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FAÍSCA RIO GRANDE DO SUL
Rumo à plenária do dia 14 na UFRGS: Contra Bulhões e o regime universitário antidemocrático, por uma estatuinte livre e soberana!
Caio Reis

A UFRGS se tornou alvo da 13° intervenção do governo em universidades e institutos federais, como parte de inúmeros ataques aplicados por Bolsonaro, os militares, o Congresso, o STF e o conjunto do regime político do golpe. Com o reitor interventor Bulhões, querem impor um regime universitário ainda mais autoritário que o atual. É preciso mobilizar a comunidade acadêmica em cada unidade rumo à plenária do dia 14 e por uma estatuinte livre e soberana, onde sejamos nós a decidir o futuro da UFRGS!

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Com a entrada de Bulhões na reitoria da UFRGS, a universidade se tornou a 13ª sob intervenção direta de Bolsonaro no Brasil. É mais um brutal avanço contra as universidades públicas e em uma conjuntura muito reacionária, com quase 150 mil mortos devido à pandemia e inúmeros ataques sendo aplicados.

O DCE da UFRGS (MES/PSOL, PCB, UP, Alicerce e Afronte), junto às demais entidades de pós-graduação e servidores, está chamando uma plenária geral da universidade para o dia 14 (17h). Nós da Faísca nos somamos ao chamado pois sabemos que a auto-organização dos estudantes é a única via de derrotar de fato a intervenção de Bolsonaro, assim como é também o caminho para enfrentar os cortes do governo e de nos unir com os trabalhadores para enfrentar os ataques já aplicados, como a reforma da previdência, a reforma trabalhista e as MPs da fome, assim como também os que virão. A reforma administrativa é mais um forte ataque contra a saúde e a educação que, somada à intervenção, pode significar maiores demissões, terceirização e ameaça a currículos, pesquisas e atividades acadêmicas.

A escolha de um dos indicados na lista tríplice, apesar de ilegítima, é considerada dentro da legalidade. Bolsonaro se vale de um mecanismo criado pelos militares da ditadura para avançar com seus objetivos de maior privatização e patrulhamento ideológico nas universidades. Por isso em nossa luta contra a intervenção também precisamos nos enfrentar com esse estatuto antidemocrático, mantido por todos os governos até aqui, inclusive os do PT.

Com um governo de extrema direita, neoliberal e negacionista, esses mecanismos autoritários se escancaram como ferramentas para aprofundar os ataques contra as universidades. Não podemos aceitar! Para barrar a intervenção é preciso auto-organização, é preciso tomar a luta em nossas mãos, unificando estudantes e o conjunto da comunidade acadêmica com os trabalhadores de dentro e fora da universidade.

A organização dos estudantes junto aos trabalhadores é o caminho através do qual podemos desenvolver as forças necessárias para enfrentar o conjunto do regime universitário antidemocrático e esse estatuto herdado da ditadura. Por isso nossa luta contra a intervenção, para derrubar Bulhões, é também por uma nova estatuinte universitária livre e soberana, na qual cada um tenha igual direito de votar sobre como deve funcionar a universidade. Livre por não ser tutelada pelo governo nem pela atual burocracia acadêmica, soberana porque se sobrepõe a todas as estruturas de poder vigentes.

Uma estatuinte assim deve ter o princípio democrático de um voto por cabeça, garantindo que cada setor seja representado de acordo com seu peso. A paridade (33-33-33), reivindicada pelo DCE e outros setores dentro da universidade, é uma forma de gestão da universidade menos antidemocrática que o atual regime, mas que não se enfrenta diretamente com o conjunto da estrutura de poder arcaica e, nela, o voto de um professor, ainda vale mais que o de um estudante.

Defendemos uma grande campanha por uma estatuinte livre e soberana na universidade, abrindo espaço para debater um projeto de universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, reivindicando medidas como uma gestão tripartite (composta pelos três setores de acordo com sua representação real na universidade, ou seja, com maioria estudantil), a efetivação de todas as terceirizadas sem necessidade de concurso, o fim dos processos seletivos de ingresso e o fim da presença do capital privado na universidade (que lucra com pesquisas que deveriam ser públicas). Com isso seria possível, por exemplo, girar o aparato universitário para o combate à pandemia e para buscar respostas aos grandes problemas nacionais como saneamento, infraestrutura e emprego.

Mesmo sem Bulhões, dentro da UFRGS nem todos são nossos aliados. Há anos a universidade vem perdendo áreas para o setor privado. A antiga reitoria de Opperman foi parte importante desse processo, governando no interesse de grandes empresas e inclusive dos militares. Ser contra a intervenção, portanto, passa longe de defender Rui e sua burocracia encastelada no Conselho Universitário (Consun), responsáveis até aqui por imporem ataques aos cotistas, bolsistas, trabalhadores efetivos e terceirizados.

Não nos enganemos: contra nós, há muito mais semelhanças do que diferenças entre Bulhões e o Consun. Está convocada uma próxima reunião do Consun para o dia 16, e é preciso exigir que ela seja transmitida ao vivo na internet, contra toda e qualquer manobra pelas nossas costas!

Com mais de uma dezena de intervenções e uma conjuntura nacional reacionária contra nós, o desafio imposto aos estudantes é enorme. Sozinhos não temos a força necessária para barrar as intervenções e os cortes anunciados por Bolsonaro. É preciso ter clareza que as saídas institucionais não derrotam as intervenções, como promete a direção da UNE (PT e o PCdoB de Manuela d’Ávila) ao depositar suas forças em negociações com o Congresso e, atualmente, com o reacionário STF através de um processo aberto pelo Partido Verde (!).

Essa mesma UNE e seus partidos dirigentes deveriam estar impulsionando uma forte campanha em todas as universidades, com ações de agitação, assembleias, debates e batalhando pela aliança com os trabalhadores de dentro e de fora das universidades, ainda mais considerando que ambos partidos, PT e PCdoB, dirigem a CUT e a CTB respectivamente, duas enormes centrais sindicais de peso nacional, que seguem negociando os direitos da classe trabalhadora enquanto traem lutas importantes como a greve dos Correios. Ao invés de se enfrentarem com Bolsonaro e Mourão mobilizando as centenas de milhares de estudantes e trabalhadores que dirigem, estão se coligando com o PSL e outros partidos golpistas e de direita como DEM e Patriotas em centenas de cidades. Buscam um espaço no regime ao invés de enfrentá-lo.

Veja também: Dia Nacional do Estudante: por que nesta crise a UNE comemora tantas vitórias

É por essas ideias que nós da Juventude Faísca batalhamos. No CaDi e no CATC ao lado das e dos estudantes de artes visuais, teatro e história da arte, organizamos assembleias de curso, erguemos faixas e lançamos campanhas de fotos e vídeos denunciando a intervenção e chamando à plenária do dia 14. Convocamos todas e todos estudantes da UFRGS que querem lutar contra Bolsonaro e Bulhões a serem parte dessa batalha com nós.

A campanha da Valéria Muller, candidata à vereadora em Porto Alegre, militante da Faísca e estudante da UFRGS, também está a serviço dessas e de outras batalhas em curso. Chamamos toda a juventude a se somar na campanha de fotos chamando a plenária geral do dia 14, contra a intervenção e por uma estatuinte livre e soberana na UFRGS, contra qualquer manobra antidemocrática de Bulhões e do Consun.

Fazemos um convite a conhecer nossas ideias e, nesse processo, a batalhar pela construção de um partido revolucionário que seja ferramenta de todas essas lutas, combatendo as burocracias sindicais e estudantis, e possa ser parte de abrir caminho para erguer, sobre os escombros da velha sociedade, um mundo livre de todo tipo de exploração e opressão. Só assim será possível impormos que a educação seja inteiramente gratuita e de qualidade, para que toda juventude e os filhos da classe trabalhadora tenham o direito de estudar na universidade pública e que ela esteja a serviço de produzir conhecimento para a sociedade e não para o lucro dos empresários.

 
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