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FECHAMENTO DA FORD
Maíra Machado: "É urgente que a CUT prepare um plano de luta contra o fechamento da Ford"
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

A Ford anunciou hoje o fechamento de 3 fábricas no Brasil, diante disso é urgente que as centrais sindicais e sindicatos organizem um plano de luta com espaços que garantam que os trabalhadores possam se organizar e decidir como enfrentarão esse ataque.

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A Ford anunciou hoje o fechamento de 3 fábricas no Brasil como parte de uma reorganização da empresa na América Latina. As fabricas ficam localizadas em Camaçari, na Bahia, Taubaté, no estado de São Paulo e Horizonte, no Ceará. Depois de mais de 100 anos no Brasil a empresa encerrará imediatamente a produção em duas das suas fábricas. Em Horizonte, onde são montados os jipes da Troller, continuará operando até o quarto trimestre de 2021.

Leia mais: Ford anuncia fim da produção no Brasil deixando milhares de trabalhadores na rua

A empresa alega, dentre outras coisas, os impactos da pandemia e diz que buscará minimizar os impactos do encerramento da produção no país. De acordo com informações do sindicato só com o fechamento de umas das unidades, a planta de Camaçari, por volta de 10 mil trabalhadores seriam demitidos. Isso em um país que terminou 2020 com mais de 11 milhões de desempregados e 41,6% da sua população na informalidade de acordo com dados do IBGE.

Diante desses números e da realidade que nós trabalhadores enfrentamos no país de aumento do custo de vida, dos altos índices de desemprego e informalidade é um absurdo que a Ford diga que está tentando reduzir impactos, ao mesmo tempo que coloca milhares de famílias no desemprego. E sabemos que os impactos vão para além dos trabalhadores da Ford, envolvem também a demissão das fabricas ligadas à cadeia produtiva.

Em 2019, por exemplo, com o fechamento da fábrica de Tobatão, em São José dos Campos, mais de 3 mil trabalhadores foram demitidos. O Dieese calcula, porém, que o impacto chegou a outros 24 mil postos de emprego evidenciando o impacto para todo o setor, principalmente na indústria de autopeças.

Na prática, o plano de reestruturação da empresa, depois de anos lucrando com o suor de seus trabalhadores deixará milhares de famílias sem saber o que vão comer, milhares de pais e mães sem saber como vão garantir o sustento de seus filhos. Vale lembrar que mesmo durante o ano de 2020, marcado pela pandemia da COVID-19, que a empresa conseguiu “surpreender” com o lucro acumulado no 3° trimestre. Nesse período a Ford informou ter obtido um lucro liquido de 2,4 bilhões, ou seja, 6x mais que no mesmo período de 2019.

Enquanto milhares de famílias de uma hora para a outra vão se ver sem suas fontes de sustento a Ford, com esse lucro gigantesco, diz que não tem condições de manter suas atividades no Brasil. Mostra como a empresa só pensa em seus próprios lucros e fecha os olhos para os trabalhadores e a Pandemia. Se apoiam na redução de compra de carros populares que diminuiria a produtividade. Mas todo o maquinário, inclusive o que ela alega ter ficado ocioso nesse período, poderia ter sido convertido para produção de materiais necessários frente a pandemia.

Faltam leitos, respiradores e uma série de insumos e matérias que poderiam estar sendo produzidos, garantindo dessa forma empregos para seus funcionários e ampliando as contratações, para o enfrentamento da pandemia. Mas a sede de lucro capitalista, que coloca os cifrões ante de qualquer necessidade humana, é incapaz de permitir isso. Ao contrário, essa sede será o fator de fome e desespero para milhares de trabalhadores e suas famílias.

O governo Bolsonaro que sempre defendeu como é "difícil ser patrão no Brasil" implementou reformas nefastas como a trabalhista e da previdência para atender os interesses dos patrões, assim como a MP936 facilitando as demissões durante a pandemia. Todas essas medidas, apoiadas por todos os atores do regime golpista, que sempre estão do lado dos patrões pavimentaram o caminho para precarizar ainda mais o trabalho e para que os patrões se sintam a vontade para deixar milhares de famílias nas ruas de um dia para outro.

Diante disso, é mais urgente do que nunca, que as centrais sindicais ligadas aos sindicatos das Fabricas da Ford organizem um plano de luta com assembleias, reuniões e espaços que garantam que os trabalhadores possam se organizar e decidir como enfrentarão esse ataque. Não é possível confiar em acordo e negociações com a Justiça, o Congresso, governadores ou qualquer outro setor desse regime golpista.

É preciso que a CUT, que dirige os principais sindicatos do país e os sindicatos de metalúrgicos ligados à Ford organize um plano de luta sério e que não se repita o acordo que garantiu as demissões em 2019. A força dos sindicatos e das Centrais Sindicais tem que servir para cercar esses trabalhadores de solidariedade e fortalecer a sua organização para enfrentar esse ataque.

 
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