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PARALISAÇÃO CONTRA DEMISSÕES
LATAM autoriza voos sem segurança para furar paralisação dos trabalhadores
Redação

Em Guarulhos (SP) a empresa manteve cerca de 7 voos sem a vistoria de segurança na carga das aeronaves. Alguns materiais ocasionam reações químicas, e seus efeitos podem causar incêndios ou até a queda do avião.

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Foto: Reuters/Tracy Rucinski

Os Despachantes Operacionais Terrestres (DOT) da empresa de transporte aéreo LATAM Airlines Brasil em Guarulhos (SP) paralisaram as atividades na noite de terça (6) com continuidade nesta quarta (7), contra a ameaça arbitrária de demissão de 50 trabalhadores.

Apesar do acordo que reduziu os salários e previu como mínimo a estabilidade de emprego até o fim do ano, a empresa descumpre o acordo e propõe demitir e terceirizar o setor.

A função dos DOTs é fundamental para a segurança do voo, operando o balanceamento do carregamento de bagagens e mercadorias no porão da aeronave, o que por sua vez é fundamental para a segurança de todos os tripulantes da aeronave.

Ainda assim, a LATAM permitiu que saíssem voos na terça a noite (6) sem a vistoria de segurança feita pelos DOTs, expondo centenas de pessoas a risco.

Em relato confidencial enviado ao Esquerda Diário, um trabalhador conta que a empresa burlou o procedimento de segurança de cerca de 7 voos para tentar furar a paralisação dos trabalhadores e manter as viagens a qualquer custo. O balanceamento das cargas foi feito de forma remota, automática, sem o acompanhamento de um trabalhador especializado no porão da aeronave.

O trabalhador diz que a empresa burlou também a vistoria de cargas perigosas. Assim, os tripulantes foram obrigados a fazer o voo sem saber se havia algum conteúdo inflamável ou explosivo nas bagagens dos passageiros. Alguns materiais ocasionam reações químicas, e seus efeitos podem causar incêndios ou até a queda do avião.

Os trabalhadores Despachantes Operacionais Terrestres estão em contato com os tripulantes para que neguem a levantar voo sem as informações acerca da bagagem que estão carregando.

27 dos 31 voos de ontem a noite foram atrasados pela paralisação dos trabalhadores de uma única seção, mostrando como o mundo não se move sem seu trabalho e que as reivindicações são mais do que justas mediante o papel estratégico que cumprem.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, chamado Governador André Franco Montoro, é o maior aeroporto do Brasil e da América do Sul, e o segundo mais movimentado da América Latina em número de passageiros transportados. A paralisação em poucas horas causou um grande impacto na operação pelo peso da categoria no aeroporto.

De fevereiro até agora foram quase 5 mil demissões. Ainda assim a empresa quer demitir e reduzir salários de mais de 1200 tripulantes. Além disso, muitos trabalhadores não estão recebendo seus Vales Refeição e Transporte. Em relatos ao Esquerda Diário, trabalhadores disseram que é uma realidade na vida de um aeroviário trabalhar 12 ou mais horas por dia para somar um salário de aproximadamente 2 mil reais.

A ameaça de terceirização que ocorre no setor dos DOTs paira sobre toda a Latam (e também de outras empresas como a Gol) desde antes da pandemia. Não é, portanto, uma medida impulsionada simplesmente pela crise como justifica a empresa, mas sim pela ambição de aumentar a margem de lucro através da flexibilização dos direitos trabalhistas.

Em nota, a LATAM informou que a partir desta quarta (7) toda a operação feita pelos DOTs no aeroporto de Guarulhos passará a ser controlada pela terceirizada Orbital. "Esta ação da empresa de terceirizar esses serviços junto a Orbital já vinha sendo implementada desde setembro de 2018. A Orbital foi contratada e assumiu toda a operação da Latam de rampa e limpeza (ground handling), gestão de equipamentos de solo (GSE) e atendimento a clientes com bagagens perdidas ou danificadas (lost luggage)", disse a empresa.

As medidas do governo Bolsonaro, com a colaboração do Judiciário e do Congresso, proporcionaram a licença e os instrumentos jurídicos para que os patrões de empresas como a LATAM ataquem os trabalhadores, como a reforma trabalhista e a flexibilização ainda maior dos direitos trabalhistas durante a pandemia.

Saiba mais: Em entrevista, Rodrigo Maciel, presidente do sindicato de aeroviários de Guarulhos diz que a demissão em massa do setor de DOTs na LATAM torna a aviação insegura para os passageiros, e que a empresa desrespeitou o acordo que garantiria estabilidade para os trabalhadores

 
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