A medida racista do ex-ministro Weintraub foi uma resposta ao avanço das manifestações antirracistas e antifascistas que vinham na esteira da fúria negra nos EUA e no mundo. Não podemos nos iludir com as declarações contrárias do STF ou do congresso. Foram essas mesmas instituições que aprovaram e legitimaram políticas racistas como a terceirização irrestrita e o pacote anti-crime.
Hoje, o governo recua e revoga a medida, com medo da reação que poderia provocar ao avançar contra as conquistas históricas do movimento negro e dos trabalhadores. Mas é apenas um recuo. O próprio governo já cogita um arauto da privatização para o cargo de Ministro da Educação, o Renato Feder.
Se hoje o acesso dos negros à educação superior já é extremamente difícil com as cotas, dado que o vestibular atua como um filtro social e racista impedindo-o o acesso da maioria da população, o que se tem reservado para a juventude negra é apenas os trabalhos mais precários, através da privatização do ensino público, encarceramento ou a morte, seja pela Covid-19 ou as balas da policia.
A nossa resposta à continuação de projetos como o Future-se deve partir de nossas próprias forças e de nossa própria organização. Diferente do discurso da União Nacional dos Estudantes, que sem mobilizar as universidades ficou cantando vitória nas redes sociais, é preciso construir desde as bases dos cursos em cada universidades uma verdadeira força dos estudantes que busque se ligar a classe trabalhadora dentro e fora destas faculdades para responder aos problemas da educação.
É preciso nos inspirar e nos somar à paralisação do 01 de julho, que está sendo chamada pelos milhares de jovens trabalhadores de aplicativo, para impor com a luta um projeto de educação que sirva aos trabalhadores e à juventude negra, indígena e LGBT contra a precarização do trabalho, da educação e da vida.
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