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A botina da PM no pescoço no Brasil relembra George Floyd e porque seguir a luta antirracista
Redação

"Não posso respirar", enquanto as palavras finais de George Floyd ainda ecoam na luta negra nos EUA e pelo mundo, cenas flagradas na periferia de São Paulo mostraram que o agonizante estrangulamento dos negros pela polícia continua aqui no Brasil.

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O Brasil acordou nessa segunda estarrecido com mais uma demonstração do racismo e da brutalidade da polícia de Dória, que pisou no pescoço de uma comerciante negra em Parelheiros, em SP, numa cena revoltante que é muito similar ao que ocorreu com George Floyd e foi o estopim dos imensos protestos antirracistas que varreram os EUA nas últimas semanas.

Segundo a reportagem, os policiais tentaram justificar a grotesca cena que proporcionaram como legítima defesa, uma vez que, supostamente, teriam sido atacados por uma mulher de 51 anos que, com força sobre humana, teria arrancado uma barra de ferro da grade de seu próprio estabelecimento para isso.

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A desculpa estapafúrdia poderia ser cômica se ela não fosse uma recorrente forma dos assassinos uniformizados justificarem as mortes, as torturas e todas as atitudes asquerosas que preenchem o dia-a-dia da polícia, como ocorreu com George Floyd, João Pedro, Breonna Taylor e muitos outros negros e negras que tiveram suas vidas arrancadas pelas mãos da violência policial.

A inevitável comparação dos casos se dá não apenas pela semelhança das cenas, mas também pela indignação de que episódios como esses se repitam, mesmo em meio a um contexto de luta antirracista. A repetição do gesto não é casualidade, mas uma demonstração do caráter racista impregnado nas polícias desde sua formação.

A impunidade aos policiais assassinos aqui no Brasil também é igual a dos EUA, que libertaram sob fiança quase todos os envolvidos no assassinato de George Floyd. A rigor, a impunidade dos policiais no Brasil é ainda maior, uma vez que eles tem o privilégio de ter seus inúmeros e recorrentes crimes julgados por eles mesmos, no casos, por uma justiça militar corrupta e corporativista que não hesita em inocentar policiais que cometeram os mais medonhos e asquerosos abusos, desde que tenham sido perpetrados contra os negros, as mulheres, os indígenas, os pobres e trabalhadores.

Essa proteção por parte da justiça e do estado não é por acaso. A burguesia que domina o estado e mantém a polícia tem interesses semelhantes no Brasil, nos EUA ou em qualquer lugar do mundo, interesses devem ser protegidos a qualquer custo e que, por isso,precisam que a polícia funcione exatamente do jeito que ela é, adestram os policiais para isso. Inclusive utilizam esse termo mesmo, “adestrar”, para o processo de treinamento onde extirpam qualquer sensibilidade ou empatia dos seres humanos que se submetem para transforma-los em seus cães de guarda, prontos para cumprir qualquer ordem para o deleite de seus amos e senhores.

Não existe qualquer possibilidade de mudança ou reforma das instituições policiais e ilusões acerca de policiais humanizados só servem para ocultar que, do ponto de vista da burguesia, a polícia funciona maravilhosamente bem, cumprindo magistralmente o papel para o qual foi criada e idealizada.

Não é possível reformá-la; estrategicamente, o combate ao capitalismo exige clareza sobre a perspectiva de destruição das forças policiais dos capitalistas. Uma coisa é indissociável da outra. A juventude e segmentos dos trabalhadores que lutam nos EUA por justiça a George Floyd, mesmo sem necessariamente conhecer o marxismo, aproxima-se bem mais de sua teoria sobre as forças repressivas do Estado do que a esquerda brasileira.

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É necessário seguir o exemplo dos jovens negros dos EUA que não falam sobre qualquer tipo de reforma da polícia, mas sim de sua abolição, da extinção das forças policiais e do desfinanciamento desse gigantesco aparato repressivo, aparato que é podre e corrupto cuja única solução é ser demolido até suas fundações.

 
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