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CORONAVÍRUS E EDUCAÇÃO
76% dos brasileiros são contra a reabertura das escolas proposta pelos governos
Redação

Ampla maioria da população é contra a retomada das aulas presenciais em 2 meses. Bolsonaristas se destacam como a maior parcela a favor do retorno às aulas, mesmo com a COVID-19 crescendo no país. Com as atividades suspensas a mais de um trimestre e a pressão de entidades particulares, governos já se preparam para aplicar retomada em GO, DF, SP e RS.

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Na noite da sexta-feira (26), o instituto Datafolha revelou os dados da pesquisa de opinião acerca da possibilidade de retomada das aulas presenciais nas entidades de Educação Básica em até 2 meses. Segundo os resultados, a esmagadora maioria (76%) da população acha que as escolas deveriam continuar fechadas, enquanto 21% quer a reabertura. Essa proporção é praticamente a mesma em todas as regiões do país, seja em áreas metropolitanas ou no interior.

Entre os apoiadores do governo Bolsonaro e o empresariado se encontram as maiores parcelas de apoiadores do retorno das aulas presenciais. O que já era um absurdo há alguns meses, diante da pandemia mundial de coronavírus, agora com o país localizado entre os 3 principais focos de contaminação - uma tragédia anunciada - é ainda mais descabível. O retorno às aulas envolve a retomada da circulação de 24% da população do país, entre estudantes, professores e trabalhadores dos diferentes setores das escolas, mais de 50 milhões de pessoas que passariam a frequentar não só os espaços escolares, mas também ônibus, metrôs e ruas em seu deslocamento diário. Tanto os transportes quanto as próprias escolas no Brasil têm condições sabidamente precárias e nada adaptadas às condições da pandemia, colocando trabalhadores, estudantes e a população em geral diante do risco da criação de novos focos de contaminação massiva.

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Entre os setores da população que mais se colocam contra o retorno presencial das aulas, a população negra e as mulheres apresentam diferença expressiva. Os negros são a parcela étnica que mais se coloca contra o retorno (79%), sendo também a maioria dos mortos pelo vírus - uma consequência direta da desigualdade social e da estrutura racista do capitalismo, como mostraram diversas pesquisas nos Estados Unidos e no Brasil desde o início da pandemia.

Leia também: Governadores tentam esconder que negros são maioria dos mortos por coronavírus.

Além disso, o povo negro compartilha com as mulheres o fato de serem [as parcelas mais atingidas pela recessão econômica-http://www.esquerdadiario.com.br/Recessao-atrelada-a-pandemia-atinge-mais-fortemente-mulheres-e-negros] agravada pela pandemia. Segundo o IBGE, 47,3% do total de pretos e pardos se encontram em postos informais de trabalho, os primeiros a serem demitidos e a assumirem condições precárias e insalubres de trabalho. As mulheres são minoria nos setores beneficiados pelo governo, como a indústria, enquanto são a maioria em áreas como a saúde (linha de frente brutalmente atingida pandemia) e outras extremamente atingidas pela crise, como ramos de serviços em beleza/estética, terceirização e no trabalho doméstico - onde as mulheres negras são a ampla maioria. Só no trabalho doméstico, 2020 já deixou a marca de 727 mil trabalhadoras a menos.

São setores que conhecem na pele a pandemia do coronavírus e as consequências do total descaso tanto dos governos federal e estaduais, quanto dos empresários dos diversos ramos que estariam envolvidos no retorno às aulas. Se colocam com maior intransigência contra a reabertura das escolas porque não querem arriscar as vidas de seus filhos, suas famílias e seus vizinhos diante da completa ausência de medidas eficazes de segurança contra a contaminação nas ruas e nas escolas.

Sintomaticamente a pesquisa do Datafolha não buscou consultar o que pensam os profissionais da educação, ou no mínimo pareceu não considerar que essa categoria tem uma opinião de peso relevante no assunto, que merecesse destaque próprio por fora do grande conjunto de “funcionários públicos” e “trabalhadores regularizados”. Por todo o Brasil os professores estão sendo sobrecarregados com protocolos improvisados de Ensino a Distância extremamente precários e excludentes, guiados por uma lógica produtivista que em nada se relaciona com uma educação de qualidade.

Diversos professores estão sendo demitidos e os sistemas educacionais desmanchados, a medida em que governantes aproveitam a suspensão das atividades presenciais e a incerteza instaurada para passar a boiada de novos cortes na educação pública. Mas isso não significa que a categoria e os demais funcionários de escolas querem o retorno presencial. Não existem condições estruturais e trabalhadores suficientes para que as escolas operem em um nível de segurança e qualidade minimamente adequado, resultando em que o retorno não só acarretará em um altíssimo risco à saúde das comunidades escolares, como também na sobrecarga e na precarização dos empregos de milhares de trabalhadores dessas instituições, colapsando ainda mais o sistema educacional brasileiro.

Veja também: As escolas estão preparadas para a reabertura?

 
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