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CORONAVÍRUS NO RS
Mesmo com sistema de saúde do RS indo para o colapso, prefeituras querem manter tudo aberto
Redação Rio Grande do Sul
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Na foto o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom; o prefeito de Santiago, Tiago Gorski e outros prefeitos da região, que se posicionaram contra a mudança para bandeira vermelha

A partir da nova atualização do mapa do modelo de distanciamento controlado que aconteceu neste último sábado (13), várias regiões passaram para a classificação de bandeira vermelha - de alto risco. Mesmo com a evolução crescente da doença no Estado desde a reabertura dos comércios, os prefeitos dessas regiões não concordam com a classificação e ainda afirmam que não irão seguir as regras de restrições do comércio em seus municípios expondo a população aos perigos do vírus.

Nessa última rodada, a macrorregião de Uruguaiana passou da bandeira laranja para a vermelha. As regiões de Caxias do Sul, Santo Ângelo e Santa Maria também tiveram piora nos indicadores e mudaram para regiões de alto risco que não permite que nenhum serviço funcione a não ser os considerados essenciais.

Os 11 prefeitos da Associação dos Municípios da Fronteira Oeste, da qual fazem parte as cidades de Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambara, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel e Uruguaiana, se reuniram por videoconferência no domingo (14) e decidiram encaminhar “questionamentos” ao governo do Estado, e informaram que até que obtenham um retorno do governo os municípios irão desrespeitar todas as restrições designadas para zonas de alto risco. O prefeito de São Gabriel alegou: "Nós não vamos aceitar, porque os argumentos do governo e da UFPEL (Universidade Federal de Pelotas) são muito fracos".

Em Farroupilha, o prefeito destacou que além de protocolar um pedido de mudança de bandeira para uma mais “leve”, o município vai finalmente liberar verbas para habilitar nos próximos dias cinco novos leitos de UTI; mas não irá fazer isso porque se importa com a vida da população, irá fazer justamente para que o município possa continuar a reabrir o comércio cada vez mais, expondo todos os trabalhadores ao vírus. Diante dessa realidade, apenas 5 leitos não serão suficientes por parte do governo da cidade.

Os prefeitos que fazem parte da Associação dos Municípios de Turismo da Serra - Amserra, que compreende Cambará do Sul, São Francisco de Paula, Santa Maria do Herval, Canela, Gramado, Nova Petrópolis e Picada Café também se reuniram nesta segunda e decidiram enviar um documento ao governo estadual exigindo a mudança da bandeira. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Gramado, que faz parte da Amserra, os municípios pedirão a troca "por acreditarem que não contribuíram para a grande incidência de casos que determinaram a bandeira vermelha”, se isentando de qualquer responsabilidade.

A postura adotada pelas prefeituras das regiões classificadas de alto risco pelo ineficiente distanciamento controlado mostra o total descaso dos prefeitos com toda a população trabalhadora de suas cidades, que tem até agora arriscado contrair o vírus todos os dias para manter os comércios e todos os serviços não essenciais funcionando para satisfazer a sede de lucro de seus patrões, mesmo em meio a pandemia. Mesmo vendo o número de casos subir diante da estrutura precária de saúde pública do Estado que não dará conta de atender surtos da doença necessite de leitos, esses prefeitos covardemente cedem a pressão do empresariado que pouco se importa em passar por cima das vidas da população e alegam prejuízos irreversíveis. As prefeituras junto com os empresários aproveitam o momento de crise para chantagear a população, ameaçando seus empregos pois sabem que a população trabalhadora tem dois medos: morrer na rua de coronavírus ou morrer de fome em casa.

O modelo de distanciamento controlado implementado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que segue flexibilizando o comércio por diversas áreas do Estado gaúcho, vem deixando infectados pela Covid-19 e vítimas fatais pelo caminho, na medida que permite a abertura de todo o comércio e serviços não essenciais mas não garante a testagem massiva para a população trabalhadora que é obrigada a se expor ao vírus. Além disso, segue mascarando os números reais da doença com a política de subnotificação, para continuar implementando suas medidas de flexibilização em diversas regiões do Estado. Essa subnotificação também é uma sustentação para a falta de investimento em saúde pública no Rio Grande do Sul e a abertura de milhares de novos leitos de UTI para encarar a pandemia.

Enquanto Eduardo Leite não garante esses direitos mínimos à população gaúcha em meio a uma pandemia mundial, os casos e mortes seguirão crescendo de forma assombrosa para manter o comércio de pé apenas para que os empresários sigam aumentando suas fortunas. Para quebrar essa lógica, é necessária a testagem massiva da população, para fazer um isolamento social racional separando todos os adoecidos e garantindo todos os cuidados que exigem. Além disso, é necessária a estatização de todo o sistema privado de saúde centralizado sob o controle dos trabalhadores da saúde, que são os que estão na linha de frente para acabar com a crise do coronavírus. É necessária a contratação imediata de todos os profissionais da saúde desempregado e estudantes da área, além da garantia de novos leitos de UTI e EPIs para todo mundo que continuar trabalhando.

Para além disso, é extremamente necessário o fechamento de todos os serviços não essenciais, pois é um crime que os trabalhadores sejam obrigados a voltar ao trabalho sem a garantia desses meios, para satisfazer o luxo de seus patrões que querem encher os bolsos. Todo trabalhador deve ter direito a licença garantindo 100% do salário (sob responsabilidade da empresa e do Estado) se estiver infectado ou for do grupo de risco. Assim como deve haver um decreto categórico que proíba as demissões e que todos possam receber um auxílio no valor mínimo de R$ 2000,00 para que possam se manter em meio a crise.

 
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