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EDITORIAL MRT
Chamado à esquerda para construir um 1º de Maio classista e independente, pelo Fora Bolsonaro e Mourão
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.
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Como denunciamos neste artigo (ver aqui), nos últimos dias surgiu uma convocatória de um 1º de maio virtual unificado de todas as 11 centrais sindicais do Brasil. O que para alguns poderia parecer uma boa notícia, devido ao anseio de unidade de amplos setores para combater os ataques em curso, na verdade não é, pois não se trata de nenhuma ação efetiva contra os ataques, mas de um ato político virtual. Tendo isso em vista, a importância da política que as centrais estão tendo e o programa defendido ganha ainda mais centralidade, e não podemos mesclar nossas bandeiras em um ato político com centrais sindicais que tem atuado diretamente na crise junto as patronais, como a UGT que no início do ano passado buscou ser interlocutora dos trabalhadores com ninguém menos que Bolsonaro, e a Força Sindical, que durante o primeiro de maio do ano passado simplesmente rifou publicamente a aposentadoria dos trabalhadores, combatendo a greve geral e aprovando pontos da reforma da previdência e que agora estão sendo avalistas dos ataques dos governos e patronais frente à crise do coronavírus.

O que já seria problemático somente por estes fatores, consegue ser ainda pior na medida em que segundo a Folha de São Paulo (o que não foi negado por nenhuma central) foram convidados inimigos dos trabalhadores como Rodrigo Maia (DEM), o presidente da Câmara dos Deputados responsável pela aprovação de todos os últimos ataques contra os trabalhadores, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-presidente neoliberal declaradamente inimigo do povo, Toffoli, além dos governadores anti-operários João Dória e Wilson Witzel. Já era esperado, mas não deixa de ser escandaloso, ver como a direção do PT e do PCdoB são capazes de deixar os trabalhadores da base da CUT e da CTB à mercê desses golpistas, por puro pragmatismo eleitoral.

Nesse momento extremamente emblemático do país, em que se mistura uma enorme crise sanitária, na qual as principais vítimas têm sido os trabalhadores e o povo pobre; com uma profunda crise econômica que se arrasta há anos e tem sido descarregada também sobre as costas dos trabalhadores; com uma crise institucional e política na qual Bolsonaro, Maia, Toffoli, Mourão, Dória, os governadores e os generais disputam entre si quem vai gerir o lucrativo botim conquistado sobre a miséria e o desespero da classe trabalhadora. Nesse momento se faz ainda mais urgente que os trabalhadores não fiquem à reboque de nenhum desses políticos e frações da burguesia. Para isso toda a esquerda classista precisa romper com esse ato e organizar um ato independente.

Seria muito forte se a CSP-Conlutas, dirigida majoritariamente pelo PSTU e com a presença de várias organizações de esquerda, assim como a Intersindical, dirigida por setores do PSOL, e seus parlamentares se unificassem pra soltar um chamado por um 1º de Maio virtual no qual não se misturassem as bandeiras dos trabalhadores com as bandeiras daqueles que estão diretamente aprovando os ataques à nossa classe, como a Força Sindical, a NCST e a UGT, que tem defendido a aplicação de pontos da reforma trabalhista, como os acordos individuais e as medidas de redução de jornada e salário, enquanto grande parte das direções dos sindicatos da CUT e da CTB estão em confortáveis quarentenas apesar da maioria dos trabalhadores seguir trabalhando.

Um ato virtual do 1º de maio em que as organizações de esquerda e dos trabalhadores pudessem debater com os trabalhadores as suas propostas de saída para crise sanitária, econômica e política do país, partindo da necessidade de derrubar esse governo. Algo elementar mas que sequer é ponto pacífico do ato unificado pelas 11 centrais sindicais. Menos ainda é ponto comum a necessidade de derrotar a reforma da previdência e a reforma trabalhista para que os trabalhadores possam enfrentar a crise econômica e sanitária, já que os principais articuladores desses ataques, como Maia, Toffoli, Dória e FHC, são convidados de honra deste ato.

As organizações da esquerda brasileira poderiam se apoiar no exemplo da FIT-U (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores - Unidade) da Argentina (ver aqui) que estará realizando no primeiro de maio um ato classista e anticapitalista, denunciando também as burocracias sindicais, que agem como porta-vozes e representantes dos patrões, permitindo as demissões e os ataques aos direitos dos trabalhadores. Tal ato, que defende a independência política dos trabalhadores em oposição à toda a política de colaboração de classes é parte da iniciativa que viemos levantando pela realização de uma Conferência Latino-americana impulsionada pelas mesmas organizações que compõe a FIT-U e que, aqui no Brasil, nos somamos a partir do MRT e temos buscado dialogar com a esquerda para que construamos esse espaço comum para a coordenação internacional e latino-americana e o fortalecimento de uma saída anticapitalista, operária e socialista para responder a pandemia e o conjunto da crise capitalista.

Veja mais: Adiada a Conferência Latino-Americana convocada pela Frente de Izquierda Unidad

Por isso insistimos que seria muito importante que a CSP-Conlutas e a Intersindical, assim como as organizações que compõe o PSOL e constroem essas entidades, e seus parlamentares, rompessem com esse ato unificado das Centrais e fizessem um chamado a um ato classista e independente pelo Fora Bolsonaro e Mourão, denunciando o caráter entreguista, privatizador e de reformas contra os trabalhadores desse ato unificado chamado pelas demais Centrais Sindicais. E assim, se dirigissem à base da CUT e da CTB demonstrando o absurdo da política das direções do PT e do PCdoB de darem espaço no palanque aos principais responsáveis pela situação de miséria e sofrimento de nossa classe, apresentando um pólo que seja uma alternativa de esquerda para que os trabalhadores não fiquem neste primeiro de maio à mercê de seus algozes.

Dentro desse ato da esquerda contra Bolsonaro e Mourão, cada organização poderá apresentar qual saída considera a mais correta e nós do MRT apresentaremos a única saída que vemos como possível para que o povo possa realmente decidir os rumos do país, sem que o Congresso, o STF ou os militares arranquem das mãos dos trabalhadores a derrubada de Bolsonaro e Mourão, que é a necessidade de impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que assuma os poderes legislativo, executivo e judiciário e seja capaz de debater o programa realmente necessário para enfrentar a crise sanitária e econômica colocada, como o não pagamento da dívida pública, a nacionalização dos bancos, a reforma agrária, a derrubada de todas as reformas anti-operárias e ataques aos direitos democráticos dos últimos anos, a reconversão da indústria para responder às demandas imediatas de saúde, etc...

Reiteramos esse chamado e se avançarmos para um 1º de maio independente nós do MRT e do Esquerda Diário colocaremos todas nossas forças pra realizar essa atividade em unidade.

 
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