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"Unidade Popular" com partidos direitistas: UP e sua conciliação de classes
Douglas Silva
Professor de Sociologia

As primeiras eleições sob o governo Bolsonaro também coincidem com as primeiras eleições da Unidade Popular (UP), partido recém-fundado, mas com suas origens no antigo PCR de tradição stalinista, o qual em sua primeira participação no processo eleitoral escancara toda a lógica oportunista, sob o véu de combatividade que não resistiu nem as primeiras eleições no regime do golpe institucional e de Bolsonaro. Agora, a UP, de acordo com o site do TSE, sela sua coligação eleitoral com um partido burguês golpista, como a REDE, que votou a favor do golpe e todas as reformas anti-operárias, além do PT e PCdoB, como parte de sua tradição de conciliação de classes.

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Atualizada em 06/10: consta também no site do TSE a participação da UP em coligação com MDB e Avante na cidade de Patos-PB. Hoje, alguns militantes da UP informaram, em comentários nas redes sociais, que o partido pretende ainda protocolar um pedido de retirada dessa coligação. Não há, até o momento, nenhum documento oficial da UP ratificando a saída da coligação. Atualizamos a matéria com essa informação.

Diante desse cenário a UP não oferece nenhuma resistência a se coligar com partidos direitistas do regime em detrimento de qualquer estratégia de independência de classe, o que para o stalinismo nunca foi um princípio. Em Florianópolis com PSB e PDT, em Belém com Rede e PDT, cidades cujas coligações também incluem o PT, e na capital de Santa Catarina o PCdoB. Como combater Bolsonaro, a extrema direita e a conciliação de classes se coligando com a partidos burgueses e aderindo ao vale tudo eleitoral?

Enquanto Bolsonaro e Toffoli se abraçam selando o pacto de ataques contra a classe trabalhadora e a população pobre, com o apoio de todas as instituições do regime do golpe e dos partidos burgueses.

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A coligação com o partidos burgueses é expressão do DNA de organizações de tradição stalinista, as quais se acostumaram ao longo de décadas a conciliar com a burguesia nacional enquanto se escondem por baixo de uma suposta combatividade que não resistiu nem as suas primeiras eleições como partido legalizado no final do ano passado.

Na contramão do combate à extrema-direita vende a falsa ilusão de que para combater Bolsonaro e militares podemos confiar nos partidos da ordem, em burgueses e seus representantes, que fazem parte do mesmo regime degradado do golpe institucional, que garantiu a manipulação das eleições por meio da prisão arbitrária de Lula e o aprofundamento de ataques ainda mais duros do que os que vinham se materializando durante os governos petistas, sobretudo no último governo Dilma. As aspirações do stalinismo, e da UP enquanto partido, não consegue ir além da conciliação de classes, para a qual não existe antagonismo em se aliar com aqueles que, quando eleitos, serão os responsáveis por administrar os negócios da burguesia e atacar os trabalhadores.

Das saídas institucionais com golpistas às coligações nas eleições

Durante o momento mais frágil do governo Bolsonaro, com ligeira queda de sua popularidade, inclusive entre aqueles que foram base de sustentação para a eleição do capitão, a UP, bem como partidos de esquerda como o próprio PCB, também de tradição stalinista, apoiaram-se nas mesmas instituições e golpistas que abriram caminho ao bolsonarismo numa lógica de “frente ampla” pelo impeachment que, em última instância, significou deixar de se enfrentar contra os ataques aos trabalhadores que unia o conjunto dos partidos da ordem, mesmo que numa suposta oposição a Bolsonaro.

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A UP fez coro a setores da esquerda que escolheram confiar todas suas cartas nas instituições burguesas ao invés de se apoiar na luta de classes e na construção de um polo independente contra Bolsonaro, Mourão e golpistas. Mais uma vez, o stalinismo de organizações como UP e PCB demonstrou sua total incapacidade de se apoiar na luta independente dos trabalhadores, para apoiar-se em setores da burguesia e de seus partidos, levando a reivindicação do impeachment como o auge de aspirações dessas organizações e enterrando qualquer possibilidade de se enfrentar o bolsonarismo naquele momento, inclusive permitindo uma estabilidade do governo em comunhão com o centrão.

O erro de depositar toda a confiança no impeachment, que acabava por levar Mourão à presidência, se apoiando e quase implorando para que fossem golpistas como Maia (DEM) e todo o Congresso a oferecer uma saída aos milhares de trabalhadores atacados pelo governo de extrema-direita de Bolsonaro, é uma expressão da mesma lógica de quem se guia pela bússola quebrada do stalinismo. Em que um discurso combativo como o que tenta expressar Leonardo Péricles em BH, esconde uma prática que pretende mergulhar de cabeça nas eleições em meio ao bolsonarismos e se coligando a direitistas, que não tem no centro o combate aos herdeiros do golpe e as instituições desse regime degradado, responsáveis pela aprovação da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados de mãos dadas com Bolsonaro e selando onde acaba toda e qualquer diferença: nos ataques aos trabalhadores.

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Ao se coligar com burgueses golpistas, a esquerda acaba por legitimar o regime do golpe e abrem mão de utilizar o momento das eleições para construir um polo de independência de classe que enfrente o conjunto do regime golpista e a extrema direita, o que é impossível fazer se coligando com partidos burgueses e a direita golpista. Não será possível, ainda que sob um discurso combativo, que a esquerda possa construir uma alternativa aos ataques a nível nacional aderindo ao vale tudo eleitoral se coligando com direitistas e golpistas em várias partes do país. Afinal, foi em meio a coligações desse tipo que o PT pavimentou o caminho para o golpe, à direita e extrema-direita. É necessário construir uma esquerda que supere o PT pela esquerda, coisa que o estalinismo nunca será capaz de fazer, pois a conciliação entre as classes é parte do seu DNA.

Atualizado em 6/10

Retiramos a menção à coligação de Patos (PB) em que o partido aparecia coligado com MDB e Avante, frente à informação recente de que a UP solicitou sua retirada desta coligação. A informação anterior baseada no site do TSE, ainda aparece disponível na plataforma, estando pendente ainda a oficialização da retirada da candidatura.

 
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