As medidas de isolamento são sugeridas e até impostas por Doria e Covas, mas nem todos conseguem ou tem condições de cumpri-la. Na favela, isso é um fato concreto: é onde concentra a maior parte dos trabalhadores que não podem parar de trabalhar e são obrigados a pegar o transporte público lotado todos os dias. As aglomerações são inevitáveis até mesmo dentro das próprias casas que contam com poucos cômodos e vários moradores. Para além disso, milhares de famílias nas periferias não possuem renda para sobreviver no período de quarentena (e já se falta o básico como a alimentação e os produtos de higiene). Esse fato se aprofunda com o atraso do insuficiente auxílio do governo Bolsonaro, que tenta fazer demagogia com os mais pobres numa suposta "defesa" dos empregos, mas que além da MP que corta salários e libera demissões, também acaba por formar aglomerações nas filas das lotéricas. Essa é a realidade: na favela, não existem condições para o isolamento social.
A Brasilândia é um bairro periférico, dentre os mais populosos de São Paulo, que abriga mais de 263 mil moradores dentro dessa realidade. Porém, a dura negligência dos próprios governos com a vida das pessoas faz com que o bairro não tenha um único hospital para atender os moradores. É um absurdo que um distrito que abriga a mesma quantidade populacional de uma grande cidade do interior paulista não tenha hospitais para atender as pessoas adoecidas. Essa ferida aberta se escancara nesse momento de crise pelo coronavírus, e o resultado disso é avassalador: Brasilândia tem o pico de mortes em toda São Paulo, com 103 vítimas fatais da doença.
Isso tudo nos mostra a prioridade que os governos tem, e com certeza a vida das pessoas não é uma delas. O lucro dos grandes capitalistas a quem os governos servem é que impõem aos trabalhadores o lado mais precarizado da vida em todos os âmbitos. Por isso é necessário que os trabalhadores parem de pagar com suas vidas por essa crise e que se comece a mexer nas fortunas dos grandes capitalistas que estão lucrando em cima da crise!
Apenas assim, será possível disponibilizar renda para a construção emergencial de hospitais em bairros como a Brasilândia que sequer conta com um. Teremos também renda que garanta a testagem massiva de toda a população nas favelas, que são os locais mais vulneráveis a disseminação do vírus e à fatalidade.
Toda a barbárie exposta pela pandemia também escancara a necessidade de estatização da rede privada de saúde e sua centralização para o combate ao coronavírus, sob controle dos trabalhadores da saúde, para que não sejam os trabalhadores e o povo pobre os primeiros a continuarem a morrer por falta de leitos. Para além disso, é nessaria a contratação de mais profissionais da saúde, com a garantia de EPIs para que possam estar na linha de frente contra o vírus. Ao contrário do que propõe o prefeito Bruno Covas que pretende "alugar" os leitos de redes de hospitais privados para utilização do SUS, ao mesmo tempo que injeta diretamente o dinheiro público no bolso desses empresários, que irão lucrar mais ainda com a crise sanitária que tira a vida das pessoas.
Para além disso, nós do Esquerda Diário, defendemos a garantia da renda e do emprego aos trabalhadores, propondo, como mínimo, que se pague R$ 2 mil reais a cada trabalhador para que ninguém seja obrigado a pagar com a sua vida pela crise imposta pelos capitalistas!
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