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POLÍCIA ASSASSINA
Em meio a pandemia, PM de Doria é ainda mais assassina com recorde de 422 mortes
Redação

Durante o período que abrange a quarentena no estado de São Paulo, foram registrados recordes na letalidade policial, enquanto a incidência de outros crimes como estupros, furtos e roubos de veículos diminuiu muito sensivelmente. O que poderia explicar os números escandalosos da letalidade policial no período?

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Imagem: Ravena Rosa/Agencia Brasil

Segundo informações do G1 com base nos dados da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, o panorama geral das incidências de crimes durante a pandemia, foi de redução de praticamente todos os delitos: estupros caíram 46%; furtos caíram 49%; roubos de carro 51%. Ironicamente, poder-se-ia concluir que houve um “respiro” quando à violência social olhando estes números, infelizmente o retrato é outro.

Também segundo informações da Corregedoria, a letalidade policial dos batalhões das cidades da Grande São Paulo aumentou 70% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nos batalhões da cidade de São Paulo o aumento foi de 34%, enquanto o estado como um todo teve um aumento de 25%. Sabemos que os destinatários da violência policial têm cor de pele, situação econômica e endereços certos: jovens negros, pobres e periféricos.

O brutal assassinato de George Floyd acendeu um importante debate sobre o racismo estrutural à nível internacional. A fúria negra e popular varreu o globo e seus ecos chegaram aqui no Brasil, resultando em uma das maiores manifestações de rua de oposição ao governo Bolsonaro desde sua assunção, com particular destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, onde milhares de manifestantes, em sua maior composição adolescentes e jovens negros, inundaram as ruas ao grito de Black Lives Matters e Vidas Negras Importam. Aqui também não está demais lembrar que Bolsonaro é a figura que emprega grandes esforços, desde que assumiu o Palácio do Planalto, para alterar a legislação de forma a tornar os policiais praticamente inimputáveis quando matam em serviço. Em São Paulo, o governador João Doria vem aplicando a política de levar um dos batalhões mais ostensivos da polícia do estado para o interior, o Baep – Batalhão de Ações Especiais da Polícia – considerado a Rota do interior do estado, o que é visto como um dos causadores do grande aumento do número de assassinatos no estado.

No bafo da grande onda de luta antirracista no mundo, assistimos acontecer no 1 de julho em São Paulo os entregadores de aplicativos fazerem uma grande paralisação, exigindo direitos elementares – um setor majoritariamente jovem e negro. Aí sim um respiro para nós trabalhadores que nos levantamos junto com cada movimento que nossa classe dá adiante e os trabalhadores de aplicativos se colocaram na vanguarda não somente no Brasil, mas também em países como Argentina, Chile, Costa Rica e México. Em uma manifestação nesta terça feira – 14 de julho – assistimos um jovem entregador ser imobilizado e agredido por policiais durante ato em defesa de direitos também em São Paulo. Durante a agressão, o jovem também foi asfixiado pelos policiais. Na última semana, uma senhora de 51 anos também foi asfixiada por um policial na periferia de São Paulo, chegando a desmaiar durante a agressão.

Também nos asfixiam quando vemos um menino Miguel ser assassinado pela negligência da patroa de Mirtes, quando João Pedro foi assassinado dentro de sua casa, quando Aghata levou um tiro nas costas, quando o carro da família de Evaldo foi alvejado pelo exército que o assassinou. Não podemos respirar toda vez que ainda precisamos perguntar onde está Amarildo e quem mandou matar Marielle. É bastante evidente que aqui no Brasil, como nos Estados Unidos, o estado e sua polícia buscam as formas de não permitirem à população negra de respirar.

Na contramão do crescente sentimento contra a polícia se encontram setores da esquerda brasileira, como denunciamos de maneira aprofundada neste artigo, que no lugar de denunciar frontalmente a função social da polícia e a necessidade da classe trabalhadora se colocar contra esta força que garante o domínio burguês, defendem melhores condições, apoiam os motins policiais e até incentivam a sindicalização da polícia, tratando-a como parte da classe trabalhadora. Fingem esquecer que melhores condições para a polícia é a garantia de melhores condições de repressão das greves e mobilizações, melhores condições para matar e torturar jovens negros periféricos. Fortalecer a instituição policial significa fortalecer o braço que garante que sigamos os negros e negras sendo as estatísticas de assassinados pelas forças repressivas.

Mesmo com o isolamento social, as balas da polícia seguem buscando nossos corpos negros e o que está por trás destes números é exatamente aquilo que a mídia burguesa e seus aparatos ideológicos tentam nos convencer, que é que o crime policial é um ato isolado, fruto de um excesso individual e não um problema estrutural da corporação. Nós do Quilombo Vermelho, agrupação de negras e negros do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e independentes sempre colocamos com centralidade a necessidade de defender o fim da polícia. Não existe meio de reformá-la ou torna-la menos nociva, humaniza-la. Como um instrumento de repressão da burguesia, está contraposto aos nossos interesses como classe.

 
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