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UFRGS
Por uma assembleia geral da UFRGS para organizar a luta contra a intervenção bolsonarista
Faísca - Anticapitalista e Revolucionária - RS

O interventor de Bolsonaro na UFRGS, Carlos Bulhões, já tomou posse. Essa intervenção ocorre para aprofundar a privatização e impor mais patrulhamento ideológico e ainda mais ataques. No momento da posse, um ato dos estudantes da UFRGS ocorria no pátio da reitoria, demonstrando que há disposição para enfrentá-la. O DCE e demais entidades precisam organizar a comunidade acadêmica para isso.

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Foto: Alina Souza/Correio do Povo

A intervenção de Bolsonaro na UFRGS é a 13ª em universidades pelo Brasil. Isso é parte de uma conjuntura bastante reacionária, com mais de 130 mil mortos devido à pandemia e inúmeros ataques sendo aplicados por Bolsonaro, o Congresso o STF e o conjunto do regime político do golpe. Nas universidades, as indicações do governo são de acordo com o projeto de país de Bolsonaro e do golpismo, onde cada vez menos trabalhadores, negros, indígenas e pobres terão acesso ao ensino superior, atendendo aos interesses de grandes capitalistas, retirando direitos e precarizando nossas vidas. Ou seja, avançar no projeto de país da "mão de obra barata" e da privatização do ensino superior. Junto desse projeto vem um patrulhamento ideológico acentuado pelo projeto de reforma administrativa, visando acabar com o pensamento crítico e a oposição política no interior das instituições públicas.

Embora a escolha de um dos indicados na lista tríplice seja "legal", ela é ilegítima. Bolsonaro se vale de um mecanismo criado pelos militares da ditadura para vincular as universidades ao regime. Com a reforma universitária de 69 os militares impuseram que o destino das universidades estivesse em suas mãos. Ou seja, a orientação das universidades passou a poder ser alterada por meio de intervenções nas reitorias, de acordo com os interesses do regime. Com um governo de extrema direita, neoliberal e negacionista, esses mecanismos autoritários são ferramentas para aprofundar os ataques contra as universidades. É preciso organizar a comunidade acadêmica na UFRGS para enfrentar o interventor e seus ataques (que já começaram). Por isso é necessário uma assembleia geral, onde todos e todas possam participar, unificando estudantes, trabalhadores e professores. O próprio Conselho de Entidades de Base, convocado pelo DCE, que ocorre nesta sexta (25), deveria ser aberto para que todas e todos estudantes que querem se colocar na luta contra a intervenção possam expressar suas ideias, inclusive aqueles que não estão nas gestões de CAs e DAs.

A UFRGS vem perdendo áreas para o setor privado há anos. O antigo reitor, Rui Opperman, foi parte importante desse processo. Governou a UFRGS lado a lado com empresas como Tramontina, Gerdau, Monsanto e, inclusive, uma empresa do genocida Estado de Israel. Ser contra a intervenção passa longe de defender o Rui e sua burocracia do Consun, que impuseram também ataques e indeferimentos aos cotistas, além de ataques aos trabalhadores efetivos e terceirizados.

Bulhões aceitou o posto de reitor mesmo sendo o último colocado (com pouquíssimos votos) e já em seus primeiros dias de gabinete fundiu as pró-reitorias de graduação com a pós, de pesquisa com extensão, de ações afirmativas com a de assistência estudantil e a pró-reitoria de recursos humanos com a de infraestrutura. Além disso, Bulhões está realizando exonerações de cargos na universidade sem notificação ou justificativa.

Se com a estrutura atual os cotistas passam meses tendo documentos analisados e sob risco de indeferimento, com uma medida de fusão de secretarias e uma proposta de realocação de funcionários em outras unidades, quão inviável será a análise das documentações? Como ficará o quadro de bolsistas da universidade?

O desafio imposto aos estudantes é enorme. Sozinhos não temos a força necessária para barrar as intervenções e os cortes anunciados por Bolsonaro. Sequer um movimento nacional forte contra as mais de 10 intervenções existe. A UNE, dirigida pelo PT e PCdoB da Manuela D’Ávila, deveria estar impulsionando uma forte campanha em todas as universidades, com assembleias, debates e a aliança com os trabalhadores de dentro e de fora das universidades, além dos professores e comunidades acadêmicas.

Veja também: Dia Nacional do Estudante: por que nesta crise a UNE comemora tantas vitórias

Aqui no RS, as mesmas correntes políticas que dirigem a UNE, o PT e o PCdoB, estão na direção do CPERS e de outros vários sindicatos pelo estado. São milhares de trabalhadores e professores estaduais e municipais formados na UFRGS, muitos que lutaram contra a ditadura e viveram a última intervenção em 88. Apoio contra a intervenção existe, mas a direção das nossas entidades tarda a organizar. Vale lembrar aqui que o petismo sempre apoiou a reitoria de Rui, o mesmo que não vem fazendo absolutamente nada contra a intervenção hoje.

Na última segunda (21) ocorreu uma manifestação seguida de uma plenária que, infelizmente, não encaminhou nenhuma iniciativa concreta para seguir a mobilização, com o DCE posteriormente convocando um Conselho das Entidades de Base (CEB), que deveria ser aberto, mas é restrito ao DCE e às representações dos centros e diretórios acadêmicos. Ao mesmo tempo, na convocação do próprio ato, o DCE não enviou sequer um email a todos os estudantes para divulgar a manifestação. O DCE precisa reverter essa postura burocrática e batalhar por massificar a mobilização contra a intervenção bolsonarista através da auto-organização. Para essa luta chegar em todos os cantos da UFRGS é necessário que o DCE (MES/PSOL, PCB, UP, Alicerce e Afronte), junto às demais entidades de trabalhadores e professores, convoquem uma grande assembleia da UFRGS. A auto-organização dos estudantes é a única via de enfrentar de fato a intervenção de Bolsonaro, assim como é também o caminho para enfrentar os cortes do governo e de nos unir com os trabalhadores para enfrentar as reformas e o conjunto dos ataques colocados.

Diante do chamado da Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP-RS) e do Sindicato dos Técnico-Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS de um ato unitário contra a reforma administrativa no dia 30, as 11 horas em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), é preciso que o DCE, a UNE e os CAs e DAs organizem os estudantes para estarem ao lado dos trabalhadores contra essa reforma que aprofunda a perseguição política e sindical aos servidores públicos e avança na privatização e na precarização da saúde e da educação em nome do pagamento da dívida pública, enquanto mantém os privilégios da casta política, judiciária e dos militares. Na Universidade, a reforma administrativa e a intervenção poderão significar maiores demissões, terceirização e ameaça a currículos, pesquisas e atividades acadêmicas, um profundo golpe na autonomia universitária.

Nós da Juventude Faísca batalhamos por essa via, impulsionando assembleias para organizar os estudantes contra a intervenção de Bolsonaro e Bulhões e chamamos todos os CAs e DAs a se somarem a essa batalha. Junto aos estudantes das artes visuais, teatro e história da arte convocamos todos os estudantes da UFRGS que querem lutar contra a intervenção a ser parte de batalha com nós, para que os estudantes possam ser sujeitos dos rumos da luta.

A organização dos estudantes junto aos trabalhadores é o caminho através do qual podemos desenvolver as forças necessárias para atacar o conjunto do regime universitário antidemocrático e esse estatuto herdado da ditadura. Por isso nossa luta contra a intervenção, para derrubar Bulhões, é também por uma nova estatuinte universitária livre e soberana, na qual cada pessoa tem o mesmo direito de votar sobre como deve funcionar a universidade. Nesse processo podemos batalhar por uma gestão onde cada setor seja representado de acordo com seu peso proporcional, com maioria estudantil, que efetive todos os terceirizados, acabe com as empresas privadas dentro da UFRGS e coloque a universidade à serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

Para, de fato, barrar os ataques de Bolsonaro e impor um projeto de educação a serviço dos trabalhadores, como parte da batalha pela emancipação do conjunto dos explorados e oprimidos, é preciso lutar contra Bolsonaro e Mourão, sem depositar nenhuma confiança no Congresso e no STF, enfrentando de conjunto esse regime político fundado na tutela militar e apodrecido pelo golpismo institucional.

Sobre isso, Valéria Muller, pré-candidata a vereador em Porto Alegre pelo MRT por filiação democrática no PSOL, disse:

“Nós da Juventude Faísca e do MRT viemos levantando a necessidade de lutar pelo Fora Bolsonaro e Mourão, na perspectiva de organizar os trabalhadores, a juventude e de toda população, em cada local de trabalho e estudo, para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, na qual sejamos nós a escolher as regras do jogo, decidindo os rumos do país. Aí poderíamos batalhar pela revogação de todas as reformas ultra-reacionárias que impuseram Bolsonaro e o golpismo, como as reformas trabalhista e previdenciária, os cortes em educação, saúde e o teto de gastos, e votar todas as medidas que respondam às necessidades dos trabalhadores, das mulheres, dos negros e da juventude. Esse é o programa que levantarão as candidaturas revolucionárias do MRT, por filiação democrática no PSOL, contra Bolsonaro, os golpistas e os capitalistas. É por isso que seremos parte de impulsionar essas campanhas como forma de apresentar nossas ideias mais profundas contra esse regime golpista que retira nossas perspectivas de presente e de futuro, e esse sistema capitalista baseado na exploração e opressão."

E complementa:

"Aqui em Porto Alegre, minha candidatura está a serviço dessas lutas. Convocamos os partidos, candidaturas e parlamentares de esquerda do PSOL a se colocarem inteiramente ao lado da juventude contra a intervenção e ao lado de cada categoria de trabalhadores que se mobiliza. Sem nenhuma confiança nas instituições que são forjadas pelo regime do golpe institucional e só vão nos levar a derrotas, é preciso confiar apenas na força da união da juventude à classe trabalhadora, às mulheres, aos negros e LGBTs, para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise".

Chamamos toda a juventude a conhecer nossas ideias e, nesse processo, a batalhar pela construção de um partido revolucionário que seja ferramenta de todas essas lutas, combatendo as burocracias sindicais e estudantis, e possa ser parte de abrir caminho para erguer, sobre os escombros da velha sociedade, um mundo livre de todo tipo de exploração e opressão. Só assim será possível impormos que a educação seja inteiramente gratuita e de qualidade para todos.

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