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UNICAMP
No mês do Orgulho, cotas trans e travestis aprovadas pela pós de Antropologia da UNICAMP
Redação

O Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do IFCH-UNICAMP, é o primeiro a ter reservas de vagas para pessoas trans e travestis.

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No mês do Orgulho LGBT, na cidade da Quelly, que teve seu coração arrancado com cacos de vidro em Campinas no ano passado e no país de Bolsonaro e Damares, cotas trans foram aprovadas por meio de reivindicação de representantes discentes da pós-graduação do departamento de Antropologia.

A implementação de vagas para pessoas trans e travestis implica criação de vagas a mais referentes a 10% das vagas totais nos programas de Antropologia existentes, em caráter optante. Essa conquista deve ser comemorada em meio aos imensos retrocessos nas universidades públicas brasileiras provocados pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, que já declarou os estudantes e a população LGBT enquanto seus inimigos. Justamente porque é a população trans que está nos piores postos de trabalho no país que mais mata LGBTs, quando não na prostituição e no desemprego, cada ataque desse governo atinge pessoas trans e travestis diretamente, ainda mais as negras.

O ex-ministro da educação, Abraham Weintraub, articulou um corte de investimentos gigantes nas UFs e IFs já em maio de 2019, interferiu na Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) quando esta havido promovido um vestibular reservado para pessoas trans e travestis, admitiu ódio aos povos indígenas, destilou todo seu apreço ao seu reacionarismo golpista, deixou claro ser contra as formações em Ciências Humanas (afirmando querer extinguir cursos de antropologia, filosofia, sociologia públicos) e, antes de ser oficialmente exonerado como sinalização de trégua de bolsonaristas com o STF, barrou a medida existente no MEC que pretendia instalar cotas étnico-raciais para os programas de pós graduação nas universidades públicas. A aprovação de cotas trans e travestis no Departamento de Antropologia Social pode ser ponto de apoio em todo o IFCH e na Unicamp para responder ao reacionarismo LGBTfóbico.

Porém, em que medida o conjunto da UNICAMP abre espaço às pessoas trans e travestis?

Essa enorme conquista também deve servir de ponto de apoio para questionar se o conjunto do projeto de universidade hoje está a serviço dos mais oprimidos e explorados, como é a população trans no Brasil, marcada por imensa evasão escolar e muitas vezes expulsas de suas casas.

No último período, ao mesmo tempo em que aprovou cotas étnico-raciais em seus colégios técnicos, a Unicamp veio aprofundando medidas de exclusão em seu ensino, pautadas por uma estrutura de poder autoritária, baseada em não dar espaço de deliberação a estudantes, trabalhadores e à maioria dos professores. Essas medidas afetam em particular a população trans e travesti.

Não nos esquecemos que a Reitoria Knóbel aprovou programas de extensão na pós graduação pagos, ou seja, foi lhes retirada a gratuidade que permite maior acesso aos estudantes pobres, como são, em grande medida, as pessoas trans. Com isso, também ressaltamos a implementação autoritária atual de um ensino à distância por parte da mesma reitoria que diz defender de maneira ultra democrática a universidade pública, mas que não reconhece as imensas dificuldades materiais, que por sua vez agravam as condições psicológicas, dos estudantes pobres para seguir fazendo suas disciplinas correntes em um cenário de crise sanitária no meio de uma pandemia de escala mundial, que também afetam em particular a parcela de pessoas trans e travestis da universidade.

Um EaD de longe mais precarizado e remendado que os projetos tradicionais, sob muitos aspectos rechaçado pelos estudantes, está em vias de ser o meio oficial para o segundo semestre, a fim de “normalizar” um caos de ordens nunca vistas nas últimas décadas. Além disso, o próprio vestibular, como um filtro social e racial, garante que milhares de pessoas trans e travestis não possam acessar a graduação na Unicamp.

Transformar a conquista das cotas trans na Antropologia em um ponto de apoio para questionar o conjunto da universidade

Nesse cenário, é imensamente significativa a conquista de cotas trans e travestis na Antropologia, que deve ser ponto de apoio para batalhar por essa conquista no conjunto da Pós-graduação do IFCH na universidade e no vestibular da Unicamp. As cotas trans na Pós-graduação devem vir acompanhadas de garantia de bolsas e permanência estudantil, como Moradia. Além disso, na graduação, seguimos lutando por cotas trans e travestis, rumo ao fim do vestibular, para que toda a população LGBT possa ter acesso à universidade sem barreira e sem ter de pagar nos imensos monopólios privados.

No mês do Orgulho LGBT, relembrarmos a força de Stonewall e do legado de luta por liberdade sexual e livre construção do gênero.

 
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