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EDUCAÇÃO
Seduc RS inicia o ano com palestra online humilhante e provoca indignação em professores
Diego Nunes

Chuva de comentários na live da Secretaria da Educação do RS nessa quarta-feira (3) denunciam o total descaso com a realidade da educação no estado. Professores foram cobrados como se tivessem todos os recursos materiais e virtuais disponíveis para trabalhar, a realidade é que não tem e não possuem salário suficiente para comprar.

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A pedagogia que chega às professoras e professores do estado do RS é a legítima pedagogia do oprimido, mas não aquela de Paulo Freire, melhor dizendo é a pedagogia que oprime. Uma pedagogia que não faz levantamento da realidade, que planifica por cima, exclui, trata adultos como crianças, não dialoga, ignora críticas, enfim, um show de horrores.

Um dos professores palestrantes, muito bom expositor por sinal, se esforçou em demonstrar tudo o que o mundo virtual tem a oferecer, tudo o que é possível criar e promover aos jovens estudantes. Chegou a falar de que com o passar dos anos será possível que os professores trabalhem com impressoras 3D, levou longe a imaginação dele provocando a audiência docente a pensar que estamos em um mundo onde não existe desemprego, miséria, fome, containers alugados por hospitais para alojar corpos das vítimas do covid-19. Um mundo onde todos possuem um lar saudável, sem violência, com quartos bem arejados e privados onde a internet banda larga bomba e todos tem a disposição equipamentos eletrônicos de última geração.

Na segunda parte, durante a tarde, as professoras e professores foram avisados - sim apenas avisados pois ninguém é consultado nesse modelo pedagógico - de que haverá mais planilhas para preencher esse ano. Mais uma vez houve muitas manifestações no chat, profissionais solicitando menos burocracia para ter mais tempo para dar atenção aos alunos. Mais uma vez o chat foi ignorado. Uma das apresentadoras enfatizou várias vezes que “nossa existência é híbrida” sem se preocupar em como isso chega aos ouvidos de uma mulher trabalhadora da educação que tem tripla jornada de trabalho. De concreto será mais trabalho burocrático e cada vez mais defasagem salarial aos educadores gaúchos.

Se nesse momento de recorde de mortes no Brasil e no estado do Rio Grande do Sul não é possível retornar as aulas presenciais, ao contrário do desejo de Eduardo Leite (PSDB) e Bolsonaro (sem partido), é preciso exigir, no mínimo as condições adequadas, as mais básicas pelo menos, que são ferramentas para trabalhar.

A pandemia no Brasil já matou mais do que as bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagazaki e isso não pode ser naturalizado. Se não se pode caracterizar isso como genocídio por não se tratar da morte em massa de uma etnia, no mínimo é possível afirmar de que trata-se de uma política deliberadamente assassina e com caráter de classe, pois quem mais morre é trabalhador. E justo nesse que é o pior momento desde o início da pandemia é que uma campanha midiática de guerra se volta contra as professoras, professores e funcionárias de escola exigindo retorno das aulas presenciais.

Paulo Guedes e Bolsonaro querem mais cortes para a saúde e educação para manter o auxílio emergencial. Isso é inaceitável pois mais de um trilhão de reais do orçamento do país vai para pagar uma dívida pública fraudulenta, paga diversas vezes já e que nunca termina. Os credores dessa “dívida” são empresários e banqueiros bilionários nacionais e estrangeiros, os mesmos que sonegam muitos bilhões por ano em impostos e ainda recebem bilhões em isenções fiscais. Se alguém tem que pagar por essa crise são eles e não nós com nossas vidas, como sugeriu o prefeiro de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB) em live.

É preciso se levantar contra isso urgentemente. Com o retorno inseguro das aulas presenciais nos municípios já se teve notícia de ao menos 5 vítimas, 4 professoras e um professor no estado faleceram por conta dessa política. O CPERS sindicato bem como todos os sindicatos de municipários devem se unir para contra atacar. Ao invés disso a direção do CPERS (PT/PCdoB) insiste num diálogo que já se mostrou há muito tempo impossível e ineficaz com Eduardo Leite. É preciso levantar uma verdadeira campanha de guerra para defender nesse momento não os salários, mas as vidas dos profissionais da educação, dos estudantes e de toda a comunidade escolar. Exigir a quebra das patentes das vacinas e uma vacinação em massa para toda a população. Quem deve decidir sobre os rumos da educação remota e futura presencial são as comunidades em assembleias junto com os professores e funcionários em cada escola fazendo valer a gestão democrática da educação, os sindicatos podem cumprir um importante papel organizativo para isso.

 
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