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CAMPANHA CONTRA DEMISSÕES
França: Em plena pandemia, Ministério do Trabalho quer autorizar a demissão de Eric Bezou, ferroviário e militante sindical
Revolution Permanente
França

Ainda não foi autorizada a demissão, mas o e-mail que Eric Bezou recebeu, enquanto trabalhava de noite em sua estação em Mantes-La-Jolie, sugere que o Ministério dará razão à empresa e anulará a decisão da Inspeção do Trabalho. Algo escandaloso em plena crise sanitária, enquanto os trabalhadores ferroviários, como o próprio Eric, estiveram e estão na linha de frente para garantir a continuidade do serviço público. O Ministério do Trabalho retribui Éric com o desemprego.

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O ministério parece decidido a anular a decisão da Inspeção do Trabalho e deixar à defesa 10 dias para esclarecer. O que justificaria essa reviravolta desse caso que dura mais de um ano? Atestações produzidas pela própria empresa… Além do fato de terem feito reconhecido um "acidente de trabalho" de um supervisor presente.

O homem que se ajoelhou perante seus supervisores para denunciar a submissão exigida pela SNCF [estatal ferroviária francesa] para obter sua qualificação e ter seus direitos respeitados, luta há mais de um ano contra uma repressão alucinante. O grande apoio que recebeu de seus colegas ferroviários e de militantes em geralpermitiram tornar público e denunciar amplamente a repressão da qual foi vítima.

É assim que o Ministério do Trabalho de Muriel Pénicaud trata hoje aqueles que, como Éric, durante a crise sanitária permitiram que as atividades essenciais fossem mantidas. Poderíamos pensar que, com a precariedade da vida daqueles que foram submetidos ao desemprego parcial, a escassez de máscaras e álcool em gel para milhares de trabalhadores, a necessária continuidade do trabalho remoto ou a necessidade de reduzir o impacto da crise econômica que se aproxima com aumento do desemprego, o ministério teria outras preocupações.

Mas, claramente, nada é mais urgente do que a repressão daqueles que dificultam a super exploração. Aqueles que, como Eric o fez tantas vezes em 28 anos de trabalho como ferroviário, agem em defesa das condições de higiene e segurança em seus locais de trabalho.

No entanto, são essas pessoas que, através de suas ações sindicais, tornaram possível garantir a segurança de agentes e usuários durante esse período sem precedentes, quando a direção administrativa da SNCF estava completamente perdida. Ao propor idéias (a partir de conhecimentos técnicos e regulatórios que somente a experiência de campo provê) ou fazendo valer e ser respeitados o "droit de retrait" [direito que os trabalhadores franceses têm de exigir não trabalhar se sua vida estiver em risco], eles possibilitaram estabelecer procedimentos e condições de uso que, em grande parte, ajudou a salvar vidas, limitando a propagação da epidemia.

Entre duas ondas da pandemia, uma onda de repressão?

A crise da saúde interrompeu vários procedimentos disciplinares que nunca deveriam jamais serem retomados dentro do situação de "Unidade Nacional" no "mundo depois do Covid" pregado pelo governo. Mas, cinco trabalhadores ferroviários da estação de Paris Est (4 sindicalizados na CGT e 1 na SUD-Rail) foram convocados para uma entrevista disciplinar por terem feito greve (contra a reforma da previdência). E os conselhos disciplinares, através de um enorme gasto de energia para organizá-los respeitando as medidas de segurança necessárias, serão retomados na RATP [estatal dos transportes da região parisiense], incluindo os de nossos camaradas Ahmed e Alex, dois motoristas que se destacaram como lideranças na greve de dezembro. Não há nada mais urgente nessas empresas de transportes do que essas sanções? Por exemplo, a segurança sanitária de trens, ônibus e metrôs à beira do colapso?

A repressão também está em pleno andamento na Educação Nacional, setor que também esteve na vanguarda, junto com os trabalhadores da RATP e a SNCF, dos protestos contra a reforma da previdência. Na educação, três professores da escola Joseph Desfontaines de Melle, em Deux-Sèvres, são alvos de sanções arbitrárias. É claro que o objetivo dessa repressão é nos silenciar, mas não vamos deixar isso acontecer.

Repressão aos que estão na linha de frente

O mesmo para os trabalhadores da saúde aos quais o governo quer conceder uma medalha em vez de dar os recursos necessários para o trabalho. Também quanto aos trabalhadores da grande distribuição que vê seus "prêmios de risco à saúde" serem esquecidos. Os trabalhadores dos transportes podem ver o desprezo com que a classe dominante pretende continuar a tratá-los.

Essa crise evidenciou aqueles que são úteis para a sociedade, mas também aqueles que lucram em cima de explorar os primeiros. Não precisamos aceitar sofrer a repressão deles. Eles demonstraram sua ilegitimidade ao nos punir. Então, para Eric e para todos os outros reprimidos, oprimidos e desprezados, vamos lutar!

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Apoio a Éric e a todos os colegas alvos de repressão!

Como há um ano atrás, as expressões de apoio a Eric já são fortes e numerosas. Seu sindicato, Sud Rail Saint Lazare, lançou imediatamente uma petição on-line, que recebeu mil assinaturas em questão de horas.

A página de apoio a Éric, “Nunca mais de joelhos”, lançada há um ano, também foi reativada e está se preparando para acolher todas as expressões de solidariedade e apoio que certamente chegarão nos próximos dias. Não hesite em enviar suas mensagens, fotos ou vídeos de apoio a Eric, é hora de mostrar à direção da SNCF e ao governo que não permitiremos que demitam nosso camarada! Lutar hoje contra a demissão de Eric e contra a repressão que recai sobre todos aqueles que levantam suas cabeças é a nossa melhor arma para nos preparar para as lutas que virão!

Assine a petição "Não vamos deixar que eles demitam Eric!

 
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