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PRIVATIZAÇÃO
Criminosa venda da RLAM por 50% de seu preço. É urgente uma luta nacional de todos petroleiros
Redação

A segunda maior refinaria do país, a RLAM da Bahia, junto de 4 terminais e quase 700 km de dutos foram vendidos por metade do preço somente da refinaria. Sindicato petroleiro da Bahia e Federação Única dos petroleiros indicam possibilidade de greve no estado. É urgente um movimento nacional de toda categoria e que as centrais sindicais construam o apoio em outras categorias em todo o país.

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A Petrobras emitiu um comunicado ao mercado financeiro anunciando a venda da RLAM, segunda maior refinaria do país, ao Mubadala Capital, fundo soberano de investimentos dos Emirados Árabes. A criminosa venda foi fechada em US$1,65 bilhão, valor que é menos da metade do projetado pelo Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) só para a refinaria.
Os xeiques levarão toda uma infra-estrutura de graça, os terminais de Madre de Deus, Itabuna, Jequié e Candeias, quase 700km de oleodutos, píeres e outras infra-estruturas que nem entraram na conta feita pela Petrobras ou pelo Ineep. O dano ao povo brasileiro é muito maior que qualquer cálculo.

Todos estudos comprovam a falácia de que a venda das refinarias irá aumentar a concorrência e baixar o preço dos combustíveis. Haverá desemprego, perda de direitos e salários e ainda todo um conhecimento e tecnologias nacionais serão destruídos.

Não haverá concorrência mas monopólios regionais, a infra-estrutura existente foi desenhada para abastecer mercados regionalmente e não para concorrer entre os estados, os ganhadores levarão um monopólio da Bahia, do norte de Minas e com forte perspectiva de dominar todo mercado nordestino pelo preço que quiserem já que toda a região depende total ou parcialmente da produção baiana. Nenhum investidor de privatizações realiza sérios investimentos em infra-estrutura, muito pelo contrário, destrói o existente como vimos no apagão do Amapá. Não haverá concorrência mas monopólios regionais.

O preço dos combustíveis também não cairá. Muito pelo contrário, estão subindo dia a dia para garantir múltiplos interesses, da arrecadação de impostos ao agronegócio e suas parcelas no combustível final, mas principalmente para aumentar o lucro dos compradores que não querem vender o combustível a um preço compatível com os custos nacionais, mas de acordo com o dólar e o preço lá fora. A Petrobras tem aumentado os preços sistematicamente para garantir essa paridade com os preços mundiais, o brasileiro que pague a conta dos lucros da Mubadala e outros compradores.

Para se aprofundar na composição dos preços e os interesses por trás disso leia este artigo.

A entrega desta imensa infra-estrutura nacional também gerará perda de empregos e perda de direitos visto que a empresa pretende substituir trabalhadores por outros com muito menores salários, como já se vê em anúncios de emprego de “operador” que tem aparecido em sites baianos de emprego.

Toda esta operação lesiva aos interesses dos trabalhadores de todo o país não foi obra somente de Bolsonaro, Guedes e Castelo Branco. Foi costurado por todo o regime político do golpe institucional. O STF foi o último ator de peso ao dar aval a que transações tenebrosas como esta aconteçam sem licitação e sem sequer votação de aprovação no Congresso Nacional. Isso mesmo, autorizaram a que se venda um patrimônio público na surdina, sem sequer publicidade das negociações, avaliações de preço, sem sequer votação de autorização dos parlamentares.

O imenso ataque que sofrem hoje os petroleiros baianos é parte de um ataque de conjunto aos trabalhadores do país, com outras privatizações anunciadas, com empresas fechando fábricas, chantageando trabalhadores para cortar salários como faz a companhia área LATAM, e no caso da Petrobras com dezenas de unidades fechando ou sendo privatizadas. 8 refinarias e dezenas de terminais foram postos à venda, gigantescos campos de petróleo postos à venda como Urucu na Amazônia e até mesmo – conforme áudios que tem circulado entre petroleiros – proposta de substituir equipes inteiras de petroleiros próprios por terceirizados em algumas plataformas, para assim impor piores condições de trabalho e salário.

Frente à criminosa venda da RLAM, do TEMADRE, TECAN, e do ORSUB o sindicato petroleiro da Bahia e a Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT) anunciaram possibilidade de greve naquele estado, mas a FUP não se pronunciou sobre nenhuma ação em nenhuma outra localidade do país. É urgente um movimento nacional de todos petroleiros, de Urucu a Cabedelo a Osório à mais distante plataforma do pré-sal. A vitória na luta da RLAM torna muito menos difícil a luta em todo restante do país, o contrário também é verdadeiro. A importância deste ataque à Petrobras e aos petroleiros é ainda maior do que o ataque da FAFEN-PR, trata-se da mais antiga e da segunda maior refinaria do país, e para realizar este crime a Petrobras já conta de antemão com o apoio do STF e de peças cruciais de todo o regime.

A perda da RLAM não se trataria de uma perda somente da capacidade de produção de centenas de milhares de barris por dia, de tantas tecnologias e know-how petroleiro nacional, mas também a perda de uma “trincheira” dos trabalhadores, uma unidade com uma história de luta que remonta a antes de 1964 e teve papel ativo para conquistar direitos para todos trabalhadores, como por exemplo o 13º salário.

Para derrotar esse imenso o ataque os petroleiros precisarão organizar uma luta exemplar e precisão de apoio dos trabalhadores de todo o país.

É preciso garantir assembleias democráticas e resolutivas e não localistas em cada unidade petroleira, assembleias que abordem problemas locais mas que garantam que seja pautado também a situação da categoria em todo o país, e a urgente construção de um movimento nacional que unifique todas as bases e as duas federações petroleiras. Coordenando os trabalhadores desde cada unidade de produção, transporte e administrativa, com uma coordenação de representantes de cada unidade e de todos sindicatos e federações é possível impor uma luta séria, uma luta que impeça a privatização e lute pela manutenção dos empregos e exija das centrais sindicais sérias medidas para coordenar todos os setores em luta e deixem sua trégua com o governo Bolsonaro, colocando, lado a lado nas ruas os petroleiros da RLAM e da “vizinha” FORD de Camaçari e cada categoria ameaçada pelos governos e patrões.

 
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