Foto: Fernando Donasci/Folhapress
Dados publicados pelo O Globo nesta semana indicam que durante a pandemia a parcela dos chamados nem-nem, jovens que não estudam nem trabalham, bateu recorde. Os jovens na faixa etária entre 20 a 24 anos que se encontram sem estudar nem trabalhar no último trimestre de 2019 contabilizavam 28,6%, neste ano totalizam 35,2% no segundo trimestre, ou seja, com um intervalo de apenas seis meses, maior porcentagem já registrada. Na faixa de 25 a 29 anos, os jovens nem-nem contabilizam 33%.
Analistas, economistas e consultores declaram como o problema está no mercado de trabalho e na falta de empregos, especialmente para os recém-formados que acabam sendo secundarizados no momento de contratação, que pelo desemprego crescente, está escassa.
Mais do que a evasão dos estudos ou redução na frequência escolar, os dados indicam o aumento do desemprego na juventude. Jovens adolescentes, especialmente pertencentes à rede pública de ensino, encontraram maior dificuldade de se manter nos estudos durante a pandemia e o ensino remoto, visto as desigualdades, falta de estrutura, internet, computador, etc. Entretanto, jovens mais velhos, pertencentes ao ensino superior, ainda que apresentem desigualdade e uma diferença de dados a depender da classe social que o jovem faz parte, no geral conseguiram se manter nos estudos digitais.
Os jovens são mais propensos a serem demitidos também. A proporção de jovens de 25 a 29 anos empregados caiu de 70,5% para 60,9% entre o último trimestre de 2019 e o segundo deste ano. Para os jovens de 18 a 24 anos a queda no emprego foi de 21,9% comparando o segundo trimestre de 2019 com deste ano. Isso significa que em um intervalo de um ano, um em cada três jovens trabalhadores, perdeu o emprego. Por conta da crise econômica e desemprego, reinserir este jovem no mercado de trabalho tem sido tarefa árdua, explicando o recorde de jovens nem-nem.
Analistas preveem também que a informalidade tende a crescer ainda mais entre a juventude. Na pandemia o posto de trabalho informal cresceu bastante, seja de freelancer, autônomo, seja os trabalhos informais precários vinculados a serviços por aplicativo que neste ano aumentaram muito. As perspectivas são de que a informalidade cresça ainda mais após a pandemia, quando o auxílio emergencial será cortado. Os jovens são os principais candidatos à esse tipo de trabalho.
A pandemia afetou muito a vida da população, a renda das famílias, os empregos cortados e flexibilizados, contabilizando índices históricos de desemprego. Esses dados demonstram como essa situação afeta a juventude, deixando-a sem perspectiva de futuro, de renda e desenvolvimento profissional, sendo os primeiros a serem destinados a postos de trabalho mais precários e informais, com direitos flexibilizados e contratos instáveis.
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