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QUILOMBO VERMELHO
Quilombo Vermelho reúne trabalhadores e estudantes do RJ, cidades do Nordeste e Espírito Santo
Quilombo Vermelho
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A plenária do Quilombo Vermelho das regionais do Rio de Janeiro, cidades do Nordeste e Espírito Santo reuniu cerca de 100 trabalhadores e estudantes. Contou com a presença de professores, trabalhadores da indústria, da CEDAE, petroleiros, garis, trabalhadores da saúde, estudantes da UERJ, UFF e UFES onde discutimos os Desafios da luta negra anticapitalista nos EUA e no Brasil. Um debate muito importante justamente no país com a população mais negra fora do continente africano e em um momento onde a violência policial e o racismo são mundialmente questionados e nos EUA toma forma de um revolta negra, bem no centro do coração do imperialismo. Nesse espírito das inúmeras possibilidades que a luta negra nos EUA e nos Brasil podem abrir é que Letícia Parks organizadora do livro A Revolução e o Negro e fundadora do coletivo Quilombo Vermelho, assim como Carolina Cacau professora estadual e também fundadora do coletivo Quilombo Vermelho iniciaram a plenária.

Letícia Parks iniciou sua intervenção reforçando a importância de compreendermos a relação intrínseca entre racismo e capitalismo, reforçando a ideia de que o racismo foi inventado por uma classe que escravizou os negros africanos e que hoje segue lucrando colocando os negros nos postos de trabalho mais precários, recebendo salários menores que os trabalhadores brancos, morrendo pelas mãos da polícia e pela covid-19. Nesse sentido, ela remarcou a importância da luta negra que se abriu nos EUA por Justiça a George Floyd que reacendeu o movimento Black Lives Matters e colocou uma massa de jovens negros e brancos lutando lado a lado contra o racismo e a violência policial. Além disso, mostrou uma mudança muito profunda nessa luta, marcada pela entrada em cena pela classe trabalhadora através de seus sindicatos paralisando suas atividades e aderindo à luta, mostrando que caminho que pode colocar os patrões e empresários contra a parede é quando nossa classe luta em unidade e carrega as pautas dos negros e negras e todos os setores oprimidos. Ela concluiu mostrando o papel histórico da polícia de cão de guarda da burguesia, de que nunca estiveram ao lado dos trabalhadores que seguem reprimindo não só nos EUA, mas também no Brasil que assassinou recentemente João Pedro e Guilherme. 

Cacau seguiu a abertura mostrando a importância de não separar a luta negra da luta anticapitalista, os negros e os trabalhadores conquistaram inúmeras vitórias todas elas através da luta de classes, de enfrentamentos nas ruas, com piquetes, greves, paralisações e revoltas. Desta forma, ela retomou alguns exemplos da história mais recente do Brasil que devem servir de lição que que nós negros lutemos com independência de classe, sem nenhuma confiança em frente ampla e política de conciliação com a burguesia. O PT enviou tropas ao Haiti, foi nesse mesmo governo que vimos as UPP’s e a ocupação da Maré aprofundar ainda mais a violência policial, a precarização através da terceirização aumentou também nesse período, sem sombra de dúvida o PT serviu para o aprofundamento do racismo estrutural e da precarização da classe trabalhadora. Em um momento tão grave pros trabalhadores com a pandemia do coronavírus e com o aumento da repressão policial vemos a esquerda e figuras do movimento negro como Djamila Ribeiro, Kabengele Munaga e Douglas Belchior se juntar numa frente ampla através do ato “Direitos Já” que reuniu desde setores golpistas como FHC, Alckimin entre outros até Luciano Hulck, Família Setúbal (Itaú), além de Haddad (PT), Boulos e Sergio Nobre (CUT). Cacau marcou bem que não podemos obter nenhuma vitória se nos aliamos com esses setores que são na verdade inimigos históricos dos negros e dos trabalhadores, O Psol e setores do movimento negros que insistem essa frente ampla seguem uma política equivocada, que quer canalizar a fúria negra que se expressou nos atos antirracista e antifascista no Brasil todo para uma via eleitoral. Por isso, nós negros e trabalhadores devemos batalhar pela unidade das fileiras da nossa classe, sem nenhum confiança nas “frentes amplas” infestadas de racistas e conciliadores, nem no STF racista, temos que seguir nossa batalha pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Ela ainda afirmou que se esse regime já não tem mais nada a oferecer além de miséria e mortes pela covid ou pela polícia. E que por isso é necessário que construamos através da unidade entre trabalhadores negros e brancos uma força capaz de colocar de pé uma Assembleia Livre e Soberana, capaz de alterar as regras do jogo em favor dos trabalhadores e do povo.

Após a abertura o plenário interviu remarcando a importância da luta negra e da luta anticapitalista através dos sindicatos e das entidades estudantis. Trabalhadores denunciaram o racismo sofrido dentro das companhias e empresas que trabalham, sobretudo de seus chefes e patrões, remarcando a necessidade de se batalhar por uma política antiracista desde o sindicato e locais de trabalho, enfatizando a importância da luta antiracista ser uma luta também contra as privatizações, sobretudo a privatização da CEDAE que está em curso. As intervenções que seguiram enfatizaram a necessidade de resgatarmos a tradição do marxismo e da questão negra, presente em intelectuais e compartilhada por um setor movimento negro, denunciando as falsificações históricas feitas por Carlos Moore por exemplo. Além disso, interviram denunciando a precarização do trabalho e a importância da paralisação internacional dos entregadores de aplicativos no dia 1º de Julho, entregadores em sua maioria jovens negros que sofrem diariamente com o racismo, estão expostos ao coronavírus sem EPI’s, ganhando muito pouco por entrega e arriscando suas vidas no trânsito. Alguns estudantes marcaram a importância de estarem aliados aos trabalhadores, sobretudo nessa paralisação internacional.

A plenária do Quilombo Vermelho encaminhou aderir à paralisação internacional dos entregadores de aplicativos no dia 1º de Julho, com panfletagens, campanha de fotos e se somando aos atos em vários estados. Além disso, o Quilombo Vermelho irá se somar na luta contra a privatização da CEDADE, organizar um curso no Campus Virtual do Esquerda Diário sobre questão negra e marxismo e produzir material em polêmica contra o capitalismo negro e o anti-marxismo e convidar todos negros e negras que querem se somar a luta antiracista e anticapitalista.

 
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