concepção das doenças psiquiátricas no Brasil, e foi fruto de uma longa e árdua luta de movimentos sociais e mobilizações impulsionadas por pacientes, familiares, médicos e profissionais de saúde que defendem uma concepção distinta daquela empregada nas instituições manicomiais e que ainda segue vigente na maior parte do sistema de saúde.

Já Valencius Wurch, que assumirá o cargo a partir de agora, foi um notório adversário da Reforma Psiquiátrica. Em 1995, em entrevista ao Jornal do Brasil, declarou-se contra a reforma, alegando que remover os internos dos manicômios era algo com “caráter deológico”. Durante dez anos Wurch atuou como diretor do manicômio “Casa de Saúde Dr. Eiras”, o maior da América Latina. O local era de propriedade de Leonel Miranda, que foi Ministro da Saúde da ditadura durante o governo de Costa e Silva, e foi utilizado como local para prisão e tortura de presos políticos sob o pretexto de “loucura”. Tendo sido denunciada inúmeras vezes pelos maus tratos aos pacientes durante a gestão de Valencius Wurch, a casa Dr. Eiras foi proibida de receber novas internações em 2001, após auditorias do Ministério da Saúde e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e foi fechada definitivamente em 2012.

A nomeação de Wurch gerou reação imediata, tendo sido lançado um manifesto de psiquiatras contra sua indicação cujo texto reproduzimos abaixo:

Prezados, estamos a beira do maior retrocesso na história da Saúde Mental brasileira. O Ministro da Saúde anunciou agora a pouco, em audiência com representantes de mais de 600 instituições, que Tykanori não será mais o coordenador de SM. O Ministro indicou que quem assumira a condução da Política Nacional de SM será um amigo pessoal dele, psiquiatra no RJ, Dr Valencius Wurch Duarte Filho, ex diretor do maior Manicômio do estado do RJ, o Eiras de Paracambi. Vamos pra rua!!!

ALERTA!!! Valencius, anunciado hj pelo ministro da saúde como Coordenador Nacional de Saúde Mental foi, por 10 anos, diretor e feroz defensor do manicômio chamado "Casa de Saúde Dr Eiras". A Dr Eiras, o maior hospício da América latina, era da família de notório fascista brasileiro, Leonel Miranda, ministro da saúde na ditadura. Esse hospício funcionava como um campo de concentração com 2000 leitos, onde milhares de pessoas eram por décadas maltratadas até a morte, geralmente por fome, por violência física, por doenças de fácil controle e curáveis.

 
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