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ELEIÇÕES ARGENTINAS
Vamos nos encontrar novamente nas lutas que virão
Nicolás del Caño
@nicolasdelcano

Um primeiro balanço do ex candidato presidencial da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina depois do segundo turno e da vitória de Macri.

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Uma grande parte dos mais de 600 mil votos que foram brancos ou nulos foram os votos mais conscientes contra o ajuste que, sem dúvida, vai aplicar o empresário Mauricio Macri. Esperávamos mais. Mas é evidente que o giro demagógico de Scioli na última parte da campanha entrou em um importante setor de trabalhadores.

Os únicos que denunciaram na campanha que viria um ajuste contra o povo trabalhador fomos nós, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. Scioli não o mencionou antes do primeiro turno, enquanto seus economistas afirmavam que eles também tinham que fazer um ajuste para que a crise fosse paga pelos trabalhadores, além de tramar com os “fundos abutres” e colocar a Argentina em um novo ciclo de endividamento que sabemos como terminará. Ao mesmo tempo anunciava o repressor Berni como seu futuro Ministro de Segurança, enquanto rodeava de governadores como Gioja, que é um empresário da mineradora contaminante Barrick Gold.

Desesperado pela derrota que se avizinhava, Scioli teve de sair a dizer muitas verdades nas últimas semanas: a desvalorização que propõe Macri implicará uma enorme transferência de ingressos desde os setores operários e populares para o capital mais concentrado dos banqueiros e grandes exploradores. Um novo saque contra o povo trabalhador. Claro que ele, ao não ter um programa alternativo que levasse a “ajustar os ajustadores”, porque se postulava para governar para as classes dominantes, não faria nada substancialmente distinto de Macri se ganhasse as eleições.

Mas, como dizia, muitos trabalhadores, com razão, acreditaram que Macri atacará nossas conquistas, mas consideraram que o voto em Scioli era uma forma de rechaçá-lo, na primeira disputa no segundo turno da história nacional. A realidade é que terminou primando a armadilha do mal menor.

Os próximos meses serão difíceis para os trabalhadores e o povo. Grande parte da burocracia sindical vai tratar de situar-se da melhor maneira para não perder seus privilégios, deixando aberto o caminho para os ataques contra os trabalhadores.
A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores é a única força política nacional que disse sem papas na língua desde o primeiro turno através das campanhas de rádio e televisão, e em numerosíssimas reportagens que nos fizeram os principais meios de imprensa do país, que temos de nos preparar para os ajustes que virão. Não só isso, mas lutar para que ninguém receba menos do que corresponde à renda mínima familiar. Pelos 82% do último salário para os aposentados. Pela eliminação do imposto ao salário e dos impostos ao consumo popular (IVA). Pela proibição das demissões e suspensões. Para isso, e manter as conquistas logradas, é necessário afetar os interesses dos grandes capitalistas que lucraram em todos estes anos. Por impostos progressivos às grandes fortunas e utilizar estes recursos a serviço de um plano nacional de moradias. Por um banco nacional único que pare a fuga de capitais e tire das mãos dos banqueiros a poupança nacional para colocá-lo a serviço dos créditos baratos para os pequenos comerciantes e produtores. Pelo monopólio estatal do comércio exterior para que não seja um punhado de monopólios os que administrem as aduanas e os portos em detrimento dos pequenos produtores. Pela proibição da mineração contaminante em todo o país.

Hoje somos conscientes de que a maioria do povo trabalhador que rechaça o ajuste não nos acompanhou em nossa proposta do voto nulo e votou por uma alternativa patronal. Nos encontraremos novamente nas ruas e nas lutas que virão contra os tarifaços, as demissões e a perda do poder aquisitivo que imporá o direitista Macri, e por varrer a burocracia sindical dos sindicatos. Mas ao mesmo tempo, seguiremos insistindo na necessidade de construir uma ferramenta política própria dos trabalhadores, a única garantia real para superar a lógica do mal menor e lutar por um bem maior para todo o povo, um governo dos trabalhadores.

 
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