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Morrem mais jovens na periferia de SP por Covid-19 do que idosos nos bairros ricos
Redação

Enquanto em bairros ricos como Alto Pinheiros não há mortes de pessoas jovens e em bairros como Perdizes, Jardim Paulista e Saúde há uma morte a cada dez por pessoas com menos de 65 anos, nas periferias, há um número elevado de mortes entre os jovens, chegando a ter distritos como Anhaguera, na zona norte, com 52,5% de mortes entre pessoas abaixo de 65 anos

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Existe uma relação direta entre a idade dos mortos pela Covid-19 e o perfil socioeconômico do distrito em que estas pessoas vivem. Nas periferias, onde a maioria da população não pode ficar de quarentena, todos estão sujeitos a um risco maior de contaminação. A maioria dos moradores destas regiões são negros, que são também os mais infectados e que têm maior taxa de mortalidade. Os 10 distritos com maior percentual de mortos de pessoas com menos de 65 anos estão na periferia extrema da capital. Depois de Anhanguera, vêm os municípios de Lajeado, Cidade Tiradentes, Iguatemi e Vila Jacuí (zona leste de São Paulo).

A explicação do porquê a maior taxa de mortalidade é entre a população negra não está em fatores biológicos ou culturais, mas sim nas condições em que as pessoas vivem nas periferias. Pegando como exemplo a região do Anhanguera, na Zona Oeste de SP, entre a população de aproximadamente 60 mil pessoas, boa parte não têm acesso a saneamento básico, muitas casas são construídas na beira do córrego, em locais de risco, sem luz nem água encanada. Muitas vezes, as famílias são grandes e vivem em casas de dois cômodos, além de praticamente todos os integrantes terem que pegar transporte público para trabalhar todos os dias.

Essa região conta com apenas quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) e uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA) para prestar atendimento a toda população. Além de contar com maior número de contaminados e mortos, estas pessoas também têm menos acesso a atendimento médico.

Todas essas condições, longe de serem naturais e irremediáveis, são fruto de escolhas políticas e econômicas de gerações de prefeitos e governadores que, pensando da maneira como pensa nossa elite, vê as vidas pobres e negras apenas como mão de obra barata, não se importando nada com suas condições de vida e, no limite, até se vivem ou não. Dória e Covas têm responsabilidade nas mortes nas periferias, porque deixam os moradores destas áreas viverem em condições precárias, não tendo acesso ao que deveria ser o mínimo.

Bolsonaro, com seu negacionismo, juntamente com outros agentes políticos também têm responsabilidade por essas mortes, ainda mais agora com a aprovação do marco legal do saneamento básico no Senado, medida que abre caminho para a privatizações na área do saneamento, mais um do ataques levados adiante por Guedes. Essa medida vai no sentido oposto de uma política popular, tornando ainda mais difícil o acesso a água e esgoto, deixando para a população pobre mais miséria e desigualdade após a crise.

As dezenas de milhares de mortes pela Covid-19, que apesar de estarem sendo naturalizadas, não são nada naturais, tendem a se agravar entre a população mais pobre com a reabertura do comércio, que está sendo levado a cabo por pressão dos patrões. Este governo de conjunto já se mostrou assassino, ineficaz e racista, que além de legar às piores condições de vida para a população negra, ainda as mata constantemente através de sua brutal polícia, que é a mais assassina no mundo.

A única resposta consequente à crise sanitária, que se soma à crise política, social e econômica, só pode vir da classe trabalhadora organizada, exigindo por meio da luta que haja testes massivos, EPIs para todos os que tiverem que continuar trabalhando, auxílio emergencial de 2 mil reais para todos os desempregados, além da exigência de que nenhum trabalhador seja demitido ou tenha seu salário reduzido juntamente com sua jornada durante a pandemis. É preciso que haja a reconversão da indústria, sob controle operário, para a produção de insumos voltados ao combate à crise e que seja imposta a taxação das grandes fortunas.

 
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