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COVID
Segunda onda de COVID e criminoso descaso da Petrobras. A P-69 é um sintoma de como o lucro vale mais que as vidas
Redação

Dezenas de contaminados à bordo, e um show de arbitrariedades para garantir o lucro desrespeitando qualquer preocupação com a vida.

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Há vastas evidências de que novo surto de COVID está acontecendo no país. E tal como aconteceu durante toda a pandemia a Petrobras apresenta recordes de exposição e sofrimento para seus trabalhadores. Tal como em abril e maio há novos casos de contaminação generalizada em uma plataforma, agora na P-69. Esta caso expõe, mais uma vez, o descaso da empresa que está sendo dilapidada por Bolsonaro, Guedes e os militares do Conselho de Administração da mesma.

Está estampado em toda a mídia nacional o caso da P-69, com o desembarque da plataforma devido ao surto de COVID. Mas o que a grande mídia não relata é o show de horrores do caso que escancara como a produção, o lucro, vale muito mais que a vida dos petroleiros.

Dias atrás foi constatada que uma alta porcentagem da plataforma estava infectada e apresentava sintomas compatíveis com coronavírus. Sem testes abordo e equipes para higienização do ambiente, e com imensa demora para desembarcar os contaminados ou contactantes dos contaminados rapidamente boa parte da plataforma apresentava algum sintoma e vários foram colocados em repouso em suas cabines esperando o momento de desembarque. Em uma plataforma qualquer gripe costuma se alastrar. E não foi diferente neste novo surto de COVID. A única medida

Há cabines de repouso compartilhadas e muitas instalações com pressão negativa, ou seja, o ar externo não entra, ambiente ainda mais propício para difusão do vírus do que o habitual transporte público lotado. O cansaço de jornadas de 12hs somado ao stress da distância da família e outros entes queridos em meio a pandemia não é um fator menos relevante. Não é à toa que a Fiocruz emitiu um parecer meses atrás que comprovava nexo causal entre pegar COVID e trabalhar em plataforma na Petrobras, trata-se de instalações que tem índices de contaminação muito superiores à média nacional, ou seja, devem configurar como recordistas mundias em risco sanitário.

O que se seguiu foi ainda mais chocante, como relatado pelo Sindipetro Litoral Paulista que representa os trabalhadores. No dia do embarque de novas equipes e desembarque dos sintomáticos e seus contactantes a empresa resolveu economizar recursos e colocar os doentes no mesmo helicóptero, o que não foi aceito e toda a operação cancelada. Depois o mal tempo adiou mais alguns dias a operação e o pessoal doente seguiu confinado em uma plataforma a centenas de quilômetros da terra e as novas equipes confinadas em hotel, longe de suas famílias aguardando embarque.

A prioridade era colocar mais pessoas a bordo para garantir a continuidade da produção (e dos lucros) e não a disponibilização de um adequado helicóptero-hospital para retirada dos sintomáticos. Nem mesmo a equipe de higienização foi priorizada. Hoje, quinta-feira 19/11, os trabalhadores embarcaram tendo realizado seus testes para COVID sábado passado, ou seja, aumentando as incertezas inerentes ao tipo de testagem e ao tempo de incubação do vírus. Aqueles que desembarcaram o fizeram sem novos testes tendo que se confinar e testar pelo seu próprio bolso ou arriscar levar o surto para suas casas.

A mesma apreensão aguarda aqueles trabalhadores que “subiram” hoje. 14 dias em alto-mar e caso não se contaminem lá e queiram assegurar algo antes de retornar a suas residências terão eles que se auto-confinar e testar quando “descerem”.

Todo esse descaso com a saúde dos petroleiros acontece apesar dos riscos sanitários inerentes aos ambientes das plataformas e apesar das fortunas que esta unidade produz. Não há equipe para sanitarização do local e retirada de testes abordo sistematicamente e no mínimo no desembarque. Tudo isso para aumentar os lucros. A plataforma não teve sua carga reduzida, e portanto o contingente presente não foi reduzido para garantir os lucros em detrimento da saúde. Os trabalhadores que paguem com sua saúde o lucro dos acionistas.

A P-69 é um dos maiores navios-plataforma (FPSO) da Petrobras, desenhado para uma capacidade de produção de imensos 150mil barris/dia é uma peça crucial do pré-sal da Bacia de Santos. Em sua capacidade máxima de produção produz uma riqueza diária – em valores do petróleo e do dólar de hoje – a imensa fortuna de R$35 milhões por dia.

O caso da P-69 na maior e mais lucrativa empresa do país, dilapidada sob ameaça de privatizações para garantir lucros aos empresários imperialistas amigos do golpismo, é sintomático de como nesta nova onda de coronavírus as respostas dos governos e empresários é previsível. Colocarão os lucros acima da vida, como fizeram em toda a pandemia. É urgente uma resposta unitária dos sindicatos petroleiros a tantas privatizações, perseguições políticas, riscos sanitários, organizando um plano de luta a partir de assembleias de cada local de trabalho para fazer frente ao criminoso descaso, à criminosa privatização e precarização.

 
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