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UFABC
Ataques a UFABC em meio a crise nacional e as eleições, como podemos dar uma saída a esquerda?
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC
Jenifer Tristan
Estudante da UFABC

Estamos em meio a primeira eleição desde o governo Bolsonaro, com debates sendo travados cada vez mais entre a direita e extrema direita, a juventude e os estudantes sofrem pesados cortes do MEC, intervenção de Bolsonaro na escolha de reitores, invasões de aulas EAD por grupos bolsonaristas entre outras coisas. Queremos fazer um debate com os estudantes da UFABC de como a juventude pode cumprir um importante papel para dar uma saída a esquerda a crise que vivemos.

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São as primeiras eleições no governo Bolsonaro, marcado por um regime nascido do golpe institucional de 2016 em que os diferentes atores como Judiciário (com STF e Lava-Jato), o Congresso e suas alas estão unidos para atacar mais profundamente os trabalhadores. Como aconteceu em sua unificação para aprovação da reforma da previdência e acontece agora na articulação para a reforma administrativa. Símbolo disso foi o abraço que percorreu as redes, entre Toffoli e Bolsonaro mostrando sua união em torno de atacar os trabalhadores e os estudantes.

Nesta conjuntura nacional, a juventude com os trabalhadores podem ser uma alternativa política a esquerda do PT, baseado na auto-organização desde a base para lutar nacionalmente nas ruas contra Bolsonaro enfrentando todo este regime apodrecido e os ataques para arrancar esperança ao futuro. Uma luta que é para além das eleições.

Já são diversos cortes na educação básica e superior e em particular na UFABC os cortes do MEC podem comprometer metade do seu orçamento. Também foi na UFABC que recentemente vimos ataques de neofascistas em seminários, por grupos que se sentem encorajados pelas aulas EAD que já trazem uma precarização do ensino pelas dificuldades que acarreta, e tentam conter o pensamento crítico e a liberdade de expressão

UFABC e universidades federais: educação em risco

Além de Bolsonaro que nunca escondeu seu anseio em reprimir os estudantes e abrir espaço para os processos de sucateamento e privatização das universidades federais, a pandemia impôs condições difíceis para os estudantes com o EAD, em especial os estudantes pobres das universidades públicas.

O corte de bolsas e auxílio que vem de alguns anos em diversas faculdades e também na UFABC, fruto tanto da falta de financiamento mas também de cortes implementados pelas reitorias, ameaça a vida de muitos estudantes e do futuro da educação pública.

Por um lado isso abre espaço cada vez maior para a entrada de empresas (indústrias, bancos e mercado financeiro) dentro das universidades. Que também tem um projeto privatista para as universidades públicas, apesar de utilizar de seu conhecimento. Aqui na UFABC vemos isso a partir da grande participação de diversos bancos na vida universitária e que também afeta no conhecimento produzido. Por outro lado, serve também para conter o pensamento crítico e a liberdade de expressão como vimos com os recentes ataques bolsonaristas e fascistas a aulas e seminários.

Nessas eleições queremos debater com os estudantes, como a juventude pode lutar nacionalmente contra os ataques a educação e contra todos os ataques que ameaçam seu futuro.

Os estudantes mostraram sua força nas mobilizações pela educação em maio de 2019. Mas apesar de colocarem energia nas ruas, essa força foi contida pelas direções das maiores entidades estudantis como a UNE e UBES dirigida pelo PCdoB e pelo PT. Foram um verdadeiro freio para a expansão da luta, ao não organizarem os estudantes pela base para levar a luta contra Bolsonaro adiante, preferindo apostar em uma estratégia eleitoral para 2022

Contudo nas eleições, o que vemos é o PT e o PCdoB se aliando cada vez mais a direita para se mostrarem como uma alternativa viável para administrar o capitalismo, mesmo em meio a crise. Só o PT está coligado com o PSL (partido que elegeu Bolsonaro) em mais de 140 cidades. E segundo Manuela D’avila do PCdoB ela buscará "um diálogo respeitoso com Bolsonaro" se eleita em Porto Alegre. Com certeza não será se coligando com o PSL ou buscando um "diálogo respeitoso com Bolsonaro" que conseguiremos combater a extrema-direita.

Infelizmente, os grupos que aparecem para amplos setores das massas como alternativas à esquerda do PT, como o PSOL, nas insistem em repetir os erros do PT (http://www.esquerdadiario.com.br/Erra-a-esquerda-que-quer-administrar-o-regime-do-golpe-em-vez-de-enfrenta-lo) com coligações nas eleições com partidos golpistas como a Rede, o PDT e o PSB, e em algumas cidades estão inclusive com partidos da direita. Outros grupos como o PCB e a recente Unidade Popular pelo Socialismo (UP) que está na direção do DCE aqui da UFABC, e que reivindicam o stalinismo, estão coligados com partidos burgueses que apoiaram o golpe institucional, a Lava Jato, a prisão arbitrária do Lula e ataques como a Reforma Trabalhista e da Previdência, como a REDE e o PDT em algumas cidades.

Isso mostra que para esses setores que se colocam contra Bolsonaro, mesmo nas eleições, tem uma concepção de unidade que não é a unidade entre os trabalhadores, estudantes e o conjunto da população, mas uma unidade com partidos burgueses que se dizem contra Bolsonaro, mas também ajudaram o ajudaram a aprovar as reformas que retiraram diversos direitos.

A unidade que precisamos construir é da juventude com os trabalhadores

Os erros das organização que não buscam se enfrentar com o regime do golpe, e buscam se integrar a ele a partir destas coligações, se baseia também numa separação entre as lutas que precisamos fazer e a sua atuação políticas nas eleições. Mas se olharmos estas duas atuações, da luta de classes e do parlamento, não se explica como é possível estar ao mesmo tempo ao lado dos servidores públicos de SP ou de partido como a Rede que aprovou a Reforma da Previdência de São Paulo em base a repressão e violência contra esses mesmo trabalhadores. Como estar ao lado da juventude e daqueles que ceifaram seu direito a aposentadoria? Ou ainda das mulheres, dos negros e das LGBT se estão ao mesmo tempo com os agentes do golpe institucional que exige cada vez mais que sejamos nós a pagar com nossas vidas por esta crise sanitária?

Por isso, a ideia de "independência de classe" não é uma fraseologia para palanques e discursos em assembleias é um guia para pensar uma atuação revolucionária que possa fortalecer a luta dos trabalhadores e da juventude. Se a situação hoje no país está baseada numa disputa eleitoral entre direita e extrema direita, a esquerda que busca se coligar com a direita e o "centrão" não está buscando nenhuma caminho para mudar este horizonte. Isto porque seria ridículo pensar que a Rede, o PDT e o PSB numa coligação com PSOL, UP ou PCB estariam se "esquerdizando".

O sentimento legítimo dos trabalhadores e jovens que vêem a necessidade fundamental de construir uma ampla unidade para enfrentar os ataques do bolsonarismo, tanto na educação mas de forma geral, não pode ser capitalizada para uma estratégia que visa utilizar nossa energia e indignação para repetir os mesmos erros que nos trouxeram até aqui.

Por essa unidade de estudantes e trabalhadores com independência de classe, sem alianças com partidos burgueses ou com partidos que freiam nossas lutas, para atuar não somente nas eleições que nós da juventude Faísca e do grupo de mulheres Pão e Rosas na UFABC construímos a campanha da Bancada Revolucionária de Trabalhadores em São Paulo, composta por Diana Assunção, Marcelo Pablito e Letícia Parks. Que defendem uma luta nacional pelo Fora Bolsonaro e Mourão, pela anulação das reformas e por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana contra todo o regime podre do golpe institucional.

Com esse debate que colocamos aos estudantes e com nossa atuação nos locais de trabalho e na universidade queremos convidar todas e todos para conhecer profundamente a bancada revolucionária de trabalhadores que realizará uma plenária de juventude no próximo sábado 24/10 as 16h.

Para mais informações envie mensagem para (11) 99590-4564.

 
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