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PLENÁRIA PÃO E ROSAS
O que dizem as estatísticas sobre as mulheres no mercado de trabalho?
Simón J. Neves

Com base em estatísticas recentes do IBGE, é possível ver que ainda persistem disparidades históricas de gênero no mercado de trabalho, com mulheres tendo menos acesso a empregos e salários menores. Com certeza a frieza dos números não reflete de verdade o que significa o machismo diariamente na vida das mulheres, mas ajudam a compreender um pouco a opressão e exploração a que estão submetidas pelo capitalismo.

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(Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Antes de tudo, é preciso entender algumas definições das estatísticas do IBGE. São consideradas “em idade de trabalhar" todas as pessoas acima de 14 anos. Este grupo é separado em aquelas pessoas que estão na força de trabalho, ou seja, que estão empregadas ou estão desempregadas, mas buscando emprego. O outro grupo é das pessoas fora da força de trabalho, que são aposentados, estudantes, desalentados ou qualquer pessoa que não trabalha nem busca trabalhar, por alguma razão.

O grupo das pessoas fora da força de trabalho cresceu bastante durante a pandemia, em decorrência não só do vírus, mas da crise econômica em que o Brasil entrou em que encontrar um emprego se tornou muito difícil. No 2º trimestre de 2020, quando a pandemia atingiu o país com mais força, a população maior de 14 anos na força de trabalho caiu de 61% para 55,3%, chegando a 55,1% no 3º trimestre, último dado disponível. No Nordeste, no entanto, apenas 47,3% da população está na força de trabalho.

As mulheres representam 53,2% da população em idade de trabalhar no país. No entanto, representam 64,2% da população fora da força de trabalho, um dado que sofreu pouca variação entre 2015 e 2020, mostrando como a exclusão da mulher do mercado de trabalho é algo estrutural.

Esta exclusão é ainda maior para as mulheres que são mães, fruto da imposição do cuidado com as tarefas domésticas e com as crianças, fator que foi ainda mais ampliado pela pandemia. Em 2019, entre as mulheres de 25 a 49 anos que moravam com crianças de até 3 anos, apenas 54,6% tinham emprego, e entre as mulheres negras com crianças eram 49,7%, ou seja, mais da metade das mulheres negras com crianças pequenas não consegue trabalhar. Isso vem do fato de que, em média, as mulheres gastam mais de 21 horas por semana com afazeres domésticos, contra 11 horas dos homens.

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Nas estatísticas de desemprego as mulheres são mais atingidas também. A taxa de desemprego entre elas é de 16,8%, acima da taxa geral de 14,6% e da taxa de 12,8% para os homens. Quando se observa o total de homens com mais de 14 anos, 57,3% deles possuíam emprego no 3º trimestre de 2020, contra apenas 38,1% das mulheres. Os homens representavam também 57% do total de pessoas empregadas naquele momento, enquanto as mulheres eram maioria entre os desempregados.

Além de ter menos emprego, a renda das mulheres também é menor. Segundo dados de 2019, antes da pandemia portanto, a renda média do trabalho das mulheres era de R$ 1985, uma queda em relação a 2018, e apenas 77,7% da renda média dos homens. Essa diferença é maior na região Sul, onde as mulheres recebiam em média 72,8% dos homens. A diferença é menor na região Norte, mas no marco de que nessa região a renda geral do trabalho é apenas 73% da média nacional.

Estas estatísticas são apenas uma demonstração da situação do machismo a que as mulheres são submetidas diariamente no Brasil e que se expressa na prática de maneira muito mais dura do que na mera frieza dos números.

E é por causa da urgência de debater o machismo e como enfrentá-lo, como parte da luta contra o capitalismo, que o grupo de mulheres Pão e Rosas chamou uma plenária nacional aberta, neste sábado, dia 6/3, as 16h30, para discutir sobre a luta das mulheres no contexto da pandemia e como enfrentar Bolsonaro e todo o regime do golpe, no momento em que se aproxima o 8 de março.

 
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