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EDUCAÇÃO
Há 100 dias de ensino remoto nas escolas, monitoramento prova caos excludente
Redação

Em estados como o Piauí, apenas 9% dos estudantes estão participando das aulas; em São Paulo e Roraima, menos da metade. Já em 5 outros estados, o ensino à distância não é acessível a 25% dos estudantes, e, em outros 7, a 15%. Por sua vez, cursinhos populares pré-vestibular estão registrando mais de 50% de evasão.

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Em um país marcado por um verdadeiro abismo social e racial entre as escolas e universidades públicas, com vestibulares altamente excludentes e privatização da educação, estamos há mais de 100 dias com o ensino remoto sendo implementado em 25 estados e no Distrito Federal, com incentivo do Ministério da Educação e apoio dos governos estaduais. Em meio a uma pandemia que bate recordes de mortes diárias e infectados, diante de um governo negacionista e inimigo da Educação, preocupado com seu troca-troca de ministros, e com a agudização da crise econômica, o resultado tem sido catastrófico.

Segundo monitoramento realizado em 15 dos 25 estados, no Piauí, apenas 9% dos estudantes do Ensino Básico estão participando das aulas; em São Paulo e Roraima, menos da metade. Já em 5 outros estados, o ensino à distância não é acessível a 25% dos estudantes, e, em outros 7, a 15%.

Estamos em um país que não garante nem mesmo o acesso à água à grande parte da população. O ensino remoto tem sido um improviso precário e excludente. Por trás desses dados, estão a falta de acesso à internet e computadores dos estudantes, falta de estrutura para estudo nos lares, além de intensificação do trabalho doméstico e de cuidados de crianças e idosos na pandemia ou mesmo busca por empregos na crise. Também há um agravamento das condições de doenças psicológicas.

Ao G1, Raquel Chaves, mãe de quatro filhos das escolas públicas de São Paulo, cuja filha mais velha está assistindo às aulas de madrugada, já que só há um computador, relata: “Nesta semana, eu pensei duas vezes: ’Vou na loja e vou comprar um computador’. Mas eu vou me endividar, não posso fazer dívida agora com essa situação que a gente está vivendo. A gente não tem certeza de nada".

Por isso, é ainda mais escandaloso que as aulas virtuais contarão como ensino presencial em pelo menos 20 estados, valendo parcialmente em mais 2 estados (Alagoas e Pernambuco), com Roraima ainda indefinido e 3 estados sem valer (Bahia, Pará e Mato Grosso). Em 16 estados, estudantes também estão sendo avaliados.

No caso dos cursinhos populares pré-vestibular, há registro de 50% de evasão em várias instituições. Alguns estão até mesmo buscando doações de computadores. Em Fortaleza, um cursinho popular observou queda de 280 matriculados no início do ano, para 40 que seguem estudando.

A pandemia escancara e aprofunda a exclusão na educação pública brasileira, avançando na precarização do trabalho docente.

"Desde o começo do isolamento social e com o ensino remoto, a experiência do ensino à distância não conseguiu alcançar os resultados esperados e percebe-se um esvaziamento no processo. Seja pela falta de estrutura, pela falta de planejamento e de investimentos adequados em inovação tecnológica ou pelo excesso de atividades e conteúdos propostos.”, afirma Álvaro Dias, professor de São Paulo.

Aprofundando a elitização, quem consegue ter acesso ao ensino são aqueles que têm as melhores condições materiais para isso, em especial nas escolas particulares. Ao mesmo tempo, o ensino remoto é um nicho de mercado, investido por grandes empresários como Lemann, que se expande nesse momento, ao passo que se aprofundam demissões e sobrecarga docente. É a juventude negra, trabalhadora, pobre, que mais sente na pele o que os políticos estão fazendo com a educação na pandemia, salvando os lucros dos empresários.

 
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