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ROSA LUXEMBURGO
Às vezes, Rosa Luxemburgo também estava deprimida
Nathaniel Flakin

Rosa Luxemburgo era conhecida como uma bola de energia - “como uma vela queimando nas duas extremidades”. Mas, como qualquer pessoa, ela também sofreu momentos de desesperança.

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Essa não é Rosa Luxemburgo. É a atriz Barbara Sukowa interpretando Rosa Luxemburgo em um filme dos anos 1986. Aparentemente não há nenhuma foto histórica de Mimi, o gato de Rosa, então escolhemos essa.

O aniversário de 150 anos de Rosa Luxemburgo foi recentemente celebrado. Ela é lembrada como uma das mais expoentes revolucionárias na história da luta proletária por emancipação.

Ela foi uma mulher em uma sociedade que excluía mulheres da vida política; ela era uma imigrante em um país profundamente racista; ela era uma judia em um mundo anti semita. Apesar de lidar com tanta discriminação, ela aterrorizou o Czar, o Kaiser, e todos os capitalistas.

Sua amiga, Clara Zetkin, escreveu sobre ela: “A pequena, frágil Rosa era a encarnação de uma energia incomparável”Clara Zetkin, [1]. O lema de Luxemburgo era que uma pessoa deveria ser “como uma vela queimando nas duas extremidades”.

Em certo sentido, é muito difícil identificar-se com alguém assim. Eu me sinto inspirado por Luxemburgo, mas raramente sinto uma “energia incomparável”. Bem pelo contrário: frequentemente me sinto deprimido e desanimado. Acho que muitas pessoas em 2021 sentem-se desta forma.

Então, de certa forma, foi comovente ler que Rosa também sentiu desesperança e às vezes queria desistir de seu trabalho como revolucionária. Os sacrifícios e o estresse, as reuniões sem fim, e as lutas exaustantes podem desgastar qualquer um - e Luxemburgo passava muitas horas ocupada com outros hobbies como colecionar plantas.

Na primavera de 1917, enquanto era mantida presa por sua oposição à Primeira Guerra Mundial, Rosa Luxemburgo escreveu para sua queria amiga, Sophie Liebknecht:

Lá no fundo, eu me sinto muito mais em casa em um pequeno jardim como esse, ou em um campo entre abelhas e grama, do que em um congresso do partido. Eu posso dizer-lhe tudo isso: Você não vai procurar imediatamente por uma traição ao socialismo. Você sabe que eu ainda vou esperançosamente morrer em meu posto: numa batalha nas ruas ou na prisão. Mas o meu íntimo pertence mais aos pássaros do que aos meus camaradas. [2]

Ter outras paixões que eram queridas por seu coração não faziam dela nem um pouco menos revolucionária. E isso torna seu trágico fim de certo modo uma doce tragédia: ela terminou exatamente como desejava.

A revolução no dia 9 de novembro de 1918 libertou-a da prisão, e os últimos dois meses de sua vida foram gastos em um turbilhão de discursos, escrevendo, publicando e se escondendo da violência contra revolucionária. Em uma dessas noites, voltando do escritório editorial do A Bandeira Vermelha para seu apartamento em Berlin-Südende, Luxemburgo indagou sua amiga e secretária Mathilde Jacobs:

Você pode me dizer porque eu sempre estou vivendo em um estado no qual eu não tenho a menor inclinação? Eu quero pintar e viver em um pedaço de terra onde eu possa alimentar animais e amá-los. Eu quero estudar ciências naturais. Acima de tudo, eu quero viver tranquilamente sozinha, e não nesta agitação sem fim. [3]

Essa é uma pessoa com quem eu consigo me identificar! Então, se nós aspiramos ser como Luxemburgo, não precisamos sempre sentir uma “energia inconparável”. Não precisamos sempre desfrutar nosso trabalho político. Nós também podemos reconhecer sentimentos de desesperança, e tentar combatê-los, como ela fez. Não faz mal tirar um tempo para alimentar passarinhos e colecionar plantas de vez em quando, como Luxemburgo fez entre os seus compromissos.

[Dossiê] A 102 anos do assassinato de Rosa Luxemburgo

Artigo traduzido do Left Voice.

 
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