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Governo Witzel corta auxílios dos professores em meio ao pico da pandemia no RJ
Redação

Ao contrário do que o secretário de educação Pedro Fernandes vinha afirmando de forma demagógica em suas lives, os professores da rede estadual amanheceram com seus auxílios de transporte e difícil provimento cortados no contracheque. Em nota a secretaria diz que se trata de um erro no sistema, mas o corte vem em um momento em que o secretário nega-se a distribuir cestas básicas aos estudantes e ameaça abrir o refeitório das escolas, e enquanto professores e estudantes são pressionados a aderir ao programa de ensino a distância mesmo sem ter acesso a computadores ou internet.

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Em mais um episódio constrangedor de sua gestão, durante a live que fazia no dia 28 de maio, Pedro Fernandes foi ironizado por trabalhadores e estudantes quando o seu sinal de internet começou a falhar. Entre as mensagens constavam “Se você está com problema, imagine os alunos”, “secretario o senhor precisa fazer um curso” e por fim “contracheque de Maio”. Esta última frase aludia a expectativa em relação ao decreto 46.993 que suspende, entre outros, os benefícios de auxílio transporte, difícil acesso e difícil provimento, de servidores trabalhando remotamente. Este ataque absurdo gerou indignação e de forma demagógica o secretário de educação veio nas últimas semanas tentando contornar o assunto, negando que houvesse o corte e inclusive promovendo seu aliado político mais direto na Alerj, o deputado Sérgio Fernandes (que inclusive tem autorização para usar o sobrenome do clã político liderado por Rosa Fernandes) que chegou a assinar um projeto de lei “convertendo” os benefícios em um “auxílio para despesas com trabalho remoto”.

Apesar do forte cinismo da medida, uma vez que com a defasagem no reajuste dos benefícios, eles são completamente insuficientes para arcar com os custos de internet, energia elétrica e “equipamentos eletrônicos para transmissão de vídeo-aulas”, o secretário prosseguiu com este discurso demagógico na tentativa de reduzir o impacto político causado por seus ataques a professores e estudantes na durante a quarentena, e o projeto chegou aprovado. Porém, um dia depois da malfadada live, professores descobriram o desconto em seus contracheques, alguns chegando na cifra de mil reais. Em nota a secretaria de educação afirma que “o rioprevidência não teve tempo para processar a suspensão nos cortes”, e que quaisquer divergências no valor serão ressarcidas no próximo mês. Certamente para Fernandes que recebe mais de vinte mil reais por mês, a perda de auxílios não causará impacto, mas para os professores que estão com salários congelados a sete anos, e que por isso acabam se sujeitando a se sobrecarregarem em aulas adicionais para compensar a perda do poder de compra em meio ao aumento generalizado do custo de vida durante a pandemia, o impacto nas contas é imenso.

Esse ataque vem em meio ao momento que a epidemia do coronavírus escancara que as contradições de um regime político em franca decadência, onde um secretário de educação propõe que é melhor gastar menos abrindo o refeitório das escolas durante o pico da pandemia, do que distribuir cestas básicas para a população, ou que alunos sem acesso a internet terão iguais condições de aprendizado utilizando “apostilas autorreguladas”. Embora tentem se mascarar por trás de uma disputa que opõe Witzel a Bolsonaro, a verdade é que nenhum dos políticos burgueses pode levar até o final qualquer medida de combate ao coronavírus e tudo o que farão será sacrificar a população no altar do capital, para que seus privilégios sejam mantidos. Enquanto Witzel e Fernandes seguem com demagogias baratas, fingindo que criticam o ultrarreacionário governo de Bolsonaro, é o povo negro e pobre que mais morre, seja pelo coronavírus, seja pelas armas da polícia, como foi com o menino João Pedro, atingido em quanto brincava em casa e sequestrado pelos seus assassinos.

Para enfrentar o autoritarismo de Bolsonaro e Witzel, a saída não é se colocar do lado do autoritarismo do judiciário mas fortalecer a organização dos trabalhadores e por isso mesmo devemos batalhar por um programa de luta independentes da classe trabalhadora, que não submeta a revolta dos trabalhadores aos desígnios da justiça burguesa, que decide quando quer e o que quer, como tem feito os sindicatos, principalmente o SEPE, apoiando-se em uma esquerda parlamentar que faz alianças essencialmente eleitorais com os políticos golpistas. É preciso construir a organização de professores, estudantes e funcionários em cada local de estudo e trabalho, para que os trabalhadores reconheçam-se como sujeitos históricos, capazes de tomar para si as demandas de uma luta revolucionária capaz de questionar e por em xeque este sistema falido, superando a fragmentação imposta a classe trabalhadora e potencializando a revolta popular, como hoje está acontecendo na Argentina, onde inúmeras categorias das mais precarizadas se uniram em um grande ato contra o governo.

 
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