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COVID-19
Bolsonaro reafirma desprezo pelas 125 mil vidas perdidas: “quem tem bom preparo não precisa preocupar”
Gabriela Mueller
Estudante UFRGS

O governo segue com descaso e tenta “normalizar” que milhares de vidas tenham sido ceifadas pela pandemia, mortes que poderiam ser evitadas caso houvesse o interesse de proteger a vida e as condições de subsistência dos trabalhadores.

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Foto: Bolsonaro em manifestação no dia 19 de abril. (Sergio Lima/AFP)

Com 125 mil mortos pelo Covid-19 no Brasil, Bolsonaro continua com o discurso de que “quem tem bom preparo físico não precisa se preocupar com coronavírus”, como proferiu em discurso no Palácio do Planalto, nessa quarta-feira (2).

Com 125 mil vidas ceifadas pela política do governo Bolsonaro, dos governadores e prefeitos – pois muitas mortes poderiam ser evitadas com medidas elementares como saneamento básico para todos, testagem massiva e garantia de leitos – o presidente segue afirmando que um bom preparo físico é o bastante para enfrentar a doença.

Essas declarações escancaram como Bolsonaro e toda a sua ala parlamentar e militar tratam a vida dos trabalhadores, enxergando-os como mera força de trabalho que deve ser exposta às piores condições de sobrevivência, rebaixando suas condições de vida e retirando seus direitos.

O presidente ainda, ironicamente, afirma “eu acho que adquiri um preparo físico; me sinto bem, faço qualquer coisa”, escondendo que, na verdade, o que ele adquiriu foram privilégios que o protegeram de morrer por COVID-19, que lhe garantiram testagem, isolamento efetivo e um leito caso precisasse.

Esse é o retrato do país ao enfrentar essa pandemia: quem tem dinheiro, paga por um teste e paga por um leito caso não haja mais disponibilidade pelo SUS; e quem não tem dinheiro e precisa sair todos os dias para trabalhar sem garantia de EPIs morre em valas comuns, muitas vezes sem nem ser notificado, pela precariedade de condições que impedem sequer de detectar quem e onde infectou-se com o vírus.

A profundidade desse descaso com a população é histórica em nosso país, tendo a pandemia aprofundado uma crise que se deve em primeiro lugar a elementos estruturais do caráter atrasado do capitalismo brasileiro.

Antes mesmo da pandemia, no Brasil, os 5 maiores bilionários tinham a riqueza equivalente à metade da população, 31 milhões não tinham acesso sequer a saneamento básico, cerca de 13 milhões viviam em favelas, 6 milhões sem banheiro em casa, 12 milhões desempregados, quase 30 milhões subempregados e 40 milhões em trabalhos informais.

Isso somente demonstra a quem serve às riquezas nacionais, que deveriam ser colocadas à serviço da população em vez de serem vendidas à preço de banana para grandes empresários, riquezas essas produzidas pela nossa força de trabalho, sem a qual é impossível sustentar o lucro constante dos capitalistas que nos roubam.

Essa riqueza deveria estar à nossa disposição, sobretudo agora na pandemia, por meio de largos investimentos em um sistema de saúde público, gratuito e de qualidade, que tenham capacidade de atender toda a população, das capitais ao interior; garantindo empregos à todos, por meio de grandes construções urbanas para dar estrutura e moradia dignas às pessoas; garantindo testagem massiva e com direito ao isolamento racional sem prejudicar salários e empregos; e assegurando um auxílio de 2.000 reais para as pessoas sem condições de trabalhar, mínimo suficiente para a sobrevivência de uma pessoa, e não os 300 reais, que não cobrem sequer uma cesta básica.

Mesmo assim, Bolsonaro segue dizendo que a pandemia é só uma gripezinha, responsabilizando as próprias pessoas por pegarem o vírus, como se fosse culpa da falta de preparo físico delas.

Os governadores seguem endossando essa lógica bolsonarista, abrindo o comércio a todo o vapor, forçando milhares de trabalhadores a exporem-se ao vírus sem EPIs de qualidade e suficientes, sem testagem massiva e sem garantia de isolamento caso haja alguma ocorrência do vírus, normalizando a barbárie de 1000 mortos por dia, a exemplo de Porto Alegre (RS), em que, no mesmo dia em que a cidade bate o recorde de internações, Marchezan decreta a maior abertura da economia, a fim de proteger o lucro dos empresários.

Esse escárnio deve ser combatido. São os trabalhadores que estão morrendo para garantir os lucros dos capitalistas. São os trabalhadores que estão pagando pela crise com suas próprias vidas, enquanto Bolsonaro e seus aliados têm a coragem de dizer que a infecção por Covid-19 é consequência da falta de preparo físico ou questões dessa ordem.

Não se pode aceitar o desemprego para naturalizar as mortes, nem a doença para naturalizar a retirada de direitos. As greves e mobilizações de diversos setores, como dos trabalhadores dos Correios, dos rodoviários, e fortalecendo uma rede de trabalhadores precários, podem dar outra resposta para a pandemia e a crise econômica e fazer com que os ricos e capitalistas paguem pela crise.

 
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