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GREVE DOS CORREIOS
Após ataque do TST, Fentect recua e desmobiliza greve dos Correios
Gi Maria

Um dia depois do TST julgar a greve dos correios não abusiva, mas manter a retirada de 50 pontos do acordo, exigir compensação de horas e ameaçar alterar o julgamento caso ela seguisse, a diretoria da Fentect lança uma nota contraditória que fala em vitória mas aceita a decisão e orienta fim da mobilização.

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Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Após orientação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), em votações apertadas os 31 sindicatos filiados decidiram pelo encerramento da forte greve dos Correios que durava já 35 dias.

A nota da diretoria fala de alinhamento do TST com o governo e chega a chamá-lo de “banco de negócios” de interesses individuais, mas na prática não propõe nada diferente da decisão anunciada por ele, mesmo com a demonstração de força que a categoria deu nesse período que esteve em greve.

A mobilização enfrenta uma série de obstáculos, para além do discurso de Bolsonaro e Guedes contra os servidores públicos, já como forma de preparar a Reforma Administrativa, todo o processo enfrenta um forte isolamento, uma vez que não despontam lutas de outras categorias no momento, mas para além de tudo isso, um dos obstáculos é a própria burocracia que atuou para desgastar o processo e agora quer enterrá-lo.

No ato que ocorreu no dia 21 enquanto a greve era julgada, a CTB não mobilizou os seus filiados para estarem em peso, postura tomada na intenção de preparar uma derrota para mascará-la de vitória sem propor um milímetro de mudança nem mesmo na proposta do TST. Apesar de todos esses obstáculos, os trabalhadores mostram sua disposição, como é o caso de São Paulo em que o encerramento da greve aconteceu com votos apertados (699 a 671) mesmo com orientação da direção para o recuo.

A proposta do TST busca retirar 50 dos 79 pontos do acordo, entre os pontos que seguem retirados está a garantia à licença maternidade, horas extra, medidas de segurança no trabalho, CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), auxílio para dependentes com deficiência, medidas de combate às opressões como machismo e racismo, além de uma série de benefícios. A vitória conclamada pela burocracia é a manutenção de 29 pontos, algo qualitativamente distinto dos 9 pontos propostos por Floriano Peixoto inicialmente mas distante da realidade vivida pelos trabalhadores até então.

A nota da Fentect termina “justificando” o recuo como forma de recuperar o fôlego para construir a defesa contra a privatização dos Correios, outra ameaça de Bolsonaro e Guedes contra os trabalhadores que já conta com diversas empresas interessadas. Mas como seria possível preparar a vitória do futuro aceitando a chantagem do presente? Não há explicação para essa contradição.

É preciso ressaltar que até mesmo esse recuo mínimo, garantindo 20 pontos a mais, só pôde acontecer porque a greve mostrou sua força, e se continuar mostrando tem capacidade de ir por mais. É possível preparar a vitória contra a privatização, mas ela só pode ocorrer com a categoria lutando bravamente para cavar uma relação de forças mais favorável e não cedendo diante das ameaças do TST.

A postura das direções se trata da mesma política citada diversas vezes pelo Esquerda Diário: as burocracias da CUT e da CTB - as maiores do país - atuam como entrave nas mobilizações, buscando convencer os trabalhadores a se contentar com um ataque que retira a maioria dos pontos do acordo, chamando de vitória algo que é a manutenção atenuada da retirada de direitos.

Os mesmos partidos que dirigem essas centrais, o PT e o PCdoB, atuam nos estados onde governam sendo os agentes diretos dos ataques, como foi com a Reforma da Previdência nos estados do Nordeste. Trata-se de uma dupla atuação: dirigem sindicatos nos quais usam de demagogia para fingir que os limites contra os ataques não são aprofundados por eles mesmos enquanto “passam a boiada” onde governam em nome da governabilidade. A mesma governabilidade que levou Dilma a colocar Marco Feliciano no Ministério dos Direitos Humanos quando foi presidenta e abrir espaço para a direita reacionária que mais tarde orquestrou o golpe institucional.

Por que uma categoria dirigida por essas centrais está isolada? Por que não se prepara agora as condições para barrar a Reforma Administrativa, que é um ataque ao funcionalismo público de conjunto e ao restante da população que depende dos serviços prestados por eles? Porque a própria burocracia não quer pagar pra ver a força dos trabalhadores em sua máxima potência, porque nesse caso, sua postura complacente com os ataques também seria cobrada.

São os trabalhadores dos Correios que devem decidir, e é crucial que eles saibam que a continuidade da mobilização é uma opção, mas para além disso, saibam o nome e sobrenome dos obstáculos para sua vitória. É preciso que se saiba que as mesmas centrais dirigem outras categorias, que são as maiores do país, e que se essas usam de sua força para mobilizar o conjunto dos trabalhadores contra os ataques, a luta ganha força.

 
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