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INTERNACIONAL
EUA: A catástrofe do desemprego continua
William Lewis

Os últimos relatórios do Centro de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics - BSL) mostram que a taxa de desemprego nos EUA atingiu 14,7%. Agora é a hora dos “trabalhadores essenciais” e dos conselhos de desempregados organizarem a luta.

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Na sexta-feira, o Centro de Estatísticas do Trabalho (BSL) divulgou seu relatório mensal de empregos nos EUA e os números são ruins, quebrando recordes. Somente a partir 30 de março, a taxa de desemprego subiu mais de quatro pontos, de 10,3% para 14,7%. Em termos de pessoas, esse é um salto de 15,9 milhões para 23,1 milhões de desempregados. As demissões temporárias também aumentaram dez vezes, totalizando 18,1 milhões. Enquanto isso, os trabalhadores de meio período que dizem preferir o emprego em período integral quase dobraram para 10,9 milhões.

E os trabalhadores que desejam ingressar na força de trabalho, mas também não conseguiram, quase dobrou, chegando a 9,9 milhões. Para fornecer algum contexto sobre quão ruins são esses números, considere que uma taxa de desemprego de 14,7% é a taxa mais alta desde o início da série em 1948, assim como o aumento mensal de 4,4%. Esse aumento é de cerca de 240.000 pessoas por dia; isso é praticamente toda a população trabalhadora da Pensilvânia, arrasada em apenas um mês.

A taxa de desemprego de 14,7% não é a história completa, no entanto, e esse número pode ser enganador. Até o BLS observa que existem alguns buracos nos dados. Por exemplo, as milhões de pessoas que querem emprego, mas não podem entrar na força de trabalho, não são contabilizados nos números de desemprego, e são quase outros 10 milhões de pessoas. Os subempregados, ou aqueles que trabalham em meio período e desejam trabalhar em período integral, também estão sofrendo, mas esses trabalhadores também não entram nos números oficiais de desemprego.

Além dessas ressalvas feitas pelo BLS, existem outras lacunas nos dados. 2,3 milhões de pessoas estão encarceradas e, portanto, não estão incluídas nos números do desemprego. Na maioria dos países, as populações carcerárias não são grandes o suficiente para distorcer os números relativos aos empregos, mas os EUA prenderam milhões de membros do que Marx chamou de "exército de reserva". E embora alguns desses trabalhadores encarcerados estejam empregados, eles quase sempre trabalham nas piores condições por apenas alguns centavos por hora.

Há também a questão dos trabalhadores sem documentação, particularmente os da indústria agrícola. Milhões de imigrantes, alguns dos trabalhadores mais explorados dos EUA, perderam o trabalho por causa da pandemia. Pior ainda, esses trabalhadores não se qualificam para os auxílios a desempregados e foram completamente deixados de fora do pacote federal de estímulo. As taxas de desemprego neste setor são geralmente ocultas das estatísticas oficiais.

Então, com esses números terríveis, com milhões de trabalhadores ociosos pelas crises gêmeas do COVID-19 e da crise capitalista, o que os trabalhadores devem fazer? Washington e a classe dominante têm uma idéia, a mesma que têm seguido ao longo do tempo. As empresas demitem ainda mais trabalhadores e até cortam as horas dos profissionais de saúde para manter os mais altos níveis de lucro possíveis. Com os trabalhadores remanescentes, eles os espremem com maiores cargas de trabalho para menos pessoas. Eles “libertarão”, como Trump diz, a economia enviando as pessoas de volta ao trabalho bem antes que seja seguro fazê-lo. Setores como frigoríficos e indústria automotiva, onde milhares de trabalhadores foram infectados, serão levados à produção total, colocando em risco ainda mais trabalhadores, aos milhares. A solução deles é sangue para garantir os lucros.

Há alguns trabalhadores enganados pela falsa dicotomia de que morrerão de fome se não puderem trabalhar e, portanto, a economia precisa ser reiniciada. Mas os trabalhadores têm outras opções. Em vez disso, podemos exigir que os capitalistas paguem pela crise. As empresas que nos exploraram devem ser tributadas para garantir auxílios adequados aos desempregados e um salário de quarentena para impedir a propagação do vírus. Devemos lutar pela proibição das demissões e pela nacionalização do setor de saúde e dos setores industriais para a produção de equipamentos necessários para a manutenção segura do trabalho, porém este voltado para atender o interesse de todas as pessoas. Na agricultura, os trabalhadores desempregados poderiam ajudar a produzir alimentos de graça para a expansão das condições mínimas de vida nos EUA e no exterior. A jornada de trabalho poderia ser reduzida, sem perda de salário, para resolver a contradição entre os trabalhadores sobrecarregados de trabalho, por um lado, e os desempregados, por outro. Lutar por essas demandas modestas exige que pressionemos nossos líderes sindicais a lutar conosco, e não apenas escrever cartas e criar fundos de emergência. Precisamos de comitês de saúde e segurança nos locais de trabalho e organizações intersetoriais de trabalhadores, com os trabalhadores da saúde, trânsito, trabalhadores da Amazon lutando juntos, a exemplo do Comitê de Resposta à Crise dos Trabalhadores de Connecticut. Organizações como essas tem que se espalhar e devem incluir as demandas dos trabalhadores desempregados. Somente a unidade dos trabalhadores pode resolver a crise.

 
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