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CHANTAGEM DOS EMPRESÁRIOS
Empresários dos transportes no Rio ameaçam parar as atividades para lucrar ainda mais
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Acostumados a lucrar muito com os transportes carregando mais passageiros que o estabelecido pelas normas de segurança, as empresas de transportes tem buscado medidas para manter seus lucros nas alturas, a Supervia e Metrô Rio fazem chantagem e ameaçam a parar para receber mais subsídios do governo.

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Imagem: Domingos Peixoto / Agência O Globo

O Transporte público no Rio de Janeiro, sempre foi sinônimo de martírio para quem depende dele para se locomover. Tarifas altas, coletivos lotados, viagens longas, atrasos, acidentes, sufoco! Esse é o cotidiano que todo carioca enfrenta muitas vezes antes do sol nascer para conseguir atravessar a cidade. Não é garantido condições mínimas para que o trabalhador chegue em seu trabalho em segurança e piora ainda mais nos finais de semana, onde transportes como os trens que ligam cidades na baixada e subúrbio do Rio ao centro da cidade tem a circulação reduzida.

Os transportes públicos são verdadeiras latas de sardinhas, onde os trabalhadores estão acostumados a serem transportados em condições indignantes para chegar ao trabalho, com altos preços e péssimas condições, o que deveria ser um direito, que é a livre circulação dos trabalhadores, sempre foi subordinado ao lucro de empresários que administram as empresas tanto dos transportes ferroviários e sobre trilhos quanto dos rodoviários.

Com a pandemia do novo coronavírus foi estabelecida a quarentena para uma parcela da população e a diminuição de circulação de pessoas pela cidade. Acostumados a lucrar muito com os transportes carregando mais passageiros que o estabelecido pelas normas de segurança, as empresas de transportes tem buscado medidas para manter seus lucros nas alturas, a Supervia e Metrô Rio fazem chantagem e ameaçam a parar para receber mais subsídios do governo.

Essas empresas tiveram lucro milionário em 2019, a Supervia por exemplo foi comprada por uma empresa japonesa chamada Mitsui por R$ 800 milhões neste mesmo ano. A supervia transporta em torno de 600 mil passageiros por dia e corta aproximadamente 12 municípios do Rio de Janeiro, está empresa que sempre arrecadou muito dinheiro nas custas de trabalhadores que só tem muitas vezes esse transporte como meio de locomoção, e neste momento de crise sanitária e econômica quer manter suas taxas de lucro intactas enquanto o povo carioca sofre com o desemprego, diminuição do salário e o COVID-19.

Assim os capitalistas prejudicarão ainda mais o povo pobre e os trabalhadores cariocas, os que se arriscam em meio à pandemia para trabalha, transformando o que deveria ser um direito em lucro. Uma verdadeira extorsão contra a população oferecendo um serviço péssimo, que em meio a pandemia, mesmo com as orientações dos órgãos oficiais para que se evitassem aglomerações, o mais comum foi a superlotação.

A situação dos transportes rodoviários não é diferente, são os empresários, como a Família Barata, que dão as cartas no transporte carioca. Por meio dos consórcios ou sindicatos patronais, como a Rio Ônibus, eles acabam por decidir a maior parte das alterações em linhas e frota. Com a pandemia as empresas decidiram por conta própria acabar com linhas de ônibus. Na capital, já são 120 linhas ao todo que foram extintas ou diminuíram sua operação. Isso quer dizer que centenas, senão milhares de trabalhadores, com o retorno das atividades em vários municípios do Estado do Rio, estão sem transportes para se locomover. Em alguns bairros da Zona Oeste por exemplo, a única linha que circulava, foi extinta ou reduzida, fazendo com que a população tenha que caminhar percursos enormes ou contar com transportes alternativos que não garantem a gratuidade por exemplo. Se essa decisão unilateral já é bizarra, piora com o apoio do prefeito Crivella, que deu entrevista defendendo a posição dos empresários: “para o prejuízo não ser maior” (...) “’Não adianta querer obrigar o empresário a ter prejuízo”, apoiando a decisão dos empresários que tornam a vida dos trabalhadores um inferno.

Como bem colocou o professor Tiago Cruz de Sepetiba, em entrevista ao Extra, não é com a população que Crivella está se preocupando, mas com o lucro dos empresários:

“Se não tivesse passageiros (precisando se locomover), então por que tem tantas vans irregulares tomando conta da região? A passagem não é barata. O prefeito não sabe o que é viver com salário mínimo. Está governando para os empresários”

O Metrô e a Supervia dizem que em setembro podem parar pela “falta de caixa”. Frente a esta chantagem para aumentar seus lucros, exigimos que abram as suas contas imediatamente, se querem onerar o estado e prejudicar milhões de trabalhadores, que demonstrem por que não conseguem manter a operação. Estão esperando que a câmara dos deputados em Brasília vote um projeto que libere milhões para esses empresários, que sobrevivem parasitando o estado.

Secretário de transportes de Witzel ainda tem o cinismo de afirmar que pode parar sim, tomando o lado dos empresários e também das vans ilegais regidas pelas milícias que devem tomar as ruas do Rio de Janeiro, caso isso ocorra.

É um absurdo que a população carioca que seja a que sofre na pele a ganancia desses empresários. São os negros e negras que mais morreram com o coronavírus na cidade, segundo o IPEA, dos 6735 óbitos registrados até o dia 13 de junho, 79,6% ocorreram nos bairros com menor Índice de Desenvolvimento Social (IDS), com uma taxa de letalidade que é o dobro das regiões ricas, sempre contando que esse número pode ser ainda maior pela imensa sub-notificação.

É essa mesma classe trabalhadora pobre e negra que tem expectativa de vida de 10 anos a menos na cidade e que em massa, 1 milhão e meio de pessoas, tiveram que recorrer ao auxílio emergencial de R$ 600 reais, de longe insuficiente para conter a fome que se alastra pelas favelas.

Não podemos aceitar que esses empresários, com o aval dos governos, descarreguem ainda mais os custos da crise nas costas dos trabalhadores. Numa situação de crise aguda como essa, não tem meio termo. Ou ataca os lucros dos capitalistas ou irão fazer os pobres pagarem. Por isso, é necessário um programa que ataque os lucros, que estatize as empresas de transportes retirando-as das mãos de quem lucra com um direito. Os trabalhadores que criam e colocam para funcionar tudo, inclusive um serviço essencial como esse, são os que deveria gerir os ônibus, barcas, metros e trens.

Estamos fazendo esse debate com todas as opções eleitorais que se colocam a combater a direita nessas eleições. A esquerda deveria estar munida de um programa e estratégia para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Nossas vidas valem mais que os seus lucros, pela estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores!

 
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