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COLIGAÇÕES DO PSOL
Em vale tudo eleitoral, PSOL tem coligações com PSDB, MDB, DEM e PSC
Daphnae Helena

Seguindo a trilha da conciliação petista, PSOL faz coligações eleitorais Brasil afora com partidos da direita e do centrão, linha de frente dos ataques aos trabalhadores nos últimos anos.

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Nestas eleições municipais, o PSOL aprovou coligações de norte a sul do Brasil com partidos que são os articuladores dos ataques aos trabalhadores como o PSDB, MDB e DEM, além do PSC que é ex-sigla de Jair Bolsonaro. Estes partidos são integrantes das mesmas coligações que o PSOL em: Maués (AM), Tefé (AM), Caçapava do Sul (RS), Tomé Açu (PA), Limoeiro (PE), Patos (PB), Riachão do Jacuípe (BA), Serra Talhada (PE), Ubá (MG) e Arinos (MG).

Para além das coligações com partidos de conciliação de classes como o PT e PCdoB, e de partidos burgueses como PDT e PSB - que embora tenham feito discursos no parlamento contra a retirada de direitos, passaram a reforma da previdência nos estados e municípios nos quais governam-, o PSOL se encontra ligado com a nata da direita golpista em algumas cidades nessas eleições. O partido aprofunda o vale tudo eleitoral se coligando em algumas cidades do país com aqueles que diretamente foram os articuladores desses enormes ataques à classe trabalhadora como PSDB, DEM e MDB, além do PSC. Em quinze municípios, o PSOL se coligará com a REDE que apoiou o golpe institucional, a prisão arbitrária de Lula e a reforma da previdência. Seguem, com essa prática, o caminho da conciliação petista, indo na contramão de qualquer combate consequente à extrema-direita e à direita no país.

Veja também: PT coligado com PSL em 140 cidades: na contramão de qualquer combate à direita golpista

O PSOL sairá coligado com PSDB em Maués (AM) com a coligação “Aliança por Maués”, apoiando o candidato Alfredo Almeida do PL à prefeitura da cidade, junto com PP, Podemos, PMN, PRTB, DC, Avante, além de PDT, PSB, PC do B. O PL é o partido do inominável Waldemar da Costa Neto, e junto ao PP de Ciro Nogueira, são base de apoio ao governo Bolsonaro. Que tipo de combate à extrema direita se pode fazer assim?

Além de Caçapava do Sul (RS), onde o PSOL está apoiando à prefeitura Giovani Amestoy da Silva do PDT, numa coligação com PSDB e DEM, além de PTB. O PTB é parte do centrão, que hoje abraça Bolsonaro, e não precisamos explicar o papel que DEM e PSDB tiveram, desde o golpe institucional até a aplicação de todas as contrarreformas ultraliberais - como a reforma da previdência. Como seria possível combater as reformas se coligando com seus articuladores?

Com o PSC, ex-partido de Bolsonaro, o PSOL está coligado na cidade de Ubá (MG), junto com Podemos, DC, PSB e PC do B. Na cidade de Arinos, no mesmo estado, em coligação com PSB, PSD, Solidariedade, PTB e PL. Além da coligação em Conceição da Feira (BA) compartilhada com Podemos, Rede, PSB e PT. O PSC é sigla do asqueroso Witzel, aquele que em 2018 estava no palanque ao lado de Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, ambos do PSL, quando estes quebraram a placa de Marielle Franco, vereadora assassinada do PSOL, no Rio de Janeiro.

Com o DEM, o PSOL também estará coligado em Tefé (AM), na coligação “Eu amo Tefé” apoiando a reeleição o candidato Normando Bessa do PP, junto com Republicanos, PT e PC do B.

No Pará a coligação com o DEM é na cidade Tomé-Açu junto com PDT, PTB, Podemos, Cidadania, PSD e PL. E na Paraíba na cidade de Patos coligado com DEM, PDT, PT, Avante e UP.

Já com o MDB, o partido estará na Bahia em Riachão do Jacuípe, apoiando Zé Filho, candidato a prefeito pelo PSD numa coligação com MDB, PP, PODEMOS, Solidariedade, PL, PSD, PT, PROS.

Em Pernambuco, está em Serra Talhada apoiando à reeleição a candidata do PT Marcia Conrado, numa coligação com MDB, PTB, PSD, Patriota, Cidadania, PP, Podemos. E no município de Limoeiro, está coligado com MDB, PSB, PP e PT.

Em 2016, no ano do golpe institucional, o PSOL já se coligou em algumas cidades com estes partidos que na época era o DEM do presidente da câmara Rodrigo Maia, o PSDB do prefeito João Dória e o PMDB do presidente Michel Temer. De lá para cá, os diversos atores do regime -entre eles o judiciário, o parlamento, os militares, os governadores, o executivo- atuaram com todas as armas para impor ataques profundos aos trabalhadores, usaram de diversos artifícios autoritários intervindo no processo eleitoral de 2018 e colocaram no poder Jair Bolsonaro para seguir essa obra econômica. Hoje o país está imerso numa crise sanitária, econômica e política e estes mesmo atores seguem querendo descarregar a crise nas costas dos trabalhadores com a reforma administrativa, precarização do trabalho, os cortes na saúde e educação.

Nesse sentido, o PSOL vai na contramão de uma estratégia de independência de classe. Essas alianças mostram que o PSOL está longe de saber que para derrotar Bolsonaro, Mourão e os golpistas a esquerda não pode repetir a conciliação do PT. Que tipo de combate à extrema direita se pode fazer aliando-se com a base de apoio de Bolsonaro? Em muitos lugares o PSOL defendeu ampliar suas coligações com o suposto argumento de combater a extrema direita. Na verdade, o que vemos agora é que isso não passa de demagogia eleitoral e uma vergonhosa repetição do fisiologismo existente na política brasileira.

Em nome de administrar cargos no interior do regime golpista, o PSOL transforma a ilusão do "municipalismo progressista" em articulações fisiológicas por interesses de aparato , buscando ocupar o seu lugar dentro desse regime político construído pelo golpe institucional ao invés de combatê-lo frontalmente. Está aliado com os partidos que o encadeiam no interior do bonapartismo institucional, do STF, do Congresso e dos governadores que nos trouxeram até essa situação desastrosa.

Além disso, o PSOL também corrobora com a militarização da política, ao lançar como candidatos, segundo dados colhidos pelo jornal O Estado de São Paulo, nada menos que 26 militares. Na cidade do Rio de Janeiro, que possui a polícia mais assassina do mundo, o partido escolheu como candidato a vice-prefeito, um coronel da Polícia Militar. Esta foi a questão que Carolina Cacau debateu com o PSOL/RJ para a retirada de sua candidatura à vereadora na cidade. Essa política colabora para a situação reacionária do país e vai contra o interesse dos trabalhadores, dos negros, das mulheres, dos LGBTs.

As pré-candidatas a vereadoras do MRT por legenda democrática no PSOL, Maíra Machado e Lívia Tonelli, retiraram suas candidaturas frente a essa política de coligações do PSOL com partidos como a Rede que apoiou a reforma da previdência e o candidato do Paulo Serra do PSDB de João Dória em Santo André. Bem como a coligação do PSOL com o PT em Campinas para concorrer à prefeitura da cidade.

Essa política de alianças eleitorais foi parte do que levou o PT a abrir espaço para a direita e a extrema-direita no país, permitindo o golpe institucional e todos os ataques aos trabalhadores como foi a reforma da previdência, a reforma trabalhista, o poderio dos latifundiários que agora estão destruindo a Amazônia e o Pantanal. A prática política de amplos setores do PSOL mostra que ele busca trilhar os mesmos caminhos da conciliação de classes petista. Não podemos repetir as mesmas práticas que nos trouxeram a esse ponto, é necessário superar o petismo pela esquerda.

O papel da esquerda deveria ser de utilizar as eleições para construir um polo de independência de classe que enfrente o conjunto do regime golpista e a extrema direita, o que é impossível fazer se coligando com partidos burgueses e a direita golpista. A construção de uma alternativa como essa só pode se dar se impulsionamos as lutas da nossa classe e enxergamos a batalha a nível nacional, não podemos nos restringir às fronteiras municipais. O Esquerda Diário está a serviço dessa construção, de uma alternativa revolucionária e dos trabalhadores, com independência de classe e que se enfrente com esse regime de conjunto.

Pode te interessar: Erra a esquerda que quer administrar o regime do golpe, em vez de enfrentá-lo

 
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