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REFUGIADOS
Inverno, tanques e demagogia: mais um capítulo do drama dos refugiados
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

A crise dos refugiados que tomou conta das páginas dos grandes meios, escancarando o drama dos imigrantes, em sua maioria sírios, que fogem da guerra civil do país em direção à Europa, abre mais um capítulo. Agora a chegada do inverno europeu torna ainda mais dura para os refugiados a tentativa de salvarem suas vidas e de suas famílias.

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A crise dos refugiados que tomou conta das páginas dos grandes meios, escancarando o drama dos imigrantes, em sua maioria sírios, que fogem da guerra civil do país em direção à Europa, abre mais um capítulo. Agora a chegada do inverno europeu torna ainda mais dura para os refugiados a tentativa de salvarem suas vidas e de suas famílias. Desabrigados, desnutridos e após chegarem muitas vezes pelo mar, os refugiados encontram com a queda das temperaturas ainda mais dificuldades, contribuindo para o aumento dos naufrágios, que já mataram 19 pessoas nos últimos dias. Ao todo mais de 3.210 pessoas morreram na tentativa de entrar na Europa. Mas para muito além dos fatores climáticos, a razão da piora daquilo que já era inadmissível é política.

A Eslovênia deslocou exército para a fronteira com a Croácia, e passou a debater alterações na legislação, para que as Forças Armadas passassem a controlar a fronteira, impedindo a entrada dos refugiados. Além disso, crianças sírias são encarceradas em prisões, junto com adultos condenados por crimes comuns na Grécia. A proliferação de “campos” que assemelham a campos de concentração é estimulada nos países como a Grécia, uma das principais portas de entrada dos refugiados no continente europeu. Segundo estimativas 65% dos 705, 2 mil refugiados eram homens, 14% mulheres, e 20% crianças. Mais da metade vindos da Síria, mas também do Iraque e do Afeganistão. Isto é, mais da metade provém de países dilacerados por guerras promovidas pelos países imperialistas, inclusive europeus.

No entanto, a cúpula reunida em Bruxelas em 15 de outubro para tratar do problema, demonstra que os governos dos 28 países que compõem a União Europeia em nada buscam dar uma saída de fundo para o problema dos refugiados. Agora os governos europeus adotaram a definição de que seriam “países de passagem”, e que, portanto, não seriam responsáveis por acolher os refugiados, e lhes garantir a mínima possibilidade de refazerem suas vidas. O que o presidente da Turquia, Erdogan está negociando com os principais países da União Europeia, tendo a Alemanha na linha de frente, em troca de três bilhões de euros é a abertura de campos para “receber” os refugiados expulsos da Europa.

Paralelamente, os governos europeus firmaram o acordo para o controle das fronteiras, através da Frontex (Agência Europeia para a Gestão da Cooperação Operativa nas Fronteiras Exteriores dos Estados membros da união), que visa instituir um sistema europeu fronteiriço. Que é nada mais que embasado na política de forçar o retorno dos refugiados, e colocar limites aos que tentam entrar na Europa.
Angela Merkel, chanceler alemã, que foi saudada pelos grandes meios como a “face benevolente” da Europa, encontra cada vez mais dificuldades de sustentar essa ilusão. Após ter sangrado a Grécia com os pacotes econômicos que retirou sob a forma de juros da dívida e draconianos pacotes de ajuste, agora setores do governo alemão afirmam que não poderiam sustentar economicamente os custos da imigração. Wolfgang Schäuble, ministro das finanças, insinua que se a Alemanha continuar recebendo os refugiados, terá que aumentar os impostos. Trata-se de uma tentativa de romper o apoio que setores amplos da população alemã vêm prestando aos refugiados, ameaçando aumentar as tarifas que pesam sobre a população.

Entre a hipocrisia de Bruxelas, que apresenta um documento intitulado “Liderando a crise dos refugiados”, o inverno, e os tanques demonstra-se que os verdadeiros aliados que os refugiados podem ter são os setores populares, favoráveis não apenas à entrada mas à permanência digna, e os trabalhadores.

 
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