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INTERNACIONAL
Trump oficializa a saída dos EUA da Organização Mundial da Saúde
Nicolás Daneri
Engenheiro Industrial | Docente UTN.BA | Pesquisador Conicet

Em plena pandemia e com os piores índices do mundo, Trump oficializa sua ruptura com a OMS que se efetivará em julho de 2021.

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A ameaça durou meses. Em abril Trump congelou temporariamente os fundos que os Estados Unidos fornecem à organização com sede em Genebra. Em maio anunciou sua intenção de romper em definitivo com a OMS e utilizar esses fundos para “outras necessidades urgentes de saúde pública a nível global”. Nesta segunda (06/07/2020) finalmente a Casa Branca enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, anunciando o início do processo para se retirar. Isso se efetivará em Junho de 2021 devido a restrições legais do país norte-americano.

Com a pandemia em ascensão, no mês de abril o magnata acusou a OMS de favorecer a China e de administrar mal a emergência sanitária. No momento dessa acusação o país se aproximava do milhão de infectados e hoje está confortavelmente no topo do ranking mundial da pandemia, com cerca de 3 milhões de infectados e mais de 130 mil mortos, a maioria dos quais negros e latinos.

A principal potência imperialista financia anualmente a agência U$S 880 milhões, por dois modos: U$S 230 milhões obrigatórios que já estão estipulados no orçamento da OMS e outros U$S 650 milhões de forma voluntária. O total representa cerca de 15% do orçamento e, entre outras coisas, garante um bom número de funcionários estadunidenses em posições-chave dentro da organização.

Trump não tem nenhum tipo de autoridade moral para criticar a gestão da OMS, que de toda maneira não tem tido uma conduta intocável. Como por exemplo a organização sanitária ignorou o alerta de Taiwan em 31 de dezembro sobre casos de “pneumonia atípica” com isolamento de pacientes advindos da cidade de Wuhan. Com esta informação Taiwan acusa a organização de ter perdido tempo valioso para a luta contra o coronavirus.

No fundo desta disputa estão as eleições presidenciais de novembro desse ano, nas quais o atual presidente parece ter todas as chances de perder. Sua estratégia passa por consolidar sua base e para isso o America First é seu grito de guerra e a China seu inimigo preferido. Desde o início da pandemia o escutamos falar do “vírus chinês” ou do “kung-flu” (flu sendo gripe em inglês). E no geral essa tem sido a linha política desde o início da sua presidência, opor-se às instituições e acordos multilaterais (tais como o acordo de Paris ou o acordo nuclear com o Irã) e culpar a China (e os democratas) por todos os males dos EUA.

Um dos primeiros a reagir a essa notícia, foi o candidato a presidente pelo partido democrata, Joe Biden. “em meu primeiro dia como presidente voltarei a OMS e restaurarei nossa liderança na arena mundial” anunciou no Twitter.

Ao discurso nacionalista, racista, xenofóbico e misógino de Trump, Biden o opõe com um desejo de um futuro aonde os EUA voltará a ser o líder do mundo livre, algo que soa quase impossível dado a contínua perda de hegemonia mundial do país. Segundo todas as pesquisas, o democrata se encontra no caminho para a vitória nas eleições, não porque ele desperta algum entusiasmo nos eleitores, mas sim pelo ódio e repulsa gerados por seu oponente, que desde o início do movimento #BlackLivesMatter se encontra com sua aprovação em queda livre.

A saúde do povo estadunidense não depende de seu pertencimento ou não à OMS. Essas são pequenas diferenças entre os dois partidos que concordam no fundamental, a manutenção de um sistema onde a saúde é um luxo que apenas alguns podem ter, o que afeta em especial a população afro-americana e latina. A explosão do #BlackLivesMatter por causa da crise sanitária e pelo assassinato de George Floyd abre a porta para a possibilidade de que se avance em questionamentos mais profundos a um sistema cujas bases são o colonialismo, o racismo, a segregação e a opressão.

 
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