Foto: Camilla Motta/ G1
A GM pretende desligar sua fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul, onde são produzidos os carros Onix hatch e o sedã Onix Plus, por um período de cinco meses. A empresa alega que não há quantidade suficiente de componentes, como materiais eletrônicos, para produzir os veículos. De acordo com o Sindicato do Metalúrgicos local, a empresa conta com 2.000 trabalhadores. Eles receberam férias coletivas até abril.
Além de parar a produção, após as férias forçadas a montadora vai retomar a produção com um dos dois turnos, isto é, metade dos trabalhadores terão os contratos suspenso (em lay-off), e esse período pode durar de dois a cinco meses.
Em lay-off, os trabalhadores ficam em casa com o salário reduzido e sem saber se terão ou não seu emprego mantido.
Em paralelo, na fábrica de São José dos Campos, que tem ao todo 5 mil empregados, a GM anunciou a suspensão de 600 trabalhadores. Esta suspensão teria início em 8 de março e iria até 2 de maio, ela será levada a votação nesta terça-feira, dia 2. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, o motivo da suspensão é a falta de componentes. Neste caso, a empresa já conta com 368 contratos suspensos de empregados que voltariam no dia 8 de abril (embora a empresa possa adiar essa data).
É preciso deixar clarificado que a GM não está em crise, ou com tendência à crise. Em 2020, os modelos lideraram de Onix de Gravataí lideraram as vende entre os hatches e sedãs compactos, somando ao todo 218 mil unidades. Já em janeiro deste ano, a GM produziu entre 18 mil e 19 mil modelos dos dois carros.
O real motivo para a paralisação das fábricas e suspensão de contratos é porque a empresa perde seus lucros estando funcionado sem produzir os itens de consumo. Tomando como aval medidas como a MP936, que permite a suspender contratos e cortar jornadas/salários, os grandes empresários param a produção arbitrariamente, para não perde capital, enquanto trabalhadores são penalizados.
Em contrapartida à paralisação das fábricas, a produção podia continuar contanto que houvesse um redirecionamento industrial voltado para a demanda de itens de saúde, por exemplo. Fábricas automotivas têm plena capacidade para fornecer suprimentos médicos, com respiradores e oxigênio, o que pode evitar situações de colapso do sistema público, como ocorreu em Manaus, em que pessoas morreram asfixiadas na ausência completa de oxigênio.
É urgente que os sindicatos dos trabalhadores se organizem contra a paralisação e as suspensões, unindo terceirizados e efetivos, por um plano de reorganização da produção sob controle operário, para fornecer uma saída independente da classe trabalhadora contra a retirada de direitos, cortes de salários e inclusive demissões em massa que a empresa pode aplicar para garantir seus lucros.
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