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DERROTAR BOLSONARO NAS URNAS?
"Querem que esperemos até 2022 para derrotar Bolsonaro enquanto ataques avançam", diz Letícia Parks
Redação

A estratégia de esperar 2022 para derrotar Bolsonaro nas urnas é a receita para permitir que sejamos cada vez mais atacados enquanto nos consolam com uma esperança totalmente ilusória. Veja a opinião de Letícia Parks, candidata a vereadora em São Paulo pela bancada revolucionária de trabalhadores do MRT.

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Em meio às eleições municipais que expressam em grande medida um debate político nacional, lideranças dos partidos tradicionais têm debatido as eleições presidenciais de 2022. PT e mesmo lideranças da esquerda, como PSOL, veem nas eleições de 2020 uma “preparação” para derrotar Bolsonaro nas urnas daqui a dois anos. Dirigentes petistas vêm debatendo um plano de “imitar” Alberto Fernández para conseguir derrotar Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais.

O Esquerda Diário ouviu Letícia Parks, candidata a vereadora em São Paulo pela bancada revolucionária de trabalhadores do MRT, sobre o que ela pensa a respeito dessa perspectiva:

“A perspectiva de preparar uma vitória eleitoral para daqui a dois anos é criminosa. Querem que esperemos até 2022 para derrotar Bolsonaro enquanto ataques avançam. Estamos em meio a um governo de extrema-direita que desde o início vem impondo ataques históricos, como a reforma da previdência, o recorde de queimadas, os aumentos na violência e opressão contra mulheres, negros e LGBTs, o aumento do massacre dos povos indígenas nas mãos do agronegócio e das mineradoras, a MP da morte e a exposição de milhões de trabalhadores à pandemia do coronavírus, entre tantos outros. Frente a isto tudo, querer aguardar passivamente pensando em uma perspectiva de derrota eleitoral da extrema-direita daqui a dois anos, com a herança de gerir os escombros deixados por esse governo, é um crime digno da estratégia petista, que por mais de uma década se conformou ao papel de gestor dos negócios dos capitalistas, implementando ataques como a reforma da previdência de Lula ou conduzindo a ocupação militar do Haiti.

A outra cara dessa política eleitoral de querer se propor como uma ‘gestão possível’ para os capitalistas em 2022 nós vemos na paralisia completa que PT e PCdoB impõem nos sindicatos dirigidos pela CUT e CTB, centrais sindicais que controlam respectivamente. Vimos a heroica organização dos entregadores de aplicativos, a grande greve dos trabalhadores dos Correios, lutas que foram boicotadas por essas centrais e que expressam como havia disposição de luta entre os trabalhadores, mas que foi barrada pela miséria dessa estratégia eleitoral. Enquanto isto, o que o PT faz para supostamente fortalecer suas posições eleitoralmente é se coligar com nada menos do que o PSL, partido que elegeu Bolsonaro, em mais de 140 municípios: é o retrato do absurdo dessa estratégia, estão se aliando com o partido que cresceu do bolsonarismo para ‘enfrentar’ Bolsonaro!

Dificilmente poderíamos esperar outra coisa desses partidos que vieram da esquerda, mas que se tornaram ‘capatazes’ dos negócios capitalistas. Contudo, é lamentável ver que dentro do PSOL, o maior partido à esquerda do PT, despontam cada vez mais figuras procurando repetir essa estratégia lamentável, como vimos na tentativa de barganha eleitoral de Freixo em busca de uma frente ampla com partidos burgueses para disputar a prefeitura, ou nas frente em Belém e Florianópolis que incluem até mesmo partidos que votaram pelo golpe institucional de 2016, como PSB e PDT.

Nos recusamos a participar desse ‘vale-tudo eleitoral’, que é a consequência do abandono de uma estratégia centrada em organizar a classe trabalhadora para resistir e lutar, aglutinando em torno de si todos os setores aliados, como a juventude, as mulheres, negros, LGBTs e indígenas, os camponeses, sem-teto, sem-terra, etc. É com a resistência no terreno da luta de classes, com métodos como as greves, ocupações, piquetes, mobilizações de rua, que poderemos impor um real obstáculo a Bolsonaro, que hoje conta com um pacto com STF e Congresso para poder passar seu rolo compressor sobre nós. Em um regime cada vez mais autoritário e fechado, não podemos apostar em esperar as eleições presidenciais com a perspectiva de novas alianças oportunistas com partidos patronais em busca de uma ‘vitória’ nas urnas. O poder dos trabalhadores não está em seu voto, mas em seu número, sua importância social e econômica como aqueles que fazem toda a sociedade funcionar. É essa organização que pode nos mostrar a saída, e a participação nas eleições deve estar a serviço de fortalecê-la. A partir da nossa organização podemos lutar para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para a qual elejamos nossos representantes para acabar com esse regime político e refazer todas as leis e instituições de acordo com as necessidades da grande maioria. Para isto, devemos esperar toda a resistência por parte dos capitalistas, que teremos que enfrentar com nossa auto-organização.”

 
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