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TRIBUNA ABERTA
A politica higienista da prefeitura de São Paulo e o fechamento dos Centros de Convivência.

Não é de hoje que a prefeitura tenta fechar os centros de convivência da população de rua (ela já fechou 3 serviços, Dom Pedro, Mooca e Santa Cecília), em especial os centros localizados na zona leste da cidade. Os Centros, também chamados de Tenda de Convivência para a população de rua foram criados na gestão de Gilberto Kassab como uma forma de higienismo social, escondendo as pessoas que o centro da cidade não deveria ver. Foi com essa mesma política que Haddad e a secretária de Assistência Social Luciana Temer assumiram o governo no começo de 2013.

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Com junho de 2013, o prefeito modernista do Arco do Futuro se transformou no prefeito gato, da mobilidade e da política de direito à cidade, se apropriando do lema das manifestações de “toda cidade para todos”. A política de direito à cidade, no entanto, novamente segregou o povo de rua.

Nesse contexto surgiu também a Tenda Alcântara Machado, inaugurada em 2012. A Tenda, ao contrário da política da prefeitura e suas secretarias, baseia-se pedagogia de Paulo Freire e outras pedagogias libertárias para construir de forma horizontal com a população de rua suas demandas e construção cotidiana dos espaços. Através da percepção política de sua situação, a população de rua começou a se organizar e se apropriar dos espaços de discussão de política urbana e direito à cidade. Assim, reuniões sobre a população de rua foram tomadas, de forma quase inédita, por moradoras e moradores de rua. Palestras sobre o direito a cidade receberam a visita de quem requer para si um pedaço da cidade, com a legitimidade de ser terceira geração de ocupantes daquele espaço.

O povo de rua, alias, mal admite essa generalização: tanto há pessoas que dependem dos espaços ameaçados de fechamento para a emissão de um comprovante de residência para a busca de um emprego quanto pessoas que reivindicam o direito à rua, já que ali residem há duas ou três gerações. A SMADS não só não pensa em política para esses, como não sabe lidar ou responder às negativas, que também são respostas. A contra proposta da prefeitura é arbitrária por caminhar exatamente na contramão do trabalho realizado, com sucesso, até o momento pelas Tendas: entender as especificidades de quem mora na rua e construir com essas pessoas a cidadania e o direito à cidade.

A política higienista da secretaria de Assistência Social insiste em tratar como, justamente, assistencialismo, o que é uma luta por moradia. Para substituir os centros de convivência – onde se pode lavar roupa e tomar por exemplo, mas não se pode dormir – a prefeitura deveria oferecer moradia digna, afinal casais não podem morar em albergues e a bolsa aluguel de 500 reais não paga uma casa na região. Mesmo que se divida com amigos. Além disso, ela trabalha em uma lógica esquizofrênica de fechar serviços para centralizar o atendimento ao invés do contrário, descentralizar e ampliar o atendimento a população de rua.

Quem transita pela Tenda Alcântara Machado tem ainda outra experiência, além de acessar o mínimo da dignidade que significa um banheiro: ali se observa moradoras e moradores de rua ativos politicamente, que constroem de fato o espaço de convivência e à revelia da prefeitura se apropriam de um espaço que os pertence. Através da autogestão do espaço – como a própria secretária de assistência social chamou a tenda – quem ali convive luta pelo seu direito a cidade. Foram propostas inclusive de complexificar o serviço, tornando-o mais humano, mas a prefeitura rejeitou.

O CATSo (Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais) tem como intenção se organizar com as pessoas que moram nas ruas da cidade, visando a garantia de direitos e o reconhecimento destas pessoas como parte desta cidade, além da busca de autonomia. Estamos convocando, junto à população de rua das Tenda Bresser e Alcântara Machado um ato para o dia 26 de Novembro, quinta-feira, às 17h em frente a Prefeitura de São Paulo contra o fechamento das tendas e remoção das comunidades da Alcântara e Bresser.

Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais.
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