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ABSURDO
ABSURDO: Bolsonarista cotado para Ministério da Saúde diz que pedagogos são todos burros
Clara Gomez
Estudante | Faculdade de Educação da USP

Ítalo Marsili afirmou em uma live recente que os profissionais da educação são burros, que não trabalham e que os “piores” alunos da escola optam pelo curso de pedagogia. O olavista, em outra declaração relacionou as crises políticas e econômicas ao voto feminino. No dia nacional do pedagogo, reafirmamos nosso apoio aos profissionais da educação e nosso total repúdio ao bolsonarismo!

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No vídeo que circula nas redes sociais, o bolsonarista cotado para substituir Nelson Teich, compara os profissionais da área da contabilidade com os da medicina, buscando a todo momento pontuar como os primeiros não trabalham, que somente “enrolam” no horário de trabalho. Em seguida, insatisfeito com o nível com irracionalidade expressado inicialmente, o olavista busca aprofundá-lo, dirigindo esdrúxulas críticas aos professores e, mais especificamente aos pedagogos.

“"Professor também não trabalha, não. Professor não trabalha nada, porque professor não sabe o que tá fazendo. Quando entra em sala de aula, fica mais perdido que crente em fila de comunhão. Então professor é outra raça que ele se cansa, mas não trabalha, porque não sabe o que faz [...] Obviamente o professor no Brasil não sabe ensinar, porque ele é burro. Você tá entendendo? é burro!"”

““O sujeito que menos estudou na vida, sabe o que escolhe fazer na vida no terceiro ano? pedagogia! Quem são os alunos do ensino médio que querem fazer pedagogia? São os mais burros! É os alunos mais burros, que não passam em nada ””

Em meio à pandemia, diversos profissionais estão trabalhando por home office em suas casas. No caso dos professores, a situação é a mesma. A crise do covid-19 abriu caminho para o aprofundamento do projeto de precarização da educação, por meio do qual se reduz custos, ao mesmo tempo em que se intensifica a exploração docente e se reforça desigualdade no que concerne ao acesso dos conteúdos entre os educandos.

Não é difícil encontrarmos nas redes sociais depoimentos de professores, principalmente dos que atuam nas escolas particulares, apresentando uma realidade diferente daquela que Ítalo, o olavista, buscou exibir em seu vídeo. Muitos estão sofrendo com a redução brutal dos salários, enquanto estão trabalhando ainda mais horas que antes, uma vez que precisam planejar e produzir materiais a serem disponibilizados online.

No que tange aos professores da rede pública, esses estão enfrentando uma série de obstáculos com o projeto que João Doria tenta implementar. Tais dificuldades escancaram o nível de precarização da educação no país, ao passo que exibem a desigualdade social extrema, já que os estudantes mais pobres são relegados à educação precária, ou sequer possuem condições materiais para acessar os conteúdos ministrados online.

Além disso, Ítalo Marsili, que se reivindica psiquiatra, sem ter registro na Associação Brasileira de Psiquiatria e sem ter essa especialidade registrada em sua ficha de inscrição no Conselho Regional de Medicina, parece desconhecer a realidade dos cursos de licenciatura e pedagogia. Profissionais em constante formação, educadores precisam dedicar muito tempo de sua vida com formação inicial e continuada, tendo que estudar diversas áreas do conhecimento, como didática, economia, política, filosofia, psicologia, sociologia, história e diferentes metodologias.

Como pontuado, essa formação é feita durante toda a vida dos profissionais da educação, exigindo deles muita leitura e cursos. Tudo isso, para articular teoria e prática em classe, reconhecendo as diferentes realidades dos estudantes e com a constante preocupação de se acessibilizar os conteúdos. Contudo, ao dirigir suas incabíveis críticas aos docentes, Ítalo não menciona as precárias condições trabalho que os governo federal, estadual e municipal impõem que, consequentemente, afetam o trabalho docente.

O Olavista, não remonta qualquer relação com a ascensão dos grandes grupos empresariais com a precarização da educação. Ele prefere fazer afirmações sem fundamento, como quando disse quando disse que o voto feminino estaria relacionado com as crises políticas atuais.

Outra afirmação sem fundamento foi dizer que os “piores” alunos escolhem fazer pedagogia. Em primeiro lugar, é preciso pontuar que Marsili desconhece as discussões promovidas na área da educação, uma vez que não se trabalha com o conceito de “pior” aluno, posto que reforça estigmas sobre estudantes que não se adequam a problemática lógica escolar, imposta pelo capitalismo. Outro aspecto, é que muitos dos estudantes que escolhem a área da educação, fazem isso por decisão política, por reconhecerem o papel desempenhado pelos professores na realidade.

São absurdas as ofensas que Ítalo dirige aos pedagogos. Elas exibem novamente o perfil machista do núcleo duro bolsonarista e o medo que eles têm dos docentes, uma vez que a pedagogia é uma área majoritariamente feminina e que essa categoria tem sido linha de frente nas mobilizações contra os ataques feitos à classe trabalhadora. É ainda mais absurdo que, em meio a uma enorme pandemia, ao invés de se reconhecer o papel que a escola poderia desempenhar nessa crise, na conversão dos educadores em educadores sociais, o homem cotado para ser ministro faça essas declarações e reforce a todo momento seu apoio ao presidente.

Jair Bolsonaro, presidente do país, tem apostado em uma política negacionista que está matando os trabalhadores brasileiros. Sem oferecer testes massivos e EPIs aos profissionais da saúde, sinaliza-se uma hecatombe. Diante disso, apontamos que as escolas devem cumprir seu verdadeiro papel em meio à pandemia, ao mesmo tempo que exigimos testes, EPIs e a estatização de todos os leitos, estando estes sob o controle dos trabalhadores da saúde.

 
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