Foto da foto montagem: Gil Leonardi/Imprensa MG.
Dos 8.099 doentes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2020, somente 3.139 (38,7%) foram testados para a COVID-19. Entre 1.088 mortes pela mesma causa, somente 307 (28,2%) foram testados.
Nem mesmo os mortos estão sendo testados pelo governo Zema, contrariando inclusive as orientações do Ministério da Saúde de Bolsonaro, que orienta testagem de todos doentes e mortos com problemas respiratórios.
O número de doentes e mortos com problemas respiratórios saltou enormemente em 2020, se comparado a anos anteriores. O que para Zema parece ser uma grande coincidência, para especialistas atesta a enorme subnotificação de casos e mortes de COVID-19 no estado.
São 8.099 doentes em 2020 contra 1.024 no mesmo período de 2019, uma alta de 691%. As mortes saltaram para 1.088 neste ano, enquanto em 2019 foram 116, um aumento de 838% durante a pandemia. Os números são de levantamento do jornal Estado de Minas.
Enquanto a realidade aponta o contrário, o governo segue afirmando que a pandemia do novo coronavírus estaria sob controle em Minas Gerais. No último informe epidemiológico, de hoje (26), o governo atesta apenas 234 óbitos confirmados. O governo passou também a omitir o número total de casos suspeitos na divulgação oficial, depois que esse número já ultrapassava 100.000 casos. Se somados os prováveis casos de mortes por COVID-19, não testados pelo governo Zema, o número seria cerca de 5 vezes maior do que o divulgado.
Minas Gerais é o 2º estado que menos testa no país
Já vínhamos divulgando outros estudos sobre o número de casos em Minas Gerais, como o de pesquisadores da UFMG e UFOP que mostrou que Minas Gerais poderia ter 16 vezes mais casos do que o divulgado oficialmente.
Minas Gerais é o 2º estado do país que menos testa para a COVID-19: 78 a cada 100.000 habitantes do estado. Como mostra gráfico elaborado pelo G1, que mostra a testagem para cada 100.000 habitantes:
Em meio a esta situação o secretário de estado de Saúde de Zema, Carlos Eduardo Amaral, afirmou no dia 18 que “[lhe] parece precoce e imprudente sairmos testando muita gente”. Uma verdadeira hipocrisia de um dos estados que menos testa no país.
Por meio da compilação de bases de dados oficiais, se identifica que o volume de resultados “a confirmar” em Minas é dos maiores do Brasil, fato endossado por especialistas e que confirma a subnotificação de registros de contaminação e morte pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2).
O secretário de Saúde também já comparou, em entrevistas coletivas, a progressão de casos mineiros ao ritmo da Coreia do Sul, negando a existência de uma subnotificação relevante; mas os cartórios espalhados por Minas Gerais já computaram mais mortes com confirmação ou suspeita de COVID-19 nos 853 municípios mineiros que a própria Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Proposta de reabertura é precoce e coloca vidas em risco
Enquanto isso Romeu Zema vem empurrando para maior reabertura do comércio e da produção em Minas Gerais. A mineração e a indústria nunca pararam completamente, e com a conivência de Zema preservaram seus lucros às custas das vidas dos trabalhadores e de seus familiares.
E não porque estivessem produzindo bens essenciais. Em momento nenhum se falou de reconversão da indústria para produção de respiradores, máscaras, álcool e outros insumos para ajudar no combate à pandemia. Ao voltarem do afastamento, metalúrgicos de Contagem ainda enfrentaram demissões.
Apesar de criticar Zema e Bolsonaro reiteradas vezes na imprensa, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, emitiu decreto que permitiu, a partir de ontem (25), reabertura parcial do comércio na cidade, ajudando Zema na omissão dos casos e mortes que vêm acontecendo no estado.
Em prol da “normalidade”, Zema também forçou nas últimas semanas a volta ao trabalho dos trabalhadores da educação, mesmo com o atraso inédito dos salários, não pagamento das reivindicações de reajuste salarial e sem dar as condições para a maior parte dos alunos e trabalhadores de acessarem as teleaulas, sem fornecer internet pública nem equipamentos.
Medidas de emergência são necessárias agora mais do que nunca
É preciso fazer todo o necessário para impedir a disseminação do vírus, produzir insumos e equipamentos necessários para ter testes massivos e fazer com que a quarentena seja organizada racionalmente e flexibilizada somente quando não houver riscos para a população trabalhadora.
É preciso proibir as demissões, lutar contra a redução de salários proporcionada por Bolsonaro às empresas e garantir uma renda básica de 2.000 reais aos desempregados e informais, custeados com lucros anteriores da próprias empresas e pela taxação das grandes fortunas e o não pagamento da dívida pública. Se a crise é extraordinária, se fazem necessárias medidas extraordinárias para impedir que a maioria pague com suas vidas pela manutenção dos lucros de uma minoria de bancos, grandes empresas e mineradoras.
Para parar o contágio e as mortes, também é preciso garantir uma licença remunerada para todos os trabalhadores de serviços não essenciais, bem como medidas como o controle de todo o sistema de saúde, tanto público como privado, pelos próprios trabalhadores, que ao contrário do governo Zema que esconde mortes e casos para proteger o lucro, querem organizar o conjunto do sistema para divulgar a verdade e salvar vidas, contratando novos trabalhadores da saúde e retirando o controle das UTIs das mãos do sistema privado que só se preocupa com os lucros.
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